31.5.10

O SANTUÁRIO CELESTIAL

Em uma reunião realizada no sábado, 3 de abril de 1847, em casa do irmão Stockbridge Howland, sentimos um extraordinário espírito de oração. Enquanto orávamos, o Espírito Santo desceu sobre nós. Sentíamo-nos muito felizes. Logo fiquei inconsciente quanto às coisas terrestres e fui envolta em visão da glória de Deus.
Vi um anjo voando rapidamente em direção a mim. Em pouquíssimo tempo, me levou da Terra à santa cidade. Ali vi um templo, em que entrei. Passei por uma porta antes de chegar ao primeiro véu. Levantou-se esse e passei para o lugar santo. Ali vi o altar de incenso, o castiçal com sete lâmpadas, a mesa sobre que estavam os pães da proposição. Depois de ver a glória do lugar santo, Jesus levantou o segundo véu, e passei para o santo dos santos.
No lugar santíssimo vi uma arca, cujo cimo e lados eram de ouro puríssimo. Em cada uma de suas extremidades estava um lindo querubim, com as asas estendidas sobre ela. Tinham o rosto voltado um para o outro, e olhavam para baixo. Entre os anjos havia um incensário de ouro. Por cima da arca, onde os anjos estavam, havia uma glória extraordinariamente fulgurante, com a aparência de um trono em que Deus habitava. Jesus ficou ao lado da arca e, ao ascenderem para Ele as orações dos santos, o incenso ardia e, com o incenso, Ele oferecia as orações a Seu Pai.
Na arca estava o vaso de ouro que continha o maná, a vara florida de Arão, e as tábuas de pedra que se dobravam como um livro. Jesus as abriu e vi os Dez Mandamentos, nelas escritos com o dedo de Deus. Em uma tábua havia quatro, e na outra seis. Os quatro na primeira tábua brilhavam mais do que
os outros seis. Mas o quarto, o mandamento do sábado, resplandecia mais do que todos, pois o sábado foi separado para ser guardado em honra ao santo nome de Deus. O santo sábado resplandecia, circundado de uma auréola de glória. Vi que o mandamento do sábado não fora pregado na cruz. Se assim fosse, os outros nove mandamentos teriam sido também, e teríamos a liberdade de violá-los todos, assim como violamos o quarto. Vi que Deus não havia mudado o sábado, pois Ele nunca muda. Mas o papa o mudara, do sétimo para o primeiro dia da semana; pois intentara mudar os tempos e a lei.
Vi que, se Deus houvesse mudado o sábado, do sétimo para o primeiro dia, teria mudado a inscrição do mandamento do sábado, gravada nas tábuas de pedra, que agora estão na arca, no lugar santíssimo do templo celestial; e assim estaria redigido: O primeiro dia é o sábado do Senhor teu Deus. Vi, porém, que os seus dizeres eram os mesmos que quando, pelo dedo de Deus, foram escritos nas tábuas de pedra entregues a Moisés, no Sinai: "Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus." Gên. 20:10. Vi que o santo sábado é e será o muro de separação entre o verdadeiro Israel de Deus e os incrédulos; e é a instituição mais apropriada para unir os corações dos queridos e expectantes santos de Deus.
Vi que Deus tem filhos que não vêem nem guardam o sábado. Não rejeitaram a luz a ele concernente. E, no começo do tempo de angústia, ficamos cheios do Espírito Santo quando saímos e de maneira mais ampla proclamamos o sábado. Isso enraiveceu as igrejas e os adventistas nominais, pois não podiam refutar a verdade do sábado. E nessa ocasião todos os escolhidos de Deus viram claramente que tínhamos a verdade, e vieram e suportaram a perseguição conosco.
Vi a espada, a fome, a pestilência e grande confusão na Terra. Os ímpios pensaram que havíamos trazido juízo sobre eles, e deliberaram livrar a Terra de nós, julgando que então os males cessariam.
No tempo de angústia todos nós fugimos das cidades e aldeias, mas fomos perseguidos pelos ímpios que com espadas entravam nas casas dos santos. Ao levantarem a espada para matar-nos, ela se quebrava e caía tão impotente como uma palha. Então todos clamamos dia e noite por livramento, e o clamor chegou até Deus.
O Sol apareceu e a Lua se deteve. Os rios deixaram de correr. Nuvens negras e densas apareceram e chocaram-se entre si. Havia, porém, um lugar claro, de uma glória fixa, donde veio a voz de Deus semelhante a muitas águas, a qual abalou os céus e a Terra. O céu abria e fechava-se, em profunda comoção. As montanhas eram sacudidas como caniço ao vento, e lançavam ao redor pedras irregulares. O mar fervia como uma panela, e lançava pedras sobre a terra.
E ao anunciar Deus o dia e a hora da vinda de Jesus, e proclamar o concerto eterno com Seu povo, proferia uma sentença e então silenciava enquanto as palavras rolavam sobre a Terra. O Israel de Deus permanecia com os olhos fixos em cima, ouvindo as palavras que saíam da boca de Jeová e rolavam pela Terra como estrondos dos maiores trovões. Era terrivelmente solene. E no final de cada sentença os santos exclamavam: "Glória! Aleluia!" Tinham o rosto iluminado com a glória de Deus, e resplandecente como o de Moisés, quando desceu do Sinai. Os ímpios não podiam fitá-Lo por causa da glória. E quando a bênção eterna foi pronunciada sobre os que haviam honrado a Deus, santificando o Seu sábado, houve uma enorme aclamação de vitória sobre a besta e sua imagem.
