Desde o inicio da sua passagem por esta Terra, Jesus vivia para um só objectivo: abençoar os outros. Desde os Seus tempos de infância na Judeia, até que soltou o último suspiro na cruz, a vida de abnegação e de sacrifício desinteressado de Cristo foi sempre para o bem da humanidade. A Sua compaixão não conhecia obstáculos; o Seu ministério não tinha limites. Se havia doentes, Ele curava-os, Ele dava-lhes esperança. Não havia clamor demasiado ténue para Jesus. Quantas vezes não transformou Ele o choro em riso, gritos de agonia em aclamações de louvor, lágrimas de tristeza em lágrimas de alegria. De cidade em cidade, de aldeia em aldeia, de casa em casa, Jesus trabalhava incansavelmente, pregando o evangelho e curando os doentes – o Rei do Universo revestido da humanidade.
Graças a Ele, os cegos de nascença ficavam com os olhos cheios de luz; os que coxeavam devido aos seus membros defeituosos corriam como veados; os que jaziam na podridão da morte despertavam com o vigor da juventude. Tudo por causa de Jesus – apenas d`Ele proferia, cada acto que praticava era tudo para elevar a humanidade.
Que mais podia dar o Céu do que deu no Salvador? “Que mais se podia fazer à minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? (Isa. 5:4). Ele veio, serviu, curou, perdoou, confortou, ensinou – Ele deu tudo o que o próprio Deus podia dar, como homem.
Mas, o que aconteceu?
“Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades. E grande multidão
O seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. E Jesus subiu ao monte e assentou-Se ali com os Seus discípulos” (João 6:1-3).
O seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. E Jesus subiu ao monte e assentou-Se ali com os Seus discípulos” (João 6:1-3).
O ministério tinha esgotado Jesus, e Ele precisava de repouso. Por isso foi, com os doze, para um lugar isolado. Mas as pessoas seguiram-n´O na mesma, trazendo as suas doenças, dores e sofrimentos consigo, para que o Mestre as curasse, confortasse e aliviasse com um toque, com uma palavra, com um afago. Pouco depois, “Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com Ele” (João 6:5), sentiu compaixão deles e quis alimentar o Seu rebanho.
“Está aqui um rapaz”, disse André, “que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos mas que é isso para tantos?” (João 6:9).
Cinco pães, dois peixes, para “cinco mil” (verso 10)? Cada um talvez conseguisse uma espinha e algumas migalhas. Mas Jesus mandou sentar as pessoas em grupos e multiplicou os peixes e o pão até que os homens, as mulheres e as crianças ficara “saciados” (verso 12), e restou o suficiente para encher doze cestos.
Como respondeu a multidão? Ellen White escreve:
“Esta convicção fortalecera-se durante todo o dia. Aquele acto supremo (alimentar os cinco mil) é a certeza de que o longamente esperado Libertador está entre eles. As esperanças do povo crescem cada vem mais. Ele é o que há-de tornar a Judeia um paraíso terrestre, uma terra que mana leite e mel. Ele pode satisfazer todos os desejos. Pode derrubar o poder dos odiados romanos. Pode libertar Judá e Jerusalém. Pode curar os soldados feridos na batalha. Abastecer exércitos inteiros com alimento. Conquistar as nações e dar a Israel o domínio” (1).
Por isso o que é que a multidão queria fazer?
“Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-l´O, para O fazerem rei” (João 6:15). As massas estavam tão impressionadas com aquele milagre, tão espantadas com o potencial que viam n´Ele, que queriam coroá-l´O rei, o tão esperado Libertador de Israel. Ele seria Aquele através de quem a nação alcançaria o auge do poder que eles acreditavam merecer. Depuseram as suas esperanças terrenas sobre Jesus. Ele iria satisfazer os seus sonhos de poder e de glória.
Mas como é que acaba o versículo?
“Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-l´O, para O fazerem rei, tornou a retirar-Se, Ele só, para o monte” (João 6:15).
O quê? Jesus estragou-lhes os planos? Ele não ia deixar que O coroassem rei? Afinal, Ele não ia satisfazer as suas expectativas?
O povo não gostou daquilo, mesmo nada. Tinham depositado as suas esperanças terrenas sobre Ele, e Jesus tinha-os desapontado, profundamente.
“Quando Cristo proibiu o povo de O proclamar rei, reconheceu ter chegado a um ponto decisivo na Sua história. As multidões que agora queriam colocá-l´O no trono, amanhã estariam a desviar-se d`Ele. A decepção das suas ambições egoístas transformaria o seu amor em ódio e os louvores em maldição.”
