21.5.12

A Glória do Calvário

Jesus foi levado ao Calvário apressadamente, em meio a zombarias e gritos de insulto da multidão. Ao passar o limiar do tribunal, puseram-Lhe sobre os ombros feridos a cruz destinada a Barrabás. Os dois ladrões que também seriam crucificados com Jesus receberam a sua cruz.
O peso do madeiro era mais do que o Salvador podia suportar, em Sua exaustão e sofrimento. Andou apenas alguns passos e caiu desmaiado sob o peso da cruz.
Quando voltou a Si, a cruz foi outra vez colocada sobre Seus ombros. Cambaleou mais alguns passos e outra vez caiu sem sentidos. Seus algozes viram que Lhe era impossível carregar aquele peso além de Suas forças e ficaram perplexos, sem saber quem deveria levar aquele fardo humilhante.
Naquele momento, vindo casualmente ao encontro deles, apareceu Simão, um cireneu, a quem obrigaram a levar a cruz até o Calvário.
Os filhos de Simão eram discípulos de Jesus, mas ele mesmo não tinha aceitado a Cristo como seu Salvador. Mais tarde,
Simão sentiu-se sempre grato pelo privilégio de carregar a cruz do Redentor. O peso que foi obrigado a levar tornou-se um meio para sua conversão. Os eventos do Calvário e as palavras que ouviu Jesus pronunciar levaram-no a aceitá-Lo como o Filho de Deus.
Chegando ao lugar da crucifixão, os condenados foram amarrados aos instrumentos de suplício. Os dois ladrões reagiram contra os que tentavam crucificá-los; o Salvador, porém, não ofereceu resistência.
Momentos de Angústia
A mãe de Jesus O havia seguido naquela terrível jornada até o Calvário. Ao vê-Lo sucumbir exausto ao peso da cruz, seu coração ansiava por prestar-Lhe socorro, mas esse privilégio lhe foi negado.
A cada passo daquele caminho tão sofrido, desejava que seu filho manifestasse o poder divino para livrar-Se da turba assassina e agora que o drama chegava ao seu ato derradeiro, vendo ela como os ladrões eram pendurados na cruz, que suspense e angústia sentiu na alma!
Devia Aquele que havia ressuscitado os mortos entregar-Se para ser crucificado? O Filho de Deus consentiria que Lhe dessem morte tão cruel? Devia ela renunciar à crença de que Ele era de fato o Messias?
Ela viu também Suas mãos serem estendidas no madeiro - aquelas mãos que sempre se estenderam para abençoar os sofredores. Trouxeram cravos e martelo e, quando os pregos perfuraram-Lhe as mãos, os discípulos inconsoláveis, levaram o corpo desmaiado de Maria para longe daquela cena cruel.
O Salvador não soltou um gemido sequer. De Seu rosto pálido e sereno, o suor corria fartamente. Os discípulos tinham fugido da pavorosa cena. "O lagar, Eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo." Isa. 63:3.
Enquanto os soldados faziam sua obra, a mente de Jesus desviou-se de Seus sofrimentos para se concentrar na terrível recompensa que aguardava os Seus perseguidores. Tendo piedade de sua ignorância, orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc. 23:34.
Assim, Cristo conquistou o direito de tornar-Se o intercessor entre os homens e Deus. Essa oração abrangia o mundo todo, incluindo cada pecador que existiu ou que viria a existir, desde o princípio até a consumação do século.
Toda vez que pecamos, Cristo é ferido outra vez. Por nós, Ele ergue as mãos feridas diante do trono do Pai e diz: "Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc. 23:34.
O Rei dos Judeus e do Universo
Logo depois de pregar Jesus na cruz, homens fortes levantaram o madeiro e o fincaram violentamente no chão. Isso causou um intenso sofrimento ao Filho de Deus. Pilatos escreveu então um letreiro em latim, grego e hebraico, o qual mandou afixar em cima da cruz, para que todos pudessem ler:
"Jesus Nazareno, o Rei dos judeus." João 19:19.
No entanto, os judeus pediram que Pilatos mudasse a inscrição do letreiro, dizendo:
"Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que Ele disse: Sou o Rei dos judeus." João 19:21.
Mas Pilatos sentia-se descontente consigo mesmo por causa de sua fraqueza e desprezou completamente os príncipes perversos e invejosos, dizendo:
"O que escrevi, escrevi." João 19:22.
Os soldados dividiram entre si as vestes de Jesus, mas como Sua túnica era sem costura, contenderam por ela e finalmente fizeram um acordo de que deveriam lançar a sorte para ver quem a levaria. O profeta de Deus já havia predito esse incidente nas Escrituras:
"Cães Me cercam; uma súcia de malfeitores Me rodeia; traspassaram-Me as mãos e os pés. Repartem entre si as Minhas vestes e sobre a Minha túnica deitam sortes." Sal. 22:16 e 18.
Assim que Jesus foi erguido na cruz, desenrolou-se uma terrível cena. Sacerdotes, príncipes do povo e escribas juntaram-se à multidão e irromperam em zombarias e insultos contra o Filho de Deus agonizante, dizendo:
"Se Tu és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo." Luc. 23:37. "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É Rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora, se, de fato, Lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus." Mat. 27:42 e 43.
Cristo poderia ter descido da cruz; mas, se tivesse feito isso, jamais poderíamos ser salvos. Por amor a nós, Ele Se dispôs a morrer.
"Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados." Isa. 53:5.
Vida de Cristo, pp. 139-143

Sem comentários: