26.6.13

Vemos Cristo na Cruz


E era a hora terceira, e O crucificaram. Mar. 15:25.
O imaculado Filho de Deus pendia da cruz, a carne lacerada pelos açoites; aquelas mãos tantas vezes estendidas para abençoar, pregadas ao lenho; aqueles pés tão incansáveis em serviço de amor, cravados no madeiro; a régia cabeça ferida pela coroa de espinhos; aqueles trêmulos lábios entreabertos para deixar escapar um grito de dor. E tudo quanto sofreu - as gotas de sangue a Lhe correr da fronte, das mãos e dos pés, a agonia que Lhe atormentou o corpo, e a indizível angústia que Lhe encheu a alma ao ocultar-se dEle a face do Pai - tudo fala a cada filho da família humana, declarando: É por ti que o Filho de Deus consente em carregar esse fardo de culpa; por ti Ele destrói o domínio da morte, e abre as portas do Paraíso. Aquele que impôs calma às ondas revoltas, e caminhou por sobre as espumejantes vagas, que fez tremerem os demônios e fugir a doença, que abriu os olhos cegos e chamou os mortos à vida - ofereceu-Se a Si mesmo na cruz em sacrifício, e tudo isso por amor de ti. Ele, o que leva sobre Si os pecados, sofre a ira da justiça divina, e torna-Se mesmo pecado por amor de ti.
Silenciosos, aguardavam os espectadores o fim da terrível cena. O Sol saíra, mas a cruz continuava circundada de trevas. Sacerdotes e príncipes olhavam em direção de Jerusalém; e eis que a espessa nuvem pousara sobre a cidade e as planícies da Judéia. O Sol da Justiça, a Luz do mundo, retirava Seus raios da outrora favorecida cidade de Jerusalém. Os terríveis relâmpagos da ira divina dirigiam-se contra a malfadada cidade.
De repente, ergueu-se de sobre a cruz a sombra, e em tons claros, como de trombeta, tons que pareciam ressoar por toda a criação, bradou Jesus: "Está consumado." João 19:30. "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito." Luc. 23:46. Uma luz envolveu a cruz, e o rosto do Salvador brilhou com uma glória semelhante à do Sol. Pendendo então a cabeça sobre o peito, expirou. O Desejado de Todas as Nações, págs. 755 e 756.

12.6.13

Os Reconstrutores do Muro

A viagem de Neemias para Jerusalém foi feita em segurança. As cartas régias para os governadores das províncias ao longo de sua rota, garantiram-lhe honrosa recepção e pronta assistência. Nenhum inimigo ousou molestar o oficial que estava sob a guarda do poder do rei da Pérsia, e tratado com marcada consideração pelos governadores das províncias. Sua chegada a Jerusalém, no entanto, com uma escolta militar, mostrando que ele viera em alguma importante missão, despertou os zelos das tribos pagãs que viviam próximo à cidade, tribos essas que não raro haviam manifestado sua inimizade contra os judeus lançando sobre eles descrédito e insulto. Preeminentes nesta má obra estavam certos chefes dessas tribos, Sambalá o horonita, Tobias o amonita, e Gesém o arábio. Desde o princípio esses líderes observaram com olhos críticos os movimentos de Neemias, e procuraram por todos os meios ao seu alcance subverter seus planos e embaraçar-lhe a obra.
Neemias continuou a exercer a mesma cautela e prudência que até aí haviam marcado sua conduta. Sabendo que inimigos cruéis e decididos estavam prontos para se lhe oporem, ele ocultou a natureza de sua missão até que um estudo da situação o capacitasse a formular seus planos. Assim esperava assegurar a cooperação do povo e levá-lo a trabalhar antes que a oposição dos inimigos despertasse.
Escolhendo uns poucos homens que ele sabia serem dignos de confiança, Neemias falou-lhes das circunstâncias que o levaram a Jerusalém, o que ele tinha em vista realizar, e os planos que propusera seguir. O interesse deles na tarefa foi assegurado de pronto, bem assim sua assistência.
Na terceira noite depois de sua chegada, Neemias se levantou de noite, e com alguns companheiros fiéis saiu para ver com os seus próprios olhos a desolação de Jerusalém. Montando em seu animal, ele passou de uma à outra parte da cidade, contemplando os muros arruinados e as portas da cidade de seus pais. Dolorosas reflexões encheram o espírito do patriota judeu ao ver com o coração ferido de tristeza arruinadas as defesas de sua amada Jerusalém. Lembranças da passada grandeza de Israel vinham-lhe à mente em vívido contraste com as evidências de sua humilhação.
