Cristo nossa justiça é a sublime mensagem apresentada nas Escrituras Sagradas. Conquanto sejam variadas as formas e frases em que esta mensagem é desdobrada e apresentada, sempre, visto de qualquer perspectiva, o tema central dominante é - Cristo, nossa justiça. O relato da Criação revela a maravilhosa sabedoria e poder de Cristo, por quem todas as coisas foram criadas. Col. 1:14-16.0 pecado do primeiro Adão, com todas as suas terríveis consequências, é relatado a fim de que Cristo, o último Adão, possa ser proclamado como Redentor e Restaurador. Rom. 5:12-21. A morte com todos os seus terrores é-nos apresentada, para que Cristo possa ser exaltado e glorificado como Aquele que concede vida. I Cor. 15:22.
Os desapontamentos, sofrimentos, e tragédias desta vida são relembrados, para que Cristo possa ser buscado como o grande Confortador e Libertador.
João 16:33. Nossa natureza pecaminosa, corrupta, é apresentada em cores lúgubres para que se apele a Cristo por limpeza, e para que Ele nos seja em realidade "o Senhor justiça nossa. Assim se dá por todo o Volume Sagrado - cada fase da verdade desdobrada aponta de algum modo a Cristo como nossa justiça. Mas a justiça, como assunto de vital importância bem distinto e bem definido, ocupa amplo espaço na Palavra de Deus. Sua fonte, sua natureza, a possibilidade de ser obtida pelos pecadores, e as condições sob as quais pode ser concedida, são apresentadas em grande clareza nesse livro de texto original e de autoridade sobre justificação. Com respeito à fonte, lemos: "A Ti, ó Senhor, pertence a justiça." Dan. 9:7.
"Justo é o Senhor em todos os Seus caminhos." Sal. 145:17. "A Tua justiça é
como as montanhas de Deus." Sal. 36:6. "A Tua justiça é justiça eterna." Sal.
119:142. "Porque o Senhor é justo, Ele ama a justiça." Sal. 11:7. "NEle não há injustiça." Sal. 92:15. Quanto à natureza da justiça, as Escrituras são mais explícitas. É apresentada como o próprio inverso do pecado, associando-se com santidade ou retidão.
"Tomai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis." I Cor. 15:34. "No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscéncias do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade." Efés. 4:22-24. "O fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça, e verdade." Efés. 5:9. "Segue a justiça, a 5 piedade, a fé, o amor, aconstancia, a mansidão." I Tim. 6:11. "Toda injustiça é pecado." I João 5:17. Talvez a mais bela e inspiradora declaração sobre a justiça em toda a Palavra de Deus seja a seguinte, que diz respeito a Cristo: "Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos Teus companheiros." Heb. 1:9. Isto coloca a justiça como antítese, o oposto direto, da iniquidade, ou pecado. Desse modo a Palavra declara que Deus é a fonte de justiça e que esse é um de Seus santos e divinos atributos. A questão suprema concernente à justiça de Deus, assunto do mais profundo interesse e consequência para nós, é nossa relaçao pessoal com essa justiça. E a justiça em qualquer medida inata à natureza humana? Se o for, como pode ser cultivada e desenvolvida? Se não, há algum meio de obtê-la? Em caso afirmativo, por que meio, e quando? Para a mente não instruída e não iluminada pela Palavra de Deus este é um grande, obscuro e sufocante problema. Na tentativa de resolvê-lo o homem tem, certamente, "buscado muitas invenções". Mas incerteza e confusão a
respeito de nossa relação para com a justiça de Deus são desnecessárias, pois a verdadeira situação está claramente declarada nas Escrituras da verdade. As Escrituras declaram que "todos pecaram e carecem da glória de Deus"
(Rom 3:23); que cada um de nós é "carnal", vendido à escravidão do pecado"
(Rom. 7:14); que "não há justo, nem sequer um" (Rom. 3:10); que em nossa
carne "nao habita bem nenhum" (Rom. 7:18); e finalmente, que somos "cheios
de toda injustiça" (Rom. 1:29). Isso responde claramente à indagação se a justiça é inerente à natureza humana em qualquer grau. Não é. Pelo contrário, a natureza humana é repleta de injustiça. Mas nessa mesma Palavra encontramos a boa e feliz notícia de que Deus
proveu um meio pelo qual podemos ser limpos de nossa injustiça, e ser revestidos e cobertos com Sua perfeita justiça. Descobrimos que essa provisão foi feita e revelada a Adão tão logo ele caiu de sua elevada e santa condição.
Essa provisão misericordiosa tem sido entendida por homens e mulheres desde o próprio começo do feroz e desigual conflito com o pecado, os quais dela se têm valido. Aprendemos isto dos seguintes testemunhos registrados nas Escrituras: 1. Em um de Seus sermões, Cristo Se refere ao segundo filho de Adão, e fala dele como o "justo Abel". Mat. 23:35. E Paulo declara que Abel "obteve testemunho de ser justo". Heb. 11:4. 6 2. "Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de Mim no meio desta geração." Gén. 7:1. Novamente: "Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus." Gên. 6:9. 3. "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça." Rom. 4:3. 4. "E livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)." II Pedro 2:7, 8. 5. De Zacarias e Isabel, que viveram pouco antes do nascimento de Cristo, é dito: "Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor." Luc. 1:6. 6. O apóstolo Paulo declara que os gentios aos quais havia pregado o evangelho "buscavam a justiflcação" e "vieram a alcsnçá-la". Rom. 9:30; 6:17-22. É visto assim que desde a promessa feita a Adão, até o final da era apostólica, houve homens e mulheres por todo esse tempo que lançaram mão da justiça de Deus e tiveram a evidência de que sua vida era agradável a Ele. Sob Que Condições? Como foi isso obtido? Sob que condições foi operada esta maravilhosa transação? Deveu-se a que os tempos e condições em que esses homens e mulheres viveram eram favoráveis à justiça? Ou deveu-se às qualidades
especiais e superiores inerentes àqueles que atingiram os elevados patamares da santidade? Todos os registros das épocas e dos indivíduos apontam a uma resposta negativa. Eram pessoas com natureza semelhante à nossa, e o ambiente que os circundava "atormentava" sua alma justa a cada dia. II Pedro 2:7, 8.
Obtiveram a valiosa bênção da justiça da maneira, a única maneira, que tem sido possível conseguir desde que Adão pecou. A forma de tornar-se justo recebe grande destaque no Novo Testamento. A mais clara e completa exposição é encontrada na epístola de Paulo aos Romanos. Bem no início de sua argumentação o apóstolo declara: "Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. ... Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé." Rom. 1:16, 17. 7 É o evangelho que revela aos homens a perfeita justiça de Deus. O evangelho também revela a maneira por que essa justiça pode ser obtida por homens pecadores, ou seja, pela fé. Isso é apresentado em maior extensão na declaração seguinte: "Ninguém será justificado [tido por justo] diante dEle por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
Mas agora, sem lei [obras da lei], se manifestou a justiça de Deus testemunhada [aprovada, aceita] pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem." Rom.
3:20-22. Na primeira parte desta declaração, o apóstolo revela a parte que a lei desempenha no problema da justificação. "Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado." Conhecimento do pecado; não libertação do pecado. A lei aponta ao pecado. Ao fazê-lo declara que o mundo inteiro se apresenta culpado diante de Deus. Romanos 3. Mas a lei não pode livrar do pecado. Nenhum esforço do pecador para obedecer à lei pode cancelar sua culpa ou transmitir-lhe a justiça de Deus. Essa justiça, declara Paulo, é "mediante a fé em Jesus Cristo ... a quem Deus propôs, no Seu sangue, como propiciação [sacrifício expiatório], mediante a fé, para manifestar a Sua justiça, por ter Deus, na Sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." Rom. 3:22-25. E por meio da fé no sangue de Cristo que todos os pecados do crente são cancelados e a justiça de Deus é posta no lugar deles para crédito do crente.