Começou então o jubileu, em que a Terra deveria repousar. Vi o escravo piedoso levantar-se em triunfal vitória, e desvencilhar-se das cadeias que o ligavam, enquanto seu ímpio senhor ficava confundido, sem saber que fazer; pois os ímpios não podiam compreender as palavras da voz de Deus.
Logo apareceu a grande nuvem branca. Pareceu-me mais linda que nunca. Sobre ela estava sentado o Filho de Deus. A princípio não vimos a Jesus na nuvem; mas, aproximando-se ela da Terra, pudemos contemplar Seu belíssimo semblante. Essa nuvem, quando a princípio apareceu, era o sinal do Filho do homem no céu.
A voz do Filho de Deus chamou à vida os santos mortos, que surgiram revestidos de gloriosa imortalidade. Os santos que estavam vivos foram transformados num momento, e com eles foram arrebatados para a carruagem da nuvem. Por todos os lados ela apresentava aspecto resplandecente ao ascender. De cada lado da carruagem havia asas e, debaixo, rodas. Ao subir a carruagem, as rodas clamavam: "Santo"; as asas, movendo-se, clamavam: "Santo"; e o séquito de santos anjos em redor da nuvem, clamava: "Santo, santo, santo, Senhor Deus todo-poderoso!" E os santos na nuvem clamavam: "Glória! Aleluia!" E a carruagem subiu à santa cidade. Jesus abriu as portas da cidade de ouro, e nos fez entrar. Ali fomos bem-vindos, pois havíamos guardado "os mandamentos de Deus" (Apoc. 14:12), e tínhamos "direito à árvore da vida". Apoc. 22:14.

26.5.10

O AMOR DE DEUS POR SUA IGREJA

Testifico aos meus irmãos e irmãs que a Igreja de Cristo, por débil e defeituosa que seja, é o único objeto sobre a Terra a que Ele confere Sua suprema atenção. Enquanto a todos dirige o convite para irem a Ele e serem salvos, comissiona Seus anjos para prestar divino auxílio a toda alma que a Ele se achega com arrependimento e contrição; e, pessoalmente, por meio de Seu Espírito Santo, está no meio de Sua Igreja. "Se Tu, Senhor, observares as iniqüidades, ó Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido. Aguardo ao Senhor; a minha alma O aguarda, e espero na Sua Palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã, sim, do que aqueles que esperam pela manhã. Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há abundante redenção. E Ele remirá Israel de todas as suas iniqüidades." Sal. 130:3-8.
Ó ministros e toda a Igreja, sejam estas as expressões que, brotando do coração, correspondam à grande bondade e amor de Deus para conosco, como um povo e a cada um de nós individualmente. "Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre." Sal. 131:3. "Vós que assistis na casa do Senhor, nos átrios da casa do nosso Deus. Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom: cantai louvores ao Seu nome, porque é agradável. Porque o Senhor escolheu para Si a Jacó, e a Israel para Seu tesouro peculiar. Porque eu conheço que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses." Sal. 135:2-5. Considerai, meus irmãos e irmãs, que o Senhor tem um povo, um povo escolhido - a Sua Igreja - para ser Sua propriedade, Sua própria fortaleza, que Ele mantém num mundo contaminado pelo pecado, e rebelde; e determinou que nenhuma autoridade nela se conhecesse, lei alguma fosse por ela reconhecida, a não serem as Suas próprias.
O diabo tem uma grande confederação, que é sua igreja. Cristo a denomina sinagoga de Satanás, porque seus membros são filhos do pecado. Os membros da igreja de Satanás têm estado sempre a trabalhar para inutilizar a lei divina e estabelecer confusão entre o bem e o mal. Satanás trabalha com grande poder nos filhos da desobediência, e por meio deles, a fim de exaltar a traição e a apostasia como se fossem verdade e lealdade. E, na presente época, o poder de sua inspiração satânica está movimentando as forças vivas para promover a grande rebelião contra Deus, iniciada no Céu.
Na época atual, a Igreja precisa vestir suas belas vestes - "Cristo, justiça nossa". Há distinções claras e precisas a serem restauradas e expostas ao mundo, exaltando-se acima de tudo os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. A beleza da santidade deve aparecer em seu brilho natural, em contraste com a deformidade e trevas dos que são desleais, daqueles que se revoltam contra a lei de Deus. Assim reconhecem a Deus e à Sua lei - fundamento de Seu governo no Céu e em todos os Seus domínios terrestres. Sua autoridade deve ser conservada distinta e clara perante o mundo; e não ser reconhecida lei alguma que esteja em oposição às leis de Jeová. Se, em desafio às disposições divinas, for permitido ao mundo influenciar nossas decisões ou ações, o propósito de Deus será frustrado. Se a Igreja vacilar aqui, por mais sedutor que seja o pretexto apresentado para tal, contra ela haverá, registrada nos livros do Céu, uma quebra da mais sagrada confiança, uma traição ao reino de Cristo. A Igreja tem que manter seus princípios perante todo o Universo celeste e os reinos deste mundo, de maneira firme e decidida. Uma inabalável fidelidade na manutenção da honra e da santidade da lei de Deus, despertará a atenção e admiração do mundo; e muitos, pelas boas obras que contemplarem, serão levados a glorificar nosso Pai celestial. Os que são leais e verdadeiros, são portadores de credenciais do Céu e não dos potentados da Terra. Todos os homens saberão quem são os escolhidos e fiéis discípulos de Cristo, e os conhecerão quando forem coroados e glorificados como hão de ser os que honraram a Deus, e a quem Ele honrou, tornando-os possuidores de um peso eterno de glória...
O Senhor proveu a Sua Igreja de capacidade e bênçãos, para que apresentasse ao mundo uma imagem de Sua própria suficiência, e nEle se completasse, como uma contínua representação de outro mundo, eterno, onde há leis mais elevadas que as terrestres. Sua Igreja deve ser um templo construído segundo a semelhança divina; e o anjo arquiteto trouxe do Céu a sua vara de ouro para medir a fim de que cada pedra seja lavrada e ajustada pela medida divina, e polida para brilhar como um emblema do Céu irradiando em todas as direções os refulgentes e luminosos raios do Sol da Justiça. A Igreja há de ser alimentada com o maná do Céu e guardada unicamente sob a proteção de Sua graça. Vestida com a completa armadura de luz e justiça, ela entra em seu conflito final. A escória, material imprestável, será consumida, e a influência da verdade testifica ao mundo de seu caráter santificador e enobrecedor. ...
O Senhor Jesus está provando os corações humanos, por meio da concessão de Sua misericórdia e graça abundantes. Está efetuando transformações tão admiráveis que Satanás,  com toda a sua vanglória de triunfo, com toda a sua confederação para o mal, reunida contra Deus e contra as leis de Seu governo, fica a olhá-las como a uma fortaleza, inexpugnável aos seus sofismas e enganos. São para ele um mistério incompreensível. Os anjos de Deus, serafins e querubins, potestades encarregadas de cooperar com as forças humanas, vêem, com admiração e alegria, que homens decaídos, que eram filhos da ira, estejam por meio do ensino de Cristo formando caráter segundo a semelhança divina, para serem filhos e filhas de Deus, e desempenharem um papel importante nas ocupações e prazeres do Céu.
À Sua Igreja deu Cristo amplas possibilidades para que viesse a receber de Sua possessão resgatada e comprada um grande tributo de glórias. A Igreja, revestida da justiça de Cristo, é Sua depositária, na qual as riquezas de Sua misericórdia, amor e graça se hão de por fim revelar plenamente. A declaração que fez em Sua oração intercessória, de que o amor do Pai é tão grande para conosco como para consigo mesmo, na qualidade de Filho unigênito, e que estaremos com Ele onde estiver e que seremos um com Cristo e o Pai, é uma maravilha para o exército celestial, e constitui sua grande alegria. O dom de Seu Espírito Santo, rico, pleno e abundante, deve ser para Sua Igreja semelhante a uma protetora muralha de fogo, contra que não prevalecerão os poderes do inferno. Na imaculada pureza e perfeição de Seu povo, Cristo vê a recompensa de todos os Seus sofrimentos, humilhação e amor, e como suplemento de Sua glória - sendo Ele o grande centro de que irradia toda glória. "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro." Apoc. 19:9.
Trabalho Missionário
Em 10 de dezembro de 1871 foi-me mostrado que Deus cumpriria uma grande obra por meio da verdade, se homens dedicados e abnegados se consagrassem sem reservas ao trabalho de apresentá-la aos que se acham em trevas. Aqueles que conhecem a preciosa verdade, e se tenham consagrado a Deus, devem aproveitar toda oportunidade que se lhes depare para a apresentação da mesma. Os anjos de Deus estão tocando o coração e a consciência do povo de outras nações, e almas honestas estão perturbadas ao testemunharem os sinais dos tempos manifestos no estado de insegurança entre as nações. Surge-lhes no coração a pergunta: Qual será o fim de todas as coisas? Enquanto Deus e os anjos estão trabalhando para impressionar os corações, os servos de Cristo parecem dormir. Poucos trabalham em uníssono com os mensageiros celestiais.
Se os pastores e o povo estivessem suficientemente despertos, não permaneceriam tão indiferentes, pois Deus os honrou ao fazer deles os depositários de Sua lei, imprimindo-lha na mente e gravando-a no coração. Estas verdades, de vital importância, deverão pôr o mundo a prova; e, não obstante, em nosso próprio país, há cidades e aldeias que jamais ouviram a mensagem de advertência. Os jovens que se sentem tocados pelos apelos feitos para auxiliarem esta grande obra de progresso da causa de Deus, fazem algumas menções de avançar, mas não se preocupam com a obra, o suficiente para realizar o que poderiam fazer.
Se os jovens que começam a trabalhar nesta causa tivessem espírito missionário, dariam prova de que de fato Deus os chamou para trabalhar. Não indo a novos lugares, mas contentando-se em ir de uma igreja para outra, dão mostras de não sentir responsabilidade alguma pela obra. As idéias de nossos jovens pregadores não são suficientemente amplas. Seu zelo é demasiado fraco. Se os jovens estivessem despertos e fossem consagrados ao Senhor, seriam diligentes em cada momento de seu tempo e procurariam habilitar-se para serem obreiros em campos missionários.
Devem os jovens adquirir habilitações, familiarizando-se com outras línguas, para que Deus os possa usar como meio para comunicar Sua verdade salvadora a outras nações. Estes jovens podem obter conhecimento de outras línguas, mesmo quando empenhados no trabalho em prol dos pecadores. Se souberem aproveitar o tempo, poderão cultivar a mente e habilitar-se para maior utilidade. Se as moças que até agora assumiram pequena responsabilidade se dedicassem a Deus, poderiam tornar-se úteis, estudando outras línguas e ocupando-se em traduzir.