Em sigilo e silêncio Neemias completou o seu circuito em torno dos muros. "E não souberam os magistrados aonde eu fui", ele declara, "nem o que eu fazia; porque ainda até então nem aos judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra, tinha declarado coisa alguma." Nee. 2:16. O resto da noite ele passou em oração; pois sabia que a manhã o chamaria a exercer fervente esforço no sentido de despertar e unir seus desanimados e divididos compatriotas.
Neemias levava uma comissão real que requeria cooperassem com ele os habitantes na reconstrução dos muros da cidade, mas ele não se fez dependente do exercício da autoridade. Procurou antes ganhar a confiança e simpatia do povo, sabendo que uma união de corações bem como de mãos era essencial na grande obra que tinha diante de si. Quando amanheceu ele convocou o povo, e apresentou argumentos calculadamente de molde a despertar suas energias adormecidas e unir seus elementos humanos dispersos.
Os ouvintes de Neemias não sabiam, nem ele lhes revelou, seu circuito noturno da noite anterior. Mas o fato de que ele tinha feito esta investigação contribuiu grandemente para o seu sucesso; pois sentiu-se apto a falar da condição da cidade com tanta exatidão que seus ouvintes ficaram pasmados. A impressão feita sobre ele, ao ver a fraqueza e degradação de Jerusalém, deu-lhe às palavras fervor e poder.
Neemias mostrou ante o povo o seu estado de opróbrio entre os pagãos - sua religião desonrada, seu Deus blasfemado. Contou-lhes que numa terra distante ele ouvira de sua aflição, que havia buscado o favor do Céu no benefício deles, e que, enquanto orava, havia-se determinado pedir permissão ao rei para poder vir em seu auxílio. Ele havia pedido a Deus que fizesse que o rei não somente desse permissão, mas também o investisse de autoridade e lhe desse o auxílio necessário para a obra; e sua oração havia sido respondida de tal maneira que lhe mostrara que o plano era do Senhor.
Tudo isto ele relatou, e então, havendo mostrado que estava apoiado pela autoridade combinada do Deus de Israel e do rei persa, Neemias interrogou diretamente o povo, perguntando-lhe se aproveitariam a vantagem desta oportunidade para se levantarem e reconstruir o muro.
O apelo foi-lhes direto ao coração. O pensamento de como o favor do Céu se havia manifestado para com eles, envergonhou-os de seus temores, e com renovada coragem disseram a uma voz: "Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem."
Neemias empenhou-se de coração na empresa que havia assumido. Sua esperança, sua energia, seu entusiasmo, sua determinação, eram contagiosos, inspirando outros com a mesma coragem elevada e altaneiro propósito. Cada homem tornou-se por sua vez, um Neemias e ajudou a tornar mais forte o coração e as mãos do companheiro.
Quando os inimigos de Israel ouviram o que os judeus estavam com esperança de conseguir, riram com escárnio, dizendo: "Que é isto que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?" Mas Neemias respondeu: "O Deus dos Céus é o que nos fará prosperar; e nós, Seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém." Nee. 2:18-20.
Entre os primeiros a absorverem o espírito de zelo e fervor de Neemias estavam os sacerdotes. Graças a sua influente posição, esses homens muito podiam fazer para o progresso ou embaraço da obra; e sua pronta cooperação desde o início, contribuiu não pouco para o sucesso. A maioria dos príncipes e autoridades de Israel assumiram com nobreza o seu dever, e esses homens fiéis tiveram honrosa menção no livro de Deus. Houve uns poucos, os nobres de Tecoa, que "não meteram o seu pescoço ao serviço do seu Senhor". Nee. 3:5. O registro desses servos indolentes traz a marca da vergonha, e passou de geração a geração como advertência a todos no futuro.
Em cada movimento religioso há alguns que, conquanto não possam negar que a causa é de Deus, mantêm-se arredios, recusando fazer qualquer esforço para ajudar. Faria bem a tais pessoas lembrar o registro que é mantido no alto - o livro no qual não há omissões, nem erro, e pelo qual serão julgados. Ali cada oportunidade negligenciada para o serviço de Deus é registrada; e ali, igualmente, cada ato de fé e amor é mantido em eterna lembrança.