Oh, que maravilhosa transação! Que manifestação de amor e graça divinos.
Eis aqui um homem nascido em pecado. Como Paulo diz, ele está "cheio de
toda injustiça". Sua herança de maliguidade é a pior que se possa imaginar.
Seu meio ambiente está nos mais baixos níveis conhecidos dos iníquos. De algum modo, o amor de Deus resplandecendo da cruz do Calvário alcança o coração desse homem. Ele se entrega, se arrepende e confessa, e pela fé reclama a Cristo como Seu Salvador. No instante em que isso se passa ele é aceito como filho de Deus. Seus pecados são todos perdoados, sua culpa é cancelada, ele é considerado justo e se apresenta aprovado, justificado, perante a lei divina. E essa maravilhosa e milagrosa mudança pode ocorrer num breve momento. Isto é justficação pela fé. Tendo feito estas declarações vigorosas e objetivas quanto ao modo de se tornar justo, o apóstolo ilustra então a verdade declarada com um caso concreto. Ele toma a experiencia de Abraão como exemplo. "Que, pois,
diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?" Rom. 4:1. Adiantando a resposta, ele acrescenta: Abraão havia encontrado justiça. Mas como, por que método? Paulo nos diz: "Se Abraâo foi justificado [considerado justo] por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus." Rom. 4:2. 8 Tornado justo por obras é uma sugestão, uma proposta - se tal coisa pudesse se dar. E esta a maneira pela qual se obtém justificação? "Pois, que diz a Escritura? Abraâo creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça." Rom. 4:3. Esta declaração estabelece para sempre o meio pelo qual Abraão obteve a
justiça de Deus. Não foi por obras; foi pela fé. O Método de Abraão, o Único Válido Tendo estabelecido a questão de como Abraão se assegurou da justiça de Deus, Paulo prossegue, demonstrando ser esse o único método pelo qual qualquer outra pessoa pode obter justificação. "Mas ao que não trabalha, porém crê nAquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuida como justiça." Rom. 4:5. Que bondade! Que grande compaixão! O Senhor, que é "justo em todos os
Seus caminhos", oferece Sua própria justiça perfeita para todo e qualquer pobre, fraco, impotente e desesperançado pecador que creia no que Ele diz.
Leiamos de novo: "Ao que não trabalha, porém crê nAquele... sua fé lhe é atribuida como justiça." Tão importante, tão fundamental é este meio de obter justificação que o apóstolo continua por todo esse capítulo repetindo e ressaltando e tornando a todos evidente o que tornara tão claro em poucas palavras. Eis algumas de suas declarações: "E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras." Rom. 4:6. "Visto que dizemos: A fé foi imputada a Abraão para justiça." Rom. 4:9. "Estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça. E não somente por causa dele está isso escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos nAquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação." Rom. 4:21-25. Esta afirmação clara e positiva revela a toda alma perdida, por todo o tempo, o único meio de escape do pecado e culpa e condenação rumo à justificação e libertação da morte e condenação. Com ela concordam todas as outras 9 declarações das Escrituras concernentes a este grande problema de tornar-se justo. As trêspalavras "justificação pela fé" expressam a mais maravilhosa transação
neste mundo material que o intelecto humano pode alcançar. Elas expressam o
mais elevado dom que Deus, em Sua infinita plenitude, poderia conceder à humanidade. O grande fato comunicado por esta frase de três palavras tem sido estudado, exposto e tem sido fonte de regozijo para milhões durante eras passadas. E ainda tema do mais sublime interesse e da mais elevada importância para a familia humana. Passando em revista estas declarações, descobrimos: Que a lei de Deus requer justiça de todos quantos estão sob sua jurisdição.