Nossas publicações devem ser impressas noutras línguas, para que sejam atingidas as nações estrangeiras. Muito pode ser feito por meio do prelo, porém, mais ainda se poderá cumprir se a influência do trabalho dos pregadores vivos acompanhar as nossas publicações. Necessitam-se missionários para ir a outras nações a fim de pregar a verdade, de maneira prudente e cuidadosa. A causa da verdade presente pode estender-se grandemente pelo esforço pessoal.
Quando as igrejas virem jovens zelosos e capazes para estender seus trabalhos às cidades e aldeias que nunca ouviram a verdade, e missionários prontificando-se para ir levar a verdade a outras nações, elas se animarão e se fortalecerão muito mais do que o seriam pelos labores de jovens inexperientes. Ao verem o coração dos pastores ardendo de zelo e amor à verdade, e do desejo de salvar almas, as igrejas se despertarão. Estas geralmente têm dentro de si mesmas os dons e o poder para abençoar e fortalecer a si próprias, e reunir no aprisco as ovelhas e os cordeiros. Precisam ficar na dependência de seus próprios recursos para que todos os dons que jazem latentes sejam assim postos em serviço ativo.
O Senhor tem tocado o coração de homens de outras línguas, pondo-os sob a influência da verdade para que se habilitem a trabalhar em Sua causa. Ele os pôs ao alcance dos escritórios de publicações para que os administradores lhes aproveitassem os serviços, se estivessem cônscios das necessidades da causa. Necessitam-se publicações noutras línguas, para provocar interesse e espírito de busca entre outras nações.
Assim como o ensino de Noé avisou e provou os moradores do mundo antes que o dilúvio os destruísse da face da Terra, a verdade divina para estes últimos dias está efetuando uma obra semelhante em advertir e provar o mundo. As publicações que saem da Casa Publicadora trazem o selo do Eterno. Estão sendo espalhadas por todo o país, e estão decidindo o destino das almas. Hoje se precisa grandemente de homens que traduzam e preparem nossas publicações noutras línguas, de maneira que as mensagens de advertência vão a todas as nações, e prove-as pela luz da verdade, para que os homens e mulheres, vendo a luz, se volvam da transgressão para a obediência da lei de Deus.
Toda oportunidade deveria ser aproveitada para estender a verdade a outras nações. Isso implicaria considerável despesa, mas esta de maneira nenhuma deveria impedir a realização dessa obra. Os meios têm valor apenas quando empregados para promover o interesse do reino de Deus. O Senhor conferiu meios aos homens para este mesmo fim: empregá-los na propagação da verdade entre seus semelhantes.
Agora é tempo de se empregarem os meios na causa de Deus. Agora é o tempo de nos tornarmos ricos de boas obras, acumulando para nós um bom fundamento contra o tempo que virá, a fim de apoderar-nos da vida eterna.
Uma alma salva no reino de Deus é de maior valor que todas as riquezas terrestres. Somos responsáveis perante Deus pelas almas com quem entramos em contato: e quanto mais íntima for nossa relação com nossos semelhantes, maior será nossa responsabilidade. Somos uma grande irmandade, e o bem-estar de nossos semelhantes deve ser o nosso grande interesse. Não temos um momento para perder. Se temos sido descuidosos nesse assunto, esta é a oportunidade para remirmos o tempo, não aconteça que o sangue das almas encontrado em nossas vestes. Como filhos de Deus, nenhum de nós se pode recusar a tomar parte na grande obra de Cristo, na salvação de nossos semelhantes.
Muito difícil será vencer o preconceito e convencer os incrédulos de que são desinteressados os nossos esforços para os auxiliar. Isso, porém, não deveria impedir-nos o trabalho. Não há preceito algum na Palavra de Deus que nos fale em fazer o bem somente aos que apreciam e reconhecem os nossos esforços, e beneficiar apenas quem nos agradece. Deus nos mandou trabalhar em Sua vinha. Cumpre-nos fazer tudo que pudermos. "Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará: se esta, se aquela." Ecl. 11:6.
Temos bem pouca fé. Limitamos o Santo de Israel. Deveríamos ser gratos por condescender Deus em usar alguns de nós como Seus instrumentos. Haverá resposta para toda oração fervorosa em que se peça com fé alguma coisa. Pode não vir exatamente como a esperávamos; mas virá, talvez não como havíamos imaginado, mas justamente na ocasião em que dela mais necessitemos. Mas oh, quão pecaminosa é a nossa incredulidade! "Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." João 15:7.
Planos Mais Vastos.
Em minha estada na Califórnia, no ano 1874, tive um sonho impressionante, em que me foi apresentado o papel do prelo na obra de proclamar ao mundo a mensagem do terceiro anjo.
Sonhei que vários dos irmãos da Califórnia estavam em concílio, considerando o melhor plano de trabalho para a próxima temporada. Alguns achavam prudente excluir as grandes cidades, e só trabalhar nos lugares menores. Meu esposo insistia ardorosamente em que se traçassem planos mais vastos e se fizessem esforços mais amplos, o que melhor corresponderia com o caráter de nossa mensagem.
Entrou então no concílio um jovem a quem eu freqüentemente vira em meus sonhos. Escutou com profundo interesse as palavras que eram ditas e, a seguir, falando com deliberada confiança e autoridade, disse:
"As cidades e vilas constituem uma parte da vinha do Senhor. Elas precisam ouvir a mensagem de advertência. O inimigo da verdade está fazendo esforços desesperados para desviar o povo, da verdade de Deus para a falsidade... Deveis semear junto a todas as águas.
"Talvez não vejais de pronto o resultado de vosso trabalho, mas isso não vos deveria desanimar. Tomai a Cristo como vosso exemplo. Ele teve muitos ouvintes, mas poucos seguidores. Noé pregou durante cento e vinte anos ao povo antediluviano; contudo, dentre as multidões que havia sobre a Terra naquele tempo, apenas oito almas se salvaram."
O mensageiro prosseguiu: "Estais alimentando idéias muito acanhadas quanto à obra para este tempo. Estais procurando planejar a obra de modo que possais abrangê-la em vossos braços. Deveis considerar perspectivas mais vastas. Vossa luz não deve ser posta sob o alqueire, nem debaixo da cama, mas no velador, para que alumie todos os que estão na casa. Vossa casa é o mundo.
"A certeza e verdade da vigência do quarto mandamento devem ser apresentadas com clareza perante o povo. 'Vós sois as Minhas testemunhas.' Isa. 43:10. A mensagem irá com poder a todas as partes do mundo, ao Oregon, à Europa, à Austrália, às ilhas do mar, a todas as nações, línguas e povos. Preservai o prestígio da verdade. Ela atingirá grandes proporções. Muitos países estão à espera da luz progressiva que o Senhor para eles tem; e vossa fé é acanhada, muito pequena. Vossa concepção da obra necessita ser grandemente aumentada. Oakland, São Francisco, Sacramento, Woodland, e as grandes cidades dos Estados Unidos, devem ouvir a mensagem da verdade. Avançai! Deus operará com grande poder, se diante dEle andardes com toda a humildade de espírito. Falar-se em impossibilidades não significa fé. Para Deus, nada é impossível. A luz relativa à vigência da lei de Deus será uma prova para o mundo." ...
Em minha última visão foi-me mostrado que deveríamos trabalhar na Califórnia para estender e consolidar a obra já começada. Foi-me mostrado que se deve realizar trabalho missionário na Califórnia, Austrália, Oregon e outros territórios, trabalho muito mais extenso do que o tem imaginado o nosso povo, ou tem jamais previsto e planejado. Vi que não avançamos tão depressa quanto a providência de Deus nos abre o caminho. Vi que a verdade presente poderia ser uma grande força se os crentes na mensagem não dessem lugar ao inimigo pela incredulidade e egoísmo, mas concentrassem os esforços em um único objetivo - a promoção da causa da verdade presente.
Vi que deveria haver um jornal, publicado na costa do Pacífico. Deveria ser estabelecido ali um hospital e fundada uma casa publicadora.
O tempo é breve; e todos quantos crêem nesta mensagem devem sentir a obrigação solene de serem obreiros desinteressados, que exerçam influência adequada; e nunca, quer por palavras, quer por atos, se oponham aos que procuram avançar os interesses da causa de Deus. As idéias de nossos irmãos são muito acanhadas. Pouco é o que esperam. Muito pequena é sua fé.
Um jornal publicado na costa do Pacífico daria força e influência à mensagem. A luz que Deus nos deu não será de muito valor para o mundo, a menos que seja vista ao ser apresentada diante dele. Declaro-vos que nossa visão deve ser ampliada. Vemos as coisas de perto, e não de longe.

18.5.10

VISÃO DO CONFLITO

Vi em visão dois exércitos em terrível conflito. Um deles ostentava em suas bandeiras as insígnias do mundo; guiava o outro a bandeira manchada de sangue do Príncipe Emanuel. Estandarte após estandarte era arrastado no chão, à medida que companhia após companhia do exército do Senhor se juntava ao inimigo, e tribo após tribo das fileiras do adversário se unia ao povo de Deus que guarda os mandamentos. Um anjo que voava pelo meio do céu pôs o estandarte de Emanuel em muitas mãos enquanto um forte general bradava em alta voz: "Perfilai-vos! Tomem agora posição os que são leais aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Cristo. Saí do meio deles e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas. Venham todos quantos queiram acudir em socorro do Senhor, em socorro do Senhor contra os valentes."
O combate prosseguia. A vitória ia alternadamente de um para outro lado. Às vezes os soldados da cruz cediam terreno, "como quando desmaia o porta-bandeira". Isa. 10:18. Mas a sua retirada aparente não foi senão para ganhar uma posição mais vantajosa. Ouviram-se aclamações de alegria. Ressoou um cântico de louvor a Deus, e as vozes angélicas uniram-se a ele, quando os soldados de Cristo hastearam Sua bandeira sobre os muros da fortaleza, até então em poder do inimigo. O Príncipe da nossa salvação estava dirigindo a batalha, e enviando reforços a Seus soldados. Grandemente se manifestava o Seu poder, encorajando-os a impelir o combate às portas. Ele lhes ensinou coisas terríveis, em justiça, enquanto os guiava passo a passo, vencendo e para vencer.
Finalmente ganhou-se a vitória. Triunfou gloriosamente o exército que seguia a bandeira portadora da inscrição:
"Os mandamentos de Deus e a fé de Jesus." Apoc. 14:12. Os soldados de Cristo estavam junto às portas da cidade, que com alegria, recebeu o seu Rei. Foi estabelecido o reino de paz, alegria e eterna justiça.
