18.10.10

E NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NENHUM OUTRO

A Obra Mediadora de Cristo
Jesus, aproximando-Se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Mat. 28:18.
Em uma montanha da Galiléia se realizou uma reunião na qual se congregaram todos os crentes que podiam ser convocados. Para essa reunião, o próprio Cristo, antes de Sua morte, designara o tempo e o lugar. ...
Ao tempo designado, cerca de quinhentos crentes estavam reunidos em pequenos grupos na encosta da montanha, ansiosos por saber tudo quanto fosse possível colher dos que tinham visto Jesus depois da ressurreição. Os discípulos passavam de grupo em grupo, dizendo tudo quanto haviam visto e ouvido do Salvador, e raciocinando sobre as Escrituras, como Ele fizera com eles. Tomé contava de novo a história de sua incredulidade, e dizia como se lhe haviam dissipado as dúvidas. De súbito, achou-Se Jesus no meio deles. Ninguém podia dizer de onde nem como viera. Muitos dos presentes nunca O tinham visto; em Suas mãos e pés, porém, divisaram os sinais da crucifixão; Seu semblante era como a face de Deus, e quando O viram, adoraram-nO.
Alguns, porém, duvidaram. Assim será sempre. Há os que acham difícil exercer fé e se colocam do lado da dúvida. Estes perdem muito por causa de sua incredulidade.
Foi esta a única entrevista que Jesus teve com muitos dos crentes, depois de Sua crucifixão. Chegou e falou-lhes, dizendo: "Toda a autoridade me foi dada no Céu e na Terra." Mat. 28:18. Os discípulos O haviam adorado antes de Ele falar; mas Suas palavras, proferidas por lábios que haviam estado selados pela morte, os comoveram com poder particular. Ele era agora o Salvador ressuscitado. Muitos deles O haviam visto exercer poder na cura de doentes e dominar instrumentos satânicos. Acreditavam que possuía poder para estabelecer Seu reino em Jerusalém, poder para dominar toda oposição, poder sobre os elementos da Natureza. Fizera emudecer as águas revoltas; caminhara por cima de vagas alterosas; erguera para a vida os mortos. Agora declarava que Lhe era dado "todo o poder". As Suas palavras levaram a mente dos ouvintes acima das coisas terrenas e temporais, às celestiais e eternas. Foram erguidos à mais elevada concepção de Sua dignidade e glória.
As palavras de Cristo, na encosta da montanha, foram o anúncio de que Seu sacrifício em favor do homem era pleno, completo. As condições para a expiação haviam sido cumpridas; realizara-se a obra para que Ele viera a este mundo. Achava-Se a caminho para o trono de Deus, a fim de ser honrado pelos anjos, os principados e as potestades. Entrara em Sua obra mediadora. Revestido de ilimitada autoridade, dera aos discípulos a comissão: "Portanto, ide, ensinai todas as nações." Mat. 28:19. O Desejado de Todas as
Juiz Infalível
Conhece o Deus de teu pai e serve-O de coração íntegro e alma voluntária; porque o Senhor esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento. I Crón. 28:9.
O Senhor é exacto e infalível em Sua compreensão. Ele conhece o funcionamento da mente humana, os princípios activos dos instrumentos humanos que formou, como eles serão influenciados pelos objectos à sua frente, e de que modo agirão sob toda tentação que pode prová-los e em cada circunstância na qual forem colocados. "Os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e Ele considera todas as suas veredas." Prov. 5:21. "Os olhos do Senhor estão em todo lugar." Prov. 15:3. "Ele perscruta até as extremidades da Terra, vê tudo o que há debaixo dos céus." Jób 28:24. "O Senhor esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento." I Crón. 28:9. Ele conhece cada uma das coisas que penetram em nossa mente. ... Deus Se compadece das pobres pessoas iludidas que estão espezinhando Sua verdade. Deixai que o trigo e o joio cresçam juntos até à colheita. Lastimai e deplorai a cegueira das mentes que estão sob o domínio de Satanás, mas restringi vossa própria ira e paixão, e não as julgueis. Deixai os que desprezam a Sua verdade nas mãos de Deus. Não vos são dados o direito e a liberdade de condenar os outros. Não competia a Moisés exprimir o seu juízo contra o rebelde Israel. A evidente fraqueza de Seus instrumentos, segundo foi manifestada por Moisés, trará sua retribuição. ...