Contra a inspiradora influência da presença de Neemias, o exemplo dos nobres de Tecoa teve pouco peso. O povo na generalidade fora inspirado por patriotismo e zelo. Homens de habilidade e influência organizaram as diferentes classes de cidadãos em grupos, ficando cada líder responsável pela edificação de certa parte do muro. E de alguns está escrito que construíram "defronte de sua casa". Nee. 3:10 e 23.
E a energia de Neemias não se abateu, agora que a obra estava de fato começada. Com incansável vigilância ele superintendeu a reconstrução, dirigindo os obreiros, anotando os obstáculos e tomando providências para cada emergência. Ao longo de toda a extensão dos cinco quilómetros de muro, sua influência era constantemente sentida. Com palavras oportunas encorajava os tímidos, ativava os lentos, e aprovava os diligentes. E vigiava sempre os movimentos de seus inimigos, que de tempos em tempos se reuniam à distância, e se empenhavam em conversação, como se tramando alguma maldade, e então, aproximando-se mais dos obreiros, procuravam desviar-lhes a atenção.
Em suas inúmeras atividades, Neemias não esquecia a Fonte de sua força. Seu coração estava constantemente erguido para Deus, o grande Supervisor de tudo. "O Deus dos Céus", ele exclamava, "é o que nos fará prosperar" (Nee. 2:20); e as palavras ecoavam e tornavam a ecoar, comovendo o coração de todos os reconstrutores do muro.
Mas a restauração das defesas de Jerusalém não prosseguia sem embaraços. Satanás estava trabalhando para suscitar oposição e levar o desencorajamento. Sambalá, Tobias e Gesém, seus principais instrumentos neste movimento, empenharam-se agora em embaraçar a obra de reconstrução. Eles procuravam provocar divisão entre os obreiros. Ridicularizavam os esforços dos construtores, declarando ser o empreendimento uma impossibilidade, e predizendo o seu fracasso.
"Que fazem estes fracos judeus?" exclamou Sambalá com zombaria; "permitir-se-lhes-á isto? ... vivificarão dos montes do pó as pedras que foram queimadas?"
Tobias, ainda mais desdenhoso, acrescentou: "Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará facilmente o seu muro de pedra." Nee. 4:2 e 3.
Os construtores ficaram logo cercados pela mais ativa oposição. Foram forçados a se manterem continuamente em guarda contra as ciladas dos seus adversários, que, professando amizade, procuravam de várias maneiras levar a confusão e perplexidade, e suscitar desconfianças. Procuravam destruir a coragem dos judeus; formavam conspiratas para atrair Neemias em suas malhas; e judeus insinceros mostraram-se prontos para auxiliar na traiçoeira empreitada. Espalhou-se o boato de que Neemias estava conspirando contra o monarca persa, intentando elevar-se como rei de Israel, e que todos que o ajudassem eram considerados traidores.
Mas Neemias continuou a buscar de Deus guia e sustento, e "o coração do povo se inclinava a trabalhar." Nee. 4:6. A tarefa prosseguiu até que as roturas começaram a desaparecer, e o muro em toda a sua extensão alcançou a metade da sua altura planejada.
Vendo os inimigos de Israel quão vãos foram os seus esforços, encheram-se de ira. Até então não haviam ousado empregar medidas de violência; pois sabiam que Neemias e seus companheiros estavam agindo sob comissão do rei, e temiam que uma oposição ativa contra ele pudesse levar contra eles o seu descontentamento. Mas agora em sua ira, eles próprios se tornavam culpados do crime de que tinham acusado Neemias. Reunindo-se para conselho, eles "ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém". Nee. 4:8.
Nessa mesma ocasião em que os samaritanos estavam conspirando contra Neemias e sua obra, alguns dos líderes entre os judeus, tornando-se descontentes procuravam desencorajá-lo exagerando as dificuldades pertinentes ao empreendimento. "Já desfaleceram as forças dos acarretadores", eles diziam, "e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro."
Desencorajamento veio de outra fonte ainda. "Os judeus que habitavam entre" os que não estavam tomando parte na obra, reuniram as afirmações e relatórios dos inimigos, e usaram-nos para enfraquecer a coragem e criar desafeição.