A Igreja Triunfante
A igreja é hoje militante. Enfrentamos agora um mundo em trevas de meia-noite, quase inteiramente entregue à idolatria. Mas aproxima-se o dia em que a batalha terá sido ferida, e ganha a vitória. A vontade de Deus deve ser feita na Terra como o é no Céu. Então as nações não possuirão outra lei senão a do Céu. Juntas, constituirão uma família feliz, unida, trajada com as vestes de louvor e ações de graça - vestes da justiça de Cristo. A natureza toda, em sua inexcedível beleza, oferecerá a Deus um constante tributo de louvor e adoração. O mundo se inundará da luz do Céu. Os anos transcorrerão em alegria. A luz da Lua será como a do Sol, e a deste será sete vezes mais brilhante do que é hoje. Ante esse cenário as estrelas d'alva cantarão juntamente, e os filhos de Deus exultarão de alegria, ao Se unirem Deus e Cristo para proclamar: "Não mais haverá pecado, tampouco haverá morte."
Em Guarda
Tal é a cena que me é apresentada. A igreja, porém, deve combater e combaterá contra inimigos visíveis e invisíveis. Estão a postos forças satânicas sob forma humana. Homens se têm confederado para oporem-se aos exércitos do Senhor. Essas confederações continuarão até que Cristo deixe Seu lugar de intercessor diante do propiciatório e envergue as vestes de vingança. Agentes satânicos encontram-se em todas as cidades, ocupados em organizar em partidos os que se opõem à lei de Deus. Alguns que professam ser santos e outros declaradamente incrédulos, se filiam a esses partidos. Não é hora de o povo de Deus fraquejar. Não podemos deixar de ficar em guarda um momento sequer.
"Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra os exércitos espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus." Efés. 6:10-17.
"E peço isto: que a vossa caridade aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento. Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem escândalo algum até ao dia de Cristo, cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus." Filip. 1:9-11.
"Deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, ... estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho. E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas para vós, de salvação, e isto de Deus.
Porque a vós foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle, como também padecer por Ele." Filip. 1:27-29.
Existem reveladas nestes últimos dias visões de glória futura, cenas traçadas pela mão de Deus; e estas devem ser prezadas por Sua Igreja. O que alentou o Filho de Deus em Sua traição e julgamento? - Ele viu o trabalho de Sua alma, e ficou satisfeito. Teve uma visão da eternidade, e viu a felicidade daqueles que por Sua humilhação receberiam perdão e vida eterna. Foi ferido pelas transgressões deles, e moído por suas iniqüidades. O castigo que lhes traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras foram sarados. Seus ouvidos ouviram as aclamações dos resgatados. Ele ouviu os remidos entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro.
Devemos ter uma visão do futuro e da felicidade do Céu. Postai-vos no limiar da eternidade e ouvi a acolhida amável feita aos que nesta vida cooperam com Cristo, considerando privilégio e honra sofrer por amor dEle. Ao reunirem-se aos anjos, lançam eles suas coroas aos pés do Redentor, exclamando: "Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças... ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre." Apoc. 5:12 e 13.
Ali os remidos saudarão aqueles que os guiaram ao Salvador crucificado. Unem-se em louvor Àquele que morreu para que os seres humanos tivessem vida tão duradoura quanto a de Deus. O conflito está terminado. As tribulações e lutas chegaram ao fim. Cânticos de vitória enchem todo o Céu, enquanto os remidos permanecem em volta do trono de Deus.
Todos entoam o jubiloso coro: "Digno é o Cordeiro que foi morto" (Apoc. 5:12), e vive novamente, como triunfante vencedor.
"Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro." Apoc. 7:9 e 10.
"Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram os seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem Sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de Seus olhos toda a lágrima." Apoc. 7:14-17. "E não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." Apoc. 21:4.

12.5.10

O LAR DA ETERNA FELICIDADE

O dia da vinda de Cristo será um dia de redenção não apenas para o povo de Deus, mas para toda a Terra, além de ser um dia em que o mal será completamente destruído.
Deus criou a Terra para ser o lar do homem. Adão viveu em um jardim deleitoso que o Próprio Criador embelezara. E embora o pecado tenha manchado a obra de Deus, a raça humana não foi abandonada por seu Criador, nem Seu propósito em relação à Terra foi deixado de lado.
Anjos foram enviados para dar a mensagem de salvação e os vales e colinas ecoaram suas canções de júbilo. Os pés do Filho de Deus tocaram o seu solo e por mais de seis mil anos, em toda a sua beleza e nos seus dons de sustento, a Terra tem testemunhado o amor do Criador.
Essa mesma Terra, livre da maldição do pecado, será o lar eterno dos salvos. A Bíblia diz a respeito dela: Deus "não a criou para ser um caos, mas para ser habitada". Isa. 45:18. E "tudo quanto Deus faz durará eternamente". Ecl. 3:14.
Por isso, no Sermão da Montanha o Salvador declarou: "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra." Mat. 5:5.
O salmista já havia escrito muito tempo atrás: "Mas os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância de paz." Sal. 37:11.
Com essa declaração concordam também outros testemunhos das Escrituras: "Os justos herdarão a Terra e nela habitarão para sempre." Sal. 37:29.
Fogo Purificador.
O fogo do último dia há de destruir "os céus que agora existem e a Terra", mas do seu caos devem surgir novo céu e uma nova Terra, conforme "a Sua promessa". II Ped. 3:7 e 13. O céu e a Terra serão renovados.
"Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam." I Cor. 2:9. Nenhuma linguagem humana pode descrever plenamente a recompensa dos justos. Apenas os que desfrutarem dela, poderão compreendê-la. Não podemos conceber a glória do paraíso de Deus.
Contudo, temos alguns vislumbres do mundo vindouro revelados a nós pelo Espírito Santo. I Cor. 2:10. Os quadros que a Escritura Sagrada nos apresenta a respeito da nova Terra são preciosos ao nosso coração.