Os obreiros de Deus precisam continuar a suportar a acusação de ser perturbadores de Israel, mas não têm a liberdade de fazer com que tais afirmações se tornem verdadeiras. Não participeis do ajuntamento dos zombadores, não vos assenteis na roda dos escarnecedores, afastai-vos das aglomerações dos que farão de vossa presença uma ocasião para vos falarem coisas humilhantes, e lançarão desprezo sobre a vossa fé. Não tenhais discussões com esses homens. Não tendes de tratar apenas com homens, mas com Satanás e sua sinagoga. Quando compelidos a enfrentá-los, lembrai-vos das palavras do Salvador: "Eis que Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos." Mat. 10:16. O Senhor precisa ser a vossa confiança; Ele vos revestirá de uma armadura divina, e Seu Santo Espírito vos influenciará a mente e o coração, de modo que vossa voz não reproduza os sons do uivo dos lobos.
Nunca devemos esquecer que somos representantes de Cristo. Não devemos usar armas carnais quando pessoas descrentes e iludidas se introduzem entre nós. ... Nenhuma palavra indelicada ou descortês, defensiva ou ofensiva, deve escapar de nossos lábios ou ser traçada por nossa pena. Quando ultrajados não devemos revidar com ultraje. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." I João 5:4. Carta 18, 1895.
A Grande Expiação
E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Actos 4:12.
Adão, em sua inocência, havia desfrutado ampla comunhão com seu Criador; mas o pecado opera separação entre Deus e o homem, e unicamente a obra expiatória de Cristo poderia transpor o abismo, e tornar possível a comunicação de bênçãos ou salvação, do Céu à Terra. O homem ainda estava desligado de uma aproximação directa com o seu Criador, mas Deus Se comunicaria com ele por meio de Cristo e os anjos.
Assim, foram revelados a Adão fatos importantes na história da humanidade, desde o tempo em que a sentença divina fora pronunciada no Éden, até o dilúvio, e, a seguir, até o primeiro advento do Filho de Deus. Mostrou-se-lhe que, conquanto o sacrifício de Cristo fosse de valor suficiente para salvar o mundo inteiro, muitos prefeririam uma vida de pecado em vez de arrependimento e obediência. O crime aumentaria durante gerações sucessivas, e a maldição do pecado repousaria mais e mais pesadamente sobre o género humano, sobre os animais e sobre a Terra. Os dias do homem seriam abreviados pela sua própria conduta de pecado; degenerar-se-ia ele em sua estatura e resistência física, e em sua faculdade moral e intelectual, até que o mundo se enchesse de misérias de todo o tipo. Mediante a satisfação do apetite e paixão, tornar-se-iam os homens incapazes de apreciar as grandes verdades do plano da redenção. Cristo, no entanto, fiel ao propósito pelo qual deixou o Céu, continuaria Seu interesse pelos homens, e ainda os convidaria a esconder n´Ele suas fraquezas e deficiências. Supriria as necessidades de todos os que a Ele viessem pela fé. E sempre haveria alguns que preservariam o conhecimento de Deus, e permaneceriam incontaminados por entre a iniquidade que prevaleceria.