Mas descrédito e ridículo, oposição e ameaças, pareciam apenas inspirar Neemias com mais firme determinação, e despertá-lo para maior vigilância. Ele reconheceu os perigos que tinha de enfrentar nesta luta com seus inimigos, mas sua coragem foi indomável. "Nós oramos ao nosso Deus", declara ele, "e pusemos uma guarda contra eles de dia e de noite." Nee. 4:10-12 e 9. "Pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus ao povo pelas suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos. E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.
"E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra. E sucedeu que desde aquele dia metade dos meus moços trabalhava na obra, e a outra metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos, e as couraças. ... Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas. E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam." Nee. 4:13-18.
Ao lado de Neemias ficava um trombeteiro, e nos diferentes pontos do muro foram estacionados sacerdotes portando trombetas sagradas. O povo foi espalhado em suas atividades; mas no caso de aproximação de perigo em qualquer ponto, era dado um sinal para que acorressem a reparar ali sem mais demora. "Assim trabalhamos na obra", diz Neemias; "e metade deles tinha as lanças desde a subida da alva até ao sair das estrelas." Nee. 4:21.
Os que estavam morando em cidades e vilas fora de Jerusalém foram agora convocados para que se estabelecessem do lado de dentro dos muros, tanto para guardar a obra como para estarem prontos para a obrigação da manhã. Isto preveniria retardamento desnecessário, e eliminaria a oportunidade que o inimigo, de outro modo, aproveitaria para atacar os obreiros ao irem e virem entre a casa e o trabalho. Neemias e seus companheiros não se esquivaram a dificuldades ou serviço árduo. Nem de dia e nem de noite, nem mesmo nos curtos períodos concedidos para o sono, eles tiraram suas vestes ou abandonaram suas armas.
A oposição e desencorajamento que os reconstrutores nos dias de Neemias tiveram de enfrentar da parte de inimigos declarados e falsos amigos, é típica da experiência dos que trabalham hoje para Deus. Cristãos são provados, não somente pela ira, desprezo e crueldade de inimigos, mas pela indolência, inconstância, frouxidão e perfídia de pretensos amigos e auxiliares. Zombaria e escárnio são-lhe endereçados.
E o mesmo inimigo que promove o desdém, em oportunidade favorável usa medidas mais cruéis e violentas.
Satanás tira vantagem para a realização dos seus propósitos de todo elemento não consagrado. Entre os que professam ser sustentadores da causa de Deus, há os que se unem com os Seus inimigos, e assim Sua causa fica exposta abertamente aos ataques dos Seus mais ferrenhos inimigos. Mesmo alguns que desejam que a obra de Deus prospere enfraquecerão as mãos dos Seus servos ouvindo, repetindo e crendo em parte na difamação e ameaças dos Seus adversários. Satanás opera com maravilhoso sucesso por meio de seus instrumentos; e todos os que se rendem a sua influência estão sujeitos a um fascinante poder que destrói a sabedoria do sábio e o entendimento do prudente. Mas, como Neemias, o povo de Deus não deve temer nem tão pouco desprezar seus inimigos. Colocando sua confiança em Deus, devem prosseguir firmemente, fazendo Sua obra com altruísmo, e encomendando a Sua providência a causa que sustentam.
Em meio a grande desencorajamento, Neemias fez de Deus sua segura defesa, nEle pondo sua confiança. E Aquele que foi então o sustentador do Seu servo tem sido a confiança do Seu povo em todos os séculos. Em cada crise o Seu povo pode confiadamente declarar: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" Rom. 8:31.
Astuciosas como forem as ciladas de Satanás e seus agentes, Deus pode detê-las, anulando todos os seus conselhos. A resposta da fé hoje deve ser a que deu Neemias: "Nosso Deus pelejará por nós"; pois está no trabalho, e nenhum homem poderá impedir o seu sucesso final.
Patriarcas e Profetas (E.G.White)

7.6.13

Como se Relaciona a Educação com a Redenção


"Para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo." II Cor. 4:6.
Pelo pecado o homem ficou separado de Deus. Não fosse o plano da redenção, a eterna separação de Deus e as trevas de uma noite infinda seriam a sua sorte. Mediante o sacrifício do Salvador possibilitou-se nova comunhão com Deus. Não podemos pessoalmente chegar à Sua presença; em nossos pecados não podemos olhar a Sua face; mas podemos contemplá-Lo e com Ele ter comunhão em Jesus, o Salvador. A "iluminação do conhecimento da glória de Deus" é revelada "na face de Jesus Cristo". II Cor. 4:6. Deus está "em Cristo reconciliando consigo o mundo". II Cor. 5:19.
"O Verbo Se fez carne e habitou entre nós, ... cheio de graça e de verdade." João 1:14. "NEle, estava a vida e a vida era a luz dos homens." João 1:4. A vida e a morte de Cristo - preço de nossa redenção - não somente são para nós promessa e garantia de vida, não somente são os meios de se nos abrirem novamente os tesouros da sabedoria; eles são uma revelação de Seu caráter; mais ampla, mais elevado do que a possuía mesmo o par santo do Éden.
E ao mesmo tempo em que Cristo revela o Céu ao homem, a vida que Ele transmite abre o coração do homem ao Céu. O pecado não somente nos exclui de Deus, mas também destrói no coração humano tanto o desejo como a capacidade de O conhecer. É a missão de Cristo desfazer toda esta obra do mal. Tem Ele poder para fortalecer e restaurar as faculdades paralisadas pelo pecado, a mente obscurecida, a vontade pervertida. Ele nos abre as riquezas do Universo, e por Ele nos é comunicada a capacidade de discernir estes tesouros e nos apoderar deles.
Cristo é a luz "que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem". João 1:9. Assim como por meio de Cristo todo ser humano tem vida, também por meio dEle cada pessoa recebe algum raio de luz divina. Existe em cada coração não somente poder intelectual, mas espiritual - percepção do que é reto, anelo de bondade. Mas contra estes princípios há um poder contendor, antagônico. O resultado de comer da árvore da ciência do bem e do mal, é manifesto na experiência de todo homem. Há em sua natureza um pendor para o mal, uma força à qual, sem auxílio, não poderá ele resistir. Para opor resistência a esta força, para atingir aquele ideal que no íntimo de sua alma ele aceita como o único digno, não pode encontrar auxílio senão em um poder. Esse poder é Cristo. A cooperação com esse poder é a maior necessidade do homem. Em todo esforço educativo não deveria esta cooperação ser o mais alto objetivo?
O verdadeiro ensinador não se satisfaz com trabalho de segunda ordem. Não se contenta com encaminhar seus estudantes a um padrão mais baixo do que o mais elevado que lhes é possível atingir. Não pode contentar-se com lhes comunicar apenas conhecimentos técnicos, fazendo deles meramente hábeis contabilistas, destros artistas, prósperos homens de negócio. É sua ambição incutir-lhes os princípios da verdade, obediência, honra, integridade, pureza - princípios que deles farão uma força positiva para a estabilidade e o reerguimento da sociedade. Ele quer que eles, acima de tudo mais, aprendam a grande lição da vida sobre o trabalho altruísta.
Esses princípios se tornam um poder vivo para moldar o caráter, mediante a familiarização da alma com Cristo, mediante a aceitação de Sua sabedoria como guia, Seu poder como força para o coração e a vida. Efetuada essa união, o estudante terá encontrado a Fonte da sabedoria. Terá ao seu alcance o poder de realizar em si próprio os seus mais nobres ideais. Pertencem-lhe as oportunidades de obter a mais elevada educação para os fins da vida neste mundo. E no preparo ganho aqui, ele se está iniciando naquele curso que abrange a eternidade.
No mais alto sentido, a obra da educação e da redenção são uma; pois, na educação, como na redenção, "ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo". I Cor. 3:11. "Foi do agrado do Pai que toda a plenitude nEle habitasse." Col. 1:19.
Sob condições mudadas, a verdadeira educação ainda se conforma com o plano do Criador, o plano da escola edénica. Adão e Eva recebiam instrução pela direta comunhão com Deus; nós contemplamos a "iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo". II Cor. 4:6.
Os grandes princípios de educação são imutáveis. "Permanecem firmes para todo o sempre" (Sal. 111:8), visto que são os princípios do caráter de Deus. Deve ser o primeiro esforço do professor e seu constante objetivo auxiliar o estudante a compreender estes princípios e entrar com Cristo naquela relação especial que fará daqueles princípios uma força diretriz na vida. O professor que aceita este objetivo é em verdade um cooperador de Cristo, um coobreiro de Deus.
"Tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito." Rom. 15:4.
Educação – E. G. White