Ali o Pastor divino conduz o Seu rebanho às fontes de águas vivas. A árvore da vida dá o seu fruto a cada mês e suas folhas são para a saúde das nações. Ali as correntes de água são claras como o cristal e nunca secam. Às suas margens, árvores frondosas lançam sua sombra sobre o caminho
dos salvos. As planícies se estendem, elevando-se em colinas verdejantes e em montanhas majestosas que apontam para o céu. Nesses campos tranqüilos, ao lado das correntes vivas, o povo de Deus, peregrinos e estrangeiros na Terra por tanto tempo, finalmente encontram ali o seu lar.
"O Meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos e tranqüilos." Isa. 32:18. "Nunca mais se ouvirá de violência na tua Terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor." Isa. 60:18.
"Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam." Isa. 65:21 e 22.
"O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso." Isa. 35:1. "Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta." Isa. 55:13.
"O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. Não se fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte", diz o Senhor. Isa. 11:6 e 9.
Lá não haverá mais lágrimas, mais cortejos fúnebres, nem sinais de luto. "E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." Apoc. 21:4. "Nenhum morador de Jerusalém dirá: Estou doente; porque ao povo que habita nela, perdoar-se-lhe-á a sua iniqüidade." Isa. 33:24.
Ali está a Nova Jerusalém, a capital da Terra.
renovada, "uma coroa de glória na mão do Senhor, um diadema real na mão do teu Deus." Isa. 62:3. A sua luz é "semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da Terra lhe trazem a sua glória." Apoc. 21:11 e 24.
O Senhor diz: "E exultarei por causa de Jerusalém e Me alegrarei no Meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor." Isa. 65:19. "Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles." Apoc. 21:3.
Na Nova Terra só habitará justiça. "Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira." Apoc. 21:27. A santa lei de Deus será honrada por todos. Aqueles que deram provas de sua fidelidade a Deus, guardando os seus preceitos, habitarão com Ele.
"E não se achou mentira na sua boca." Apoc. 14:5. "São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham no trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu santuário." Apoc. 7:14 e 15.
"Os preceitos do Senhor são retos. ...Em os guardar há grande recompensa." Sal. 19:8 e 11.
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas." Apoc. 22:14.

4.5.10

O CARACTER CRISTÃO

O caráter do cristão é manifesto em sua vida diária. Disse Cristo: "Toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus." Mat. 7:17. Nosso Salvador Se compara a uma videira, da qual Seus seguidores são os ramos. Ele declara positivamente que todos aqueles que desejam ser Seus discípulos precisam produzir frutos; e então mostra como podem tornar-se ramos frutíferos. "Estai em Mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim." João 15:4.
O apóstolo Paulo descreve o fruto que o cristão deve produzir. Diz ele que "está em toda bondade, e justiça e verdade". Efés. 5:9. E outra vez: "O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio." Gál. 5:22 e 23. Estas preciosas graças são apenas os princípios da lei de Deus, demonstrados na vida.
A lei de Deus é a única norma verdadeira de perfeição moral. Essa lei foi praticamente exemplificada na vida de Cristo. Ele diz de Si mesmo: "Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai." João 15:10. Nada menos que esta obediência satisfará às exigências da Palavra de Deus. "Aquele que diz que está nEle também deve andar como Ele andou." I João 2:6. Nós não podemos alegar que somos impotentes para fazer isso, porque temos a afirmativa: "A Minha graça te basta." II Cor. 12:9. Ao olharmos no espelho divino - a lei de Deus - vemos a excessiva malignidade do pecado e nossa própria condição de perdidos, como transgressores. Mas, pelo arrependimento e fé, somos justificados perante Deus, e, mediante a graça divina, habilitados a prestar obediência aos Seus mandamentos.
Amor a Deus e ao Homem
Aqueles que têm genuíno amor a Deus, manifestarão um intenso desejo de conhecer Sua vontade e executá-la. Diz o apóstolo João, cujas epístolas tratam tão cabalmente do amor: "Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos." I João 5:3. A criança que ama aos pais, mostrará esse amor por voluntária obediência; mas a criança egoísta, ingrata, procura fazer tão pouco quanto lhe seja possível por seus pais, enquanto, ao mesmo tempo, deseja desfrutar todos os privilégios assegurados ao obediente e fiel. A mesma diferença é vista entre os que dizem ser filhos de Deus. Muitos que sabem ser o objeto de Seu amor e cuidado, e desejam receber Sua bênção, não têm nenhum deleite em fazer Sua vontade. Consideram as exigências de Deus como uma desagradável restrição, Seus mandamentos um danoso jugo. Mas aquele que está verdadeiramente procurando a santidade de coração e de vida, deleita-se na lei de Deus, e lamenta unicamente o fato de que fica muito aquém de satisfazer a suas reivindicações.
É-nos ordenado amar-nos mutuamente, como Cristo nos amou. Ele manifestou Seu amor, dando Sua vida para remir-nos. O discípulo amado diz que devemos estar dispostos a dar a vida pelos irmãos. Porque "todo aquele que ama ao que O gerou também ama ao que dEle é nascido". I João 5:1. Se amamos a Cristo, amaremos também àqueles que a Ele se assemelham na vida e no caráter. E não somente isto, mas havemos de amar àqueles que estão sem "esperança e sem Deus no mundo". Efés. 2:12. Foi para salvar os pecadores que Cristo deixou Seu lar no Céu, e veio à Terra para sofrer e morrer. Por isso Ele Se fatigou, agoniou-Se e orou, até o ponto de, com o coração partido e abandonado por aqueles a quem veio salvar, derramar Sua vida no Calvário.
