Quando chegou o tempo de iniciar Seu ministério público, o
primeiro ato de Jesus foi ir até o rio Jordão e ser batizado por João
Batista.{VJ 31.1}
João havia sido enviado para preparar o caminho do Salvador.
Ele havia pregado no deserto dizendo: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus
está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” Marcos 1:15.
Multidões afluíam para ouvi-lo. Muitos se convenciam de seus
pecados e eram batizados por ele, no Jordão.
O Senhor havia revelado a João que algum dia o Messias viria
a ele e pediria para ser batizado. Havia também a promessa de que um sinal lhe
seria dado, de modo que ele pudesse saber quem era.
Quando Jesus chegou, João viu em Seu rosto os sinais de uma
vida santa, de modo que se recusou a batizá-Lo dizendo: “Eu é que preciso ser
batizado por Ti, e Tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto,
porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça.” Mateus 3:14, 15.
Ao pronunciar essas palavras, Sua face Se iluminou com a
mesma luz celestial que Simeão havia contemplado. E então, João conduziu o
Salvador às águas do belo Jordão e ali O batizou diante de todas as pessoas.
Jesus não foi batizado para mostrar arrependimento por Seus
próprios pecados, pois jamais pecara. Assim fez, para dar-nos o exemplo.{VJ
32.2}
Quando saiu da água, ajoelhou à margem e orou. Então o céu
se abriu e raios de glória refulgiram “e viu o Espírito de Deus descendo como
pomba, vindo sobre Ele”. Mateus 3:16.
As feições e todo o Seu corpo brilhavam com a luz da glória
de Deus. E do Céu, ouviu-se uma voz que dizia:
“Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo.” Mateus
3:17.
A glória que repousou em Cristo é o penhor do amor de Deus
por nós. O Salvador veio como nosso exemplo e tão certamente como Deus ouviu
Sua oração, também ouvirá a nossa.{VJ 32.6}
Os mais necessitados, os mais pecadores, os mais desprezados
podem ter acesso ao Pai. Quando vamos a Ele em nome de Jesus, a mesma voz que
falou a Cristo, fala a nós dizendo: “Este é o Meu filho amado, em quem Me
comprazo.” Mateus 3:17.
A tentação
Após Seu batismo, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto
para ser tentado por Satanás. Ao dirigir-
Se para o deserto, Cristo foi
conduzido pelo Espírito de Deus. Ele não convidava a tentação. Queria estar a
sós a fim de meditar sobre Sua obra e missão.
Através do jejum e da oração, devia Se preparar para trilhar
a senda cruel que Lhe estava destinada. Como Satanás sabia onde o Salvador
podia ser encontrado, para lá se dirigiu com o intuito de tentá-Lo.
Quando Cristo saiu das águas do Jordão, Seu rosto brilhava
com a glória de Deus. Mas, depois de ter entrado no deserto, essa glória
desvaneceu-se.
Trazia sobre Si os pecados do mundo e em Seu rosto viam-se
marcas de tristeza e angústia que homem algum jamais sentira. Ele sofria pelos pecadores.
No Éden, Adão e Eva haviam desobedecido a Deus ao comer o
fruto proibido. Seu pecado e desobediência trouxeram sofrimento e morte para o
mundo.
Cristo veio dar-nos um exemplo de obediência. No deserto,
depois de jejuar quarenta dias, não quis contrariar a vontade de Deus, mesmo
para conseguir alimento.
Uma das primeiras tentações que venceram nossos primeiros
pais foi a indulgência no apetite. Através daquele longo jejum, Cristo deveria
mostrar que o apetite pode ser subjugado.
Satanás tenta o homem à indulgência no apetite porque isso
enfraquece o corpo e anuvia a mente. Desse modo, ele sabe que pode mais
facilmente derrotá-lo ou destruí-lo.
Porém, o exemplo de Cristo nos ensina que cada desejo incorreto
deve ser vencido. Não devemos ser governados pelo apetite, mas sim governá-lo.
Uma batalha cruel
Quando Satanás apareceu a Cristo pela primeira vez, ele
tinha a aparência de um anjo de luz. Afirmava ser um mensageiro do Céu.
Disse-Lhe que não era a vontade do Pai que Ele passasse por
tais sofrimentos; Ele deveria apenas demonstrar que estava disposto a sofrer.
No momento em que Jesus estava lutando com os mais duros padecimentos provocados
pela fome, Satanás Lhe disse:
“Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem
em pães.” Mateus 4:3.