Mas por causa da transgressão todos se tornaram impossibilitados de oferecer a justiça que a lei exige. Que deve, então, fazer o pecador? Sua transgressão da justa lei de Deus tornou-o injusto. Isto o traz sob a condenação dessa lei.
Sendo condenado, a penalidade de sua transgressão deve ser paga. A penalidade é morte. Ele tem um débito que requer sua vida. Está sob uma condenação que jamais poderá remover. Enfrenta uma penalidade de que jamais poderá escapar. Que pode fazer? Haveria alguma escapatória de sua negra e desesperançada situação? Sim, há. "Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada [aprovada
e aceita] pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem." Rom. 3:21, 22. Isto revela o meio de preencher os requisitos da lei, e declara enfaticamente que a única maneira é fazê-lo "pela fé". Para a mente natural, não iluminada, esta solução do negro problema é um mistério. A lei requer obediência; exige atos justos nas atividades da vida. Como podem tais exigências ser atendidas pela fé, em vez de sê-lo pelas obras? A resposta é dada em palavras claras:
"Sendo justificados gratuitamente, por Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus; a quem Deus propõs, no Seu sangue, como propiciação [um
sacrificio expiatório], mediante a fé, para manifestar a Sua justiça, por ter Deus, na Sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." Rom. 3:24, 25. Que extraordinária solução para o terrível problema do pecado! Somente nosso Pai infinito, onisciente e compassivo poderia e estaria disposto a prover
tal solução. Somente escritos inspirados poderiam revelá-la. E esta maneira de tornar um pecador em santo é encontrada somente no imaculado evangelho de Cristo. 10 "Pela fé ele [o pecador, que ofendeu tão gravemente a Deus] pode levar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor coloca a obediência de Seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar da falha do homem."
- Review' and Herald, 4 de novembro de 1890. Cristo veio a este mundo como nosso. Redentor. Ele Se tornou nosso substituto. Tomou nosso lugar no conflito com Satanás e o pecado. Foi tentado em todos os pontos, como nós, mas nunca pecou. Ele amava a justiça e odiava a iniquidade. Sua vida de perfeita obediência atendeu aos mais
elevados requisitos da lei. E o maravilhoso disso é que Deus aceita a justiça de Cristo em lugar de nossas falhas, nossa injustiça! Nessa divina transação, "Deus recebe, perdoa, justifica, ... e o ama [o pecador]
como ama a Seu Filho." - Ibid. Não admira que Paulo proclamasse por todo o
mundo que foi o amor de Cristo que o motivou em seus árduos labores, e ele
considerou um grande privilégio e alegria sofrer a perda de todas as coisas para que pudesse ganhar a Cristo e permanecer revestido de Sua justiça, a qual é imputada ao pecador mediante a fé. Assim é explicado exatamente como a fé toma o lugar das obras e é contada por justiça. Esta maravilhosa verdade deveria ser perfeitamente clara a todo
crente; e deve tornar-se experiência pessoal. Deveria capacitar-nos a deixar nossas próprias obras, esforços e lutas e avançar para uma fé viva, confiante e serena nos méritos, obediência e justiça de Cristo. Isto podemos apresentar a Deus em lugar de nossas falhas. Devemos alegremente aceitar o perdão e justificação concedidos, e experimentar agora a paz e alegria que tão maravilhosa transação é capaz de trazer a nossos corações. "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo." Rom. 5:1. Muitos Perderam o Caminho Quão estranho e triste é que esta simples e bela avenida para a justiça pareça tão difícil para o coração natural, carnal, encontrar e aceitar. Foi uma grande tristeza para Paulo que Israel, seu povo segundo a carne, perdesse o caminho de forma tão fatal. Ele disse: "Israel que buscava lei de justiça não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não decorreu da fé, e, sim, como que das
obras." Rom. 9:31, 32. Por outro lado, "os gentios", que não buscavam a justificação vieram alcançá-la, todavia a que decorre da fé." Rom. 9:30.
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