Imitar o Modelo.
Muitos se esquivam de uma vida como a que viveu nosso Salvador. Sentem que requer muito sacrifício imitar o Modelo, produzir frutos em boas obras e então, pacientemente suportar a poda divina, para que possam produzir mais fruto. Mas quando o cristão se considera apenas um humilde instrumento nas mãos de Cristo e se esforça por cumprir fielmente todo dever, confiando no auxílio prometido por Deus, então tomará o jugo de Cristo e achará fácil fazê-lo; então assumirá responsabilidades por Cristo, e dirá serem agradáveis. Ele poderá olhar para cima com ânimo e confiança, e dizer: "Eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia." II Tim. 1:12.
Se encontramos obstáculos em nosso caminho e fielmente os vencemos; se deparamos com oposição e descrédito, e, em nome de Cristo, ganhamos a vitória; se temos responsabilidades e nos desempenhamos de nossos deveres no espírito de nosso Mestre - então, de fato, alcançamos um precioso conhecimento de Sua fidelidade e poder. Não mais dependeremos da experiência de outros, porque temos o testemunho em nós mesmos. Como os samaritanos da antiguidade, podemos dizer: "Nós mesmos O temos ouvido e sabemos que Este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo." João 4:42.
Quanto mais contemplarmos o caráter de Cristo e quanto mais experimentarmos de Seu poder salvador, com tanto maior perspicácia reconheceremos nossa própria fraqueza e imperfeição, e mais fervorosamente olharemos para Ele como nossa força e nosso Redentor. Não temos poder em nós mesmos para purificar o templo da alma de sua contaminação; mas ao nos arrependermos de nossos pecados contra Deus e procurarmos perdão mediante os méritos de Cristo, Ele comunicará aquela fé que opera por amor e purifica o coração. Pela fé em Cristo e obediência à lei de Deus, podemos ser santificados e assim obter aptidão para a sociedade com os santos anjos e os remidos vestidos de branco no reino da glória.
A União com Cristo, Nosso Privilégio.
Não é somente o privilégio, mas o dever de todo cristão manter uma íntima união com Cristo e ter uma rica experiência nas coisas de Deus. Então sua vida será frutífera em boas obras. Disse Cristo: "Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto." João 15:8. Quando lemos a vida de homens que foram eminentes por sua piedade, muitas vezes consideramos suas experiências e realizações como muito além de nosso alcance. Mas este não é o caso. Cristo morreu por todos; e é-nos assegurado em Sua Palavra que Ele está mais pronto a dar Seu Santo Espírito àqueles que Lho pedirem do que os pais terrenos a dar boas dádivas a seus filhos. Os profetas e apóstolos não aperfeiçoaram o caráter cristão por milagre. Eles usaram os meios colocados por Deus ao seu alcance; e todos os que fizerem o mesmo esforço hão de conseguir os mesmos resultados.
A Oração de Paulo Pela Igreja.
Em sua carta à igreja de Éfeso, Paulo apresenta perante os membros o "mistério do evangelho" (Efés. 6:19) - "as abundantes riquezas de Cristo" (Efés. 3:8) - e então lhes assegura suas fervorosas orações em favor de sua prosperidade espiritual:
"... Me ponho de joelhos diante do Pai, ... para que, segundo a riqueza da Sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." Efés. 3:14, 16-19.
Escreve ele também a seus irmãos de Corinto: "Aos santificados em Cristo Jesus, ... graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Porque em tudo fostes enriquecidos nEle, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo." I Cor. 1:2-7. Estas palavras são dirigidas não somente à igreja de Corinto, mas a todo o povo de Deus até ao fim dos tempos. Todo cristão pode desfrutar a bênção da santificação.
O apóstolo continua nestes termos: "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer." I Cor. 1:10. Paulo não teria apelado para eles a fim de que fizessem o impossível. A união é o resultado certo da perfeição cristã.
Também na epístola aos colossenses são apresentados os gloriosos privilégios concedidos aos filhos de Deus. "Desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; ... também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da Sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da Sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria." Col. 1:4, 9-11.
A Norma da Santidade.
O próprio apóstolo esforçava-se por alcançar a mesma norma de santidade que apresentara a seus irmãos. Ele escreve aos filipenses: "O que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; ... para O conhecer, e... na Sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Filip. 3:7, 8, 10-14. Há um notável contraste entre pretensões vaidosas e de justiça própria daqueles que professam estar sem pecado e a modesta linguagem do apóstolo. Contudo, foi a pureza e a fidelidade de sua própria vida que deu poder às suas exortações a seus irmãos.
A Vontade de Deus.
Paulo não hesitava em salientar, em toda ocasião oportuna, a importância da santificação bíblica. Diz Ele: "Vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus. Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação." I Tess. 4:2 e 3. "De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo." Filip. 2:12-15.
Ele convida Tito a instruir a igreja quanto a que, embora devessem seus membros confiar nos méritos de Cristo para a salvação, a graça divina, habitando em seus corações, conduzirá à fiel execução de todos os deveres da vida. "Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra; que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens. Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens." Tito 3:1, 2 e 8.
Paulo procura impressionar-nos a mente com o fato de que o fundamento de todo serviço aceitável a Deus, ao mesmo tempo que a própria coroa das graças cristãs, é o amor; e de que somente no coração em que reina o amor é que habitará a paz de Deus. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai." Col. 3:12-17.