No dia seguinte, numa sinagoga de Cafarnaum, Jesus disse: “Eu Sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. … Eu Sou o pão vivo que desceu do Céu; se algum comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que Eu der é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo” (João 6:48-51). A essência do Seu sermão era que o povo precisava de partilhar da Sua natureza e de se conformar com o Seu carácter. Se eles queriam ser Seus seguidores, “isso exigia a completa entrega de si mesmos a Jesus. Eram chamados a tornar-se abnegados, mansos e humildes. Deviam andar na verdade estreita rilhada pelo Homem do Calvário, se quisessem participar do dom da vida e da glória do Céu. (3)
Como resultado das Suas palavras e de não ter deixado que O coroassem rei no dia anterior, “muitos dos Seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com Ele” (João 6:66).
As multidões, que tinham sido tão entusiásticas a propósito de Jesus, que tinham beneficiado tanto do Seu poder divino, que estavam tão agradecidas pelo que Ele tinha feito que queriam torná-l´O rei – agora abandonavam-n´O. E, como se isso não chegasse, muitos voltaram-se contra Ele. “Apoiavam a sua própria atitude aproveitando tudo o que pudessem voltar contra Ele; e a indignação suscitada por estas falsas informações, foi de tal modo que a Sua vida ficou em perigo.” (4)
A pergunta crucial é: Será que nós vamos permanecer com Jesus e a verdade permanente? A resposta depende do nosso relacionamento com Aquele que é Ele mesmo a verdade. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, disse Jesus (João 14:6). Só uma vivência constante com Jesus e com a verdade que Ele deu para este tempo pode elevar-nos acima da tempestade e da falsidade que enfrentamos, ou enfrentaremos dentro da Igreja.
Esperamos a perseguição, as dificuldades e a marginalização dos que não se interessam pela verdade, ela seguramente, será mais violenta e cruel vinda dos que hoje são “irmãos”. Preparem-se: ficar fiel a Deus vai exigir mais do que simplesmente saber acerca do Sabado, do estado dos mortos e das regras alimentares. Vamos precisar de conhecer o Senhor, aqueles que O abandonaram, andavam com Ele mais pelo interesse do que por amor. Vamos precisar conhecer o Senhor que deus os ensinos, e não só conhecê-l´O, mas amá-l´O. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento” (Mat.22:37,38). É-nos ordenado que amemos Deus, e, portanto, precisamos de O conhecer primeiro, pois como podemos amar Deus se não O conhecemos?
Nunca, O conheceremos, se passarmos mais tempo a ver televisão, futebol, a discutir sobre banalidades e deixar a Sua Palavra para segundo plano. É agora, agora, necessitamos orar, agora, é tempo de conhecer:
“E a vida eterna é esta, que Te conheçam, a Ti só, por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Se conhecermos Deus e O amarmos, então vamos obeder-Lhe, apesar da pressão que o remanescente fiel vai sentir para Lhe voltar as costas.
“E nisto sabemos que O conhecemos: se guardarmos os Seus mandamentos” (1 João 2:3).
“Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama” (João 14:21). O que ama o Senhor não está dependente de atitudes e comportamentos dos outros, sabe que “estrelas cairão”, a fé não está num pregador, mas em Cristo.
“Aqui está a paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apoc. 14:12).
Conhecer e amar Deus está ligado à obediência aos Seus mandamentos, e a obediência aos Seus mandamentos é uma das características-chave do Seu remanescente, elas terão certamente um relacionamento pessoal com Deus, um relacionamento que não recuará quando tiver de enfrentar uma forte pressão para desobedecer. O seu amor a Deus será o combustível que os levará a suportar a perseguição, a pressão económica, a perda do emprego, da família, e até mesmo, talvez, a morte.
“Estais tão firmes em Deus, tão consagrados ao Seu serviço, que a vossa religião não falhará em face da pior perseguição? Só o mais profundo amor a Deus será o apoio da alma emmeio às provas que estão mesmo à nossa frente.” (5)
Isaías 10:20
Miquéias 7:18-20.
Este é o remanescente!
Referências:
(1) O Desejado de Todas as Nações, p. 313
(2) Idem, p. 319
(3) Idem, p. 326
(4) Idem, p. 328
(5) O Grande Conflito, p. 507.
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