As ofertas sacrificais foram ordenadas por Deus a fim de serem para o homem uma perpétua lembrança de seu pecado, e um reconhecimento de arrependimento do mesmo, bem como seriam uma confissão de sua fé no Redentor prometido. Destinavam-se a impressionar a raça decaída com a solene verdade de que foi o pecado que causou a morte. Para Adão, a oferta do primeiro sacrifício foi uma cerimónia dolorosíssima. Sua mão deveria erguer-se para tirar a vida, a qual unicamente Deus podia dar. Foi a primeira vez que testemunhava a morte, e sabia que se ele tivesse sido obediente a Deus não teria havido morte de homem ou animal. Ao matar a inocente vítima, tremeu com o pensamento de que seu pecado deveria derramar o sangue do imaculado Cordeiro de Deus. ... E maravilhou-se com a bondade infinita que daria tal resgate para salvar o culpado. Uma estrela de esperança iluminou o futuro tenebroso e terrível, e o aliviou de sua desolação total. ...
O ato de Cristo ao morrer pela salvação do homem, não somente tornaria o Céu acessível à humanidade, mas perante todo o Universo justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás Patriarcas e Profetas, págs. 67-69.
Os Livros de Registo no Céu
Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más. Ecles. 12:14.
Consideremos individualmente qual é o registo feito nos livros do Céu a respeito de nossa vida e carácter, e de nossa atitude para com Deus. Nosso amor a Deus aumentou durante o ano passado? Se Cristo realmente está habitando em nosso coração, amaremos a Deus, deleitar-nos-emos em obedecer a todos os Seus mandamentos, e esse amor estará continuamente se aprofundando e fortalecendo. Se representamos a Cristo para o mundo, seremos puros no coração, na vida e no carácter; seremos santos na conversação; não haverá falsidade em nosso coração e em nossos lábios. Examinemos nossa vida passada e vejamos se temos evidenciado nosso amor a Jesus procurando ser semelhantes a Ele, e labutando como Ele labutou para salvar aqueles por quem morreu.
Sobre os zelosos e abnegados discípulos de Cristo está escrito que Jesus não Se envergonhou de chamá-los de irmãos, tão plenamente manifestaram eles o Seu Espírito e Sua semelhança. Por suas obras eles testificavam constantemente que este mundo não era seu lar; sua cidadania era lá do alto; buscavam uma pátria superior, isto é, celestial. Suas conversações e afeições eram sobre coisas celestiais. Estavam no mundo, mas não eram do mundo; no espírito e na prática estavam separados de suas máximas e costumes. Seu exemplo diário testificava que viviam para a glória de Deus. Seu grande interesse, como o de Seu Mestre, era pela salvação de pessoas. Eles labutavam e se sacrificavam por isso, não considerando a vida preciosa para si mesmos. Por sua vida e carácter fizeram uma brilhante trajectória em direcção ao Céu. Tais discípulos Jesus pode encarar com satisfação como Seus representantes. Seu carácter não será desfigurado por eles. ...
Deus tornou o avanço de Sua causa no mundo dependente dos esforços e sacrifícios de Seus seguidores. A salvação de nosso ser foi adquirida pela dádiva infinita do Filho de Deus. Jesus deixou o Céu, pôs de lado Sua glória, deixou a comunhão e a adoração dos anjos sem pecado, e, por amor a nós, humilhou-Se até à morte de cruz. E agora nós, que nos tornamos participantes de Sua grande dádiva, também devemos ser participantes do seu sacrifício, estendendo a outros as bênçãos da salvação.
Não houve nenhum indício de egoísmo na vida de Cristo. Todos os que são cooperadores de Deus terão o mesmo espírito que teve o seu Mestre. Estarão continuamente se distanciando do egoísmo e renunciando à condescendência consigo mesmos, mesmo em certas coisas que noutro tempo lhes pareciam ser inocentes. ... E quando for revelada Sua glória, eles também se alegrarão exultando. Signs of the Times,
O Livro da Vida
O vencedor será assim vestido de vestes brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos. Apoc. 3:5.
Se queremos ser vencedores, precisamos examinar o coração para certificar-nos de que não estamos acalentando alguma coisa ofensiva a Deus. Se estamos fazendo isso, não podemos usar as vestes brancas prometidas nesse verso. Se queremos comparecer perante Deus vestidos de linho branco, que é a justiça dos santos, precisamos fazer agora a obra de vencer.