Como o Salvador viera para viver como nosso exemplo, deveria
suportar o sofrimento como nós precisamos suportá-lo. Não deveria operar nenhum
milagre para beneficiar a Si mesmo. Seus milagres deveriam ser somente em favor
dos outros. A essa intimação de Satanás, Jesus respondeu:
“Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4.
Desse modo, Ele mostrou que obedecer à Palavra de Deus é
mais importante que conseguir o alimento material. Aqueles que obedecem aos
preceitos de Deus têm a promessa de ter todas as suas necessidades supridas na
vida presente e também na vida futura.
Satanás não conseguiu derrotar Cristo na primeira grande
tentação; ele então conduziu Jesus ao pináculo do templo de Jerusalém, e disse:
“Se és Filho de Deus, atira-Te abaixo, porque está escrito:
Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito; ... eles Te susterão nas suas mãos,
para não tropeçares nalguma pedra.” Mateus 4:6.
Aqui, Satanás seguiu o exemplo de Cristo citando as
Escrituras. Mas a promessa não é para aqueles que voluntariamente se aventuram
no perigo. Deus não havia ordenado que Jesus Se atirasse do pináculo e Ele não
o faria para satisfazer a Satanás. Por isso replicou: “Também está escrito: Não
tentarás o Senhor, teu Deus.” Mateus 4:7.
Devemos confiar no cuidado de nosso Pai celestial, mas não
devemos ir aonde Ele não nos ordena. Não devemos fazer o que Ele proíbe. Porque
Deus é misericordioso e pronto a perdoar, muitos entendem que é seguro
desobedecer-Lhe, mas isso é presunção. Deus perdoará todos os que buscam perdão
e se afastam do pecado. Porém, não pode abençoar os que não Lhe obedecem.
Satanás então apareceu como realmente era — o príncipe dos
poderes das trevas. Levou Jesus ao cume de uma montanha elevada e mostrou-Lhe
todos os reinos do mundo.
A luz do Sol iluminava esplêndidas cidades, palácios de
mármore, campos frutíferos e vinhedos. Satanás disse:
“Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares.” Mateus 4:9.
Por um momento Jesus contemplou a cena e então voltou-lhe as
costas. Satanás havia apresentado o que o mundo tem de mais atraente, mas o
olhar do Salvador captou além da beleza exterior.
Ele viu o mundo em sua miséria e pecado, afastado de Deus.
Toda essa miséria era resultado de o homem ter-se afastado do Criador para
cultuar Satanás
O coração de Jesus desejava ardentemente resgatar o que se
havia perdido. Desejava devolver ao mundo mais do que a beleza edénica.
Desejava colocar o homem em uma posição de vantagem com Deus.{VJ 35.3}
Vencendo por amor
Por amor aos pecadores, Ele resistia à tentação. Deveria ser
um vencedor para que eles pudessem vencer, para que pudessem ser iguais aos
anjos e dignos de ser reconhecidos como filhos de Deus. A essa oferta, Jesus
respondeu:
“Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus,
adorarás, e só a Ele darás culto.” Mateus 4:10.
Essa grande tentação compreendia o amor do mundo, a ambição
do poder, a soberba da vida e tudo o que possa afastar o homem de adorar a
Deus. Satanás ofereceu a Cristo o mundo e suas riquezas se Ele homenageasse os
princípios do mal. Do mesmo modo, ele nos apresenta as vantagens que podem
resultar da prática do mal.
Ele segreda aos nossos ouvidos: “Para ser bem-sucedido neste
mundo, você deve me servir. Não seja tão escrupuloso por causa da verdade ou da
honestidade. Obedeça ao meu conselho e eu lhe darei honras, riquezas e
felicidade.”
Dando ouvidos a tais conselhos, estamos adorando a Satanás
ao invés de Deus e isso nos trará miséria e ruína.
Cristo nos mostrou o que devemos fazer quando tentados.
Quando Ele disse a Satanás: “Retira-te” (Mateus 4:10), o tentador não pôde
resistir a essa ordem. Foi obrigado a se afastar.
Contorcendo-se de ódio, o chefe rebelde deixou a presença do
Redentor do mundo.
Por hora, o combate havia terminado. A vitória de Cristo
fora tão completa quanto a derrota de Adão.
Do mesmo modo, devemos resistir e vencer a Satanás. O Senhor
nos diz: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e Ele Se
chegará a vós.” Tiago 4:7, 8.{VJ 35.12}
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