Satanás parece paralisado ao contemplar a glória e majestade
de Cristo. Aquele que fora um querubim cobridor lembra-se donde caiu. Ele, um
serafim resplandecente, "filho da alva" quão mudado, quão degradado!
Isa. 14:12. ...
Satanás vê que sua rebelião voluntária o inabilitou para o
Céu. Adestrou suas faculdades para guerrear contra Deus; a pureza, paz e
harmonia do Céu ser-lhe-iam suprema tortura. Suas acusações contra a
misericórdia e justiça de Deus silenciaram agora. A culpa que se esforçou por
lançar sobre Jeová repousa inteiramente sobre ele. E agora Satanás se curva e
confessa a justiça de sua sentença.
Todas as questões sobre a verdade e o erro no prolongado
conflito são agora esclarecidas. A justiça de Deus acha-se plenamente
justificada. Perante o Universo foi apresentado claramente o grande sacrifício
feito pelo Pai e o Filho em prol do homem. É chegada a hora em que Cristo ocupa
a Sua devida posição, sendo glorificado acima dos principados e potestades, e
sobre todo o nome que se nomeia.
Apesar de ter sido Satanás constrangido a reconhecer a
justiça de Deus e a curvar-se à supremacia de Cristo, seu caráter permanece sem
mudança. O espírito de rebelião, qual poderosa torrente, explode de novo. Cheio
de delírio, decide-se a não capitular no grande conflito. É chegado o tempo
para a última e desesperada luta contra o Rei do Céu. Arremessa-se para o meio
de seus súditos e esforça-se por inspirá-los com sua fúria, incitando-os a uma
batalha imediata. Mas dentre todos os incontáveis milhões que seduziu à
rebelião, ninguém há agora que lhe reconheça a supremacia. Seu poder chegou ao
fim. Os ímpios estão cheios do mesmo ódio a Deus, o qual inspira Satanás; mas
vêem que seu caso é sem esperança, que não podem prevalecer contra Jeová. Sua
ira se acende contra Satanás e os que foram seus agentes no engano. Com furor
de demónios voltam-se contra eles e segue-se aí uma cena de conflito universal.
Fogo do Céu
Então serão cumpridas as palavras do profeta: "Porque a
indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o Seu furor sobre todo o
exército delas; Ele as destruiu totalmente, entregou-as à matança." Isa.
34:2. "Sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento
tempestuoso: eis a porção do seu copo." Sal. 11:6. De Deus desce fogo do
céu. A terra se fende. São retiradas as armas escondidas em suas profundezas.
Chamas devoradoras irrompem de cada abismo hiante. As próprias rochas estão
ardendo. Vindo é o dia que arderá "como forno". Mal. 4:1. Os
elementos fundem-se pelo vivo calor, e também a Terra e as obras que nela há
são queimadas. (II Ped. 3:10.) O fogo de Tofete é preparado para o rei, o líder
da rebelião; a fogueira é profunda e larga, e "o assopro do Senhor como
torrente de enxofre a acenderá". Isa. 30:33. A superfície da Terra parece
uma massa fundida - um vasto e fervente lago de fogo. É o tempo do juízo e
perdição dos homens maus - "o dia
da vingança do Senhor, ano de retribuições pela luta de Sião". Isa. 34:8.
Os ímpios recebem sua recompensa na Terra. (Prov. 11:31.)
Eles "serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o
Senhor dos Exércitos". Mal. 4:1. Alguns são destruídos num momento,
enquanto outros sofrem muitos dias. Todos são punidos segundo as suas ações.
Tendo sido os pecados dos justos transferidos para Satanás, o originador do
mal, ele deve suportar seu castigo. Assim ele tem de sofrer não somente pela
sua própria rebelião, mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer.
Seu castigo deve ser muito maior do que o daqueles a quem enganou. Depois que
perecerem os que pelos seus enganos caíram, deve ele ainda viver e sofrer. Nas
chamas purificadoras os ímpios são finalmente destruídos, raiz e ramos -
Satanás, a raiz, e seus seguidores, os ramos. A justiça de Deus é satisfeita, e
os santos e toda a multidão de anjos dizem em alta voz: Amém.
Enquanto a Terra está envolta nos fogos da vingança de Deus,
os justos habitam em segurança na Santa Cidade. Sobre os que tiverem parte na
primeira ressurreição, a segunda morte não tem poder. (Apoc. 20:6.) Ao mesmo
tempo em que Deus é para os ímpios um fogo consumidor, é para o Seu povo tanto
Sol como Escudo. (Sal. 84:11.)
A História da Redenção - Ellen G. White
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