14.11.09

QUAL FOI O DIA QUE DEUS ABENÇOOU?

Rom. 14: 5 e 6
5 “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente.
6 Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.”
Quanto aos textos que menciona, o que precisamos é entender a discussão levantada à luz de seu contexto histórico. O que na época ocasionou tais palavras? Havia entre os cristãos primitivos muitas influências, sobretudo os judaizantes e os gnósticos. Paulo se dedica a mostrar que os cristãos precisavam ser compreensivos para com aqueles membros mais fracos da congregação que tivessem ainda apego por certos feriados judaicos importantes para os de origem judaica, mas não para a comunidade cristã, bem como outras pequenas regras.

Que com essas palavras Paulo não está estabelecendo a anarquia entre um dos mandamentos divinos é óbvio. Essa noção de que tanto faz guardar o sábado, o domingo ou dia nenhum se choca com as claras instruções bíblicas e exemplos registrados nas Escrituras. Por exemplo, João relata, ao situar-se no tempo e no espaço, que achou-se em espírito “no dia do Senhor” (Apo. 1:10). Havia, pois, um dia que dedicava ao Senhor “segundo o mandamento” (Lucas 23:56) e não era um dia arbitrário por ele escolhido conforme suas conveniências. Não haveria propósito nisso.

Lucas 23:56
56 “Então voltaram e prepararam especiarias e ungüentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento.”

Jesus disse que “o sábado foi feito por causa do homem” (Marcos 2:27), com isso confirmando o seu caráter universal e moral como uma divina instituição importante que serve ao propósito de dar ao homem o necessário repouso físico, mental e oportunidade para uma adoração ao Senhor mais detida, além de ser o memorial da Criação (Êxo. 20:8-10).

Não existe nenhuma evidência bíblica, ou extrabíblica, que houvesse essa noção de observar qualquer dia que melhor conviesse aos cristãos. Não há qualquer registro de que prevalecesse isso entre os primeiros crentes, Mateus observando o domingo, Pedro a segunda, André a terça, Tiago a quarta, Natanael a quinta, Paulo a sexta, João o sábado. . . Afinal, em que dia se reuniam para o culto especial ao Senhor? A Bíblia diz que Deus é de ordem, não de confusão.

João no Apocalipse fala do “dia do Senhor” (1:10), então o dia é “do Senhor”, não do homem.

Nos primeiros séculos houve debates acirrados quanto à questão de observância do sábado ou domingo, quando as autoridades religiosas de Roma começaram a adaptar o festival do “dia do sol”, no domingo, para que fosse adotado pelos cristãos a fim de evitar serem comparados com os judeus, pois o Imperador Adriano havia estabelecido rigorosas leis contra os judeus, proibindo a prática da religião judaica em geral, e do sábado em particular. Isso se deu especialmente pelo ano 135 AD após a revolta judaica de Barcocheba. Enfim, os romanos estavam já “cheios” com os judeus, sempre rebelando-se contra seus opressores.

O problema é que alguns tentam justificar suas objeções à guarda do sábado para defender a tradição de suas igrejas observarem o domingo à base do ataque aos que defendem o sétimo dia como o verdadeiro “dia do Senhor”. E partem para uma exposição antinomista, pois não suportam simplesmente o confronto de idéias de que o domingo não tomou o lugar do sábado dentro de uma lei divina ainda vigente, uma vez que isso não pode ser provado biblicamente. Então vão além, para confundir as coisas pregam que a lei toda foi abolida, indo de embrulho todos os mandamentos, inclusive o sábado. Mas com isso eles despejam o bebê com a água do banho, como se diz. Pois a contradição é óbvia--se TODOS os mandamentos da lei moral foram abolidos (para com isso livrarem-se do 4o. mandamento), então TODAS as regras da lei moral deixaram de vigorar. Mas se contradizem ensinando que 9 dos mandamentos foram “restaurados” no Novo Testamento, menos o sábado.

Enfim, o que percebo no meio evangélico é, como disse num outro estudo que preparei recentemente, uma tremenda confusão por falta de convicção sobre a tradição de observância dominical. Eis como exponho o “oitavo dilema” dos que pregam o fim dos 10 mandamentos (são 10 dilemas. . .):

O oitavo dilema desses negadores da validade do Decálogo como norma de conduta cristã é que não sabem o que fazer com a norma sobre dia de repouso dentro da “nova lei”: ora dizem que os cristãos primitivos adotaram logo o domingo para comemorar a ressurreição de Cristo, mas por falta de comprovação bíblica dizem alternativamente que não há mais dia nenhum para observar, ou que o mandamento agora é o descanso num mero “dia em sete”, não necessariamente no 7º. dia (então, se qualquer dia serve, por que não ficar logo com o que é claramente instituído na Bíblia, o 7º.?), ou que o repouso na verdade significa simplesmente aceitar a Cristo, etc.

Não há consenso entre os vários crentes e igrejas, algumas observando rigorosamente o domingo, outras não dando muito valor ao dia, sendo usado apenas como o “horário do culto”, ou não tendo qualquer escrúpulo por dia algum. Mas Jesus disse que “o sábado foi feito por causa do homem [não do judeu]” (Mar. 2:27) e João revela, na introdução de seu livro profético, que tinha um “dia do Senhor” que dedicava a Deus (Apo. 1:10). Que não se refere ao domingo fica claro pelo fato que, ao escrever o seu evangelho na mesma época, refere-se ao dia da Ressurreição simplesmente como “primeiro dia da semana”, sem nenhuma indicação de nada de especial quanto ao dia (ver Jo. 20:1).

João 20:1
1 “No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.”

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