Cristo diz do vencedor: "De modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida." Apoc. 3:5. Os nomes de todos os que uma vez se entregaram a Deus são escritos no livro da vida, e seu carácter está agora sendo examinado diante dEle. Anjos de Deus estão avaliando o valor moral. Eles observam o desenvolvimento do carácter nos que vivem agora, para ver se os seus nomes podem ser retidos no livro da vida. É-nos concedido um tempo de graça para lavarmos e alvejarmos as vestes do carácter no sangue do Cordeiro. Quem está fazendo essa obra? Quem está se separando do pecado e egoísmo? "Estais mortos", diz o apóstolo Paulo dos verdadeiros seguidores de Cristo, "e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." Col. 3:3. Quando estamos vivos para Deus, estamos mortos para o próprio eu. Que Deus nos ajude a morrer para o próprio eu! Os nomes de quem não serão apagados do livro da vida? Só os nomes dos que amaram a Deus com todas as faculdades do seu ser, e o próximo como a si mesmos.
Há uma grande obra a ser feita em prol de muitos de nós. Nossa mente e carácter precisam tornar-se como a mente e o carácter de Cristo. O egoísmo está entretecido em nosso próprio ser. Ele chegou até nós como herança, e tem sido acalentado por muitos como tesouro precioso. Não pode ser realizada alguma obra especial para Deus enquanto não forem vencidos o próprio eu e o egoísmo. Para muitos, tudo que se relaciona consigo mesmos é de grande importância. O próprio eu é um centro em torno do qual tudo parece girar. Se Cristo estivesse agora na Terra, Ele diria a tais pessoas: "Faze-te ao largo." Não vos preocupeis tanto com vossa própria pessoa. Há milhares cuja vida é tão preciosa como a vossa. Por que, então, vos envolveis em vossa capa e vos apegais à praia? Despertai-vos para o dever e para a utilidade! Se vos fizerdes ao largo e lançardes as vossas redes, o Mestre recolherá os peixes e vereis a poderosa actuação de Deus. Historical Sketches, págs. 138 e 139.
Quando o nosso coração estiver todo inflamado de amor por Jesus e pelas pessoas por quem Ele morreu, o êxito acompanhará os nossos esforços. ... Pergunte cada qual: ... Não posso ser o meio de salvar alguém para o reino de Deus? Necessitamos das profundas actuações do Espírito de Deus em nosso coração, para que não somente sejamos capazes de assegurar as vestes brancas para nós mesmos, mas influenciemos a outros de tal modo que os seus nomes sejam inscritos no livro da vida para nunca serem apagados. Historical Sketches, pág. 140.
O Tribunal em Sessão - os Livros Abertos
Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e miríades de miríades estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros. Dan. 7:10.
Os livros de registo no Céu, nos quais estão relatados os nomes e acções dos homens, devem determinar a decisão do juízo. Diz o profeta Daniel: "Assentou-se o tribunal, e se abriram os livros." Dan. 7:10. O escritor do Apocalipse, descrevendo a mesma cena, acrescenta: "Abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras." Apoc. 20:12.
O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus. Jesus ordenou a Seus discípulos: "Alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos Céus." Luc. 10:20. Paulo fala de seus fiéis cooperadores, "cujos nomes estão no livro da vida". Filip. 4:3. Daniel, olhando através dos séculos para um "tempo de angústia, qual nunca houve", declara que se livrará o povo de Deus, "todo aquele que se achar escrito no livro". Dan. 12:1. E João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de Deus aqueles cujos nomes "estão inscritos no livro da vida do Cordeiro". Dan. 12:1; Apoc. 21:27.
"Há um memorial escrito diante" de Deus, no qual estão registadas as boas acções dos "que temem ao Senhor e para os que se lembram do Seu nome." Mal. 3:16. Suas palavras de fé, seus actos de amor, acham-se registados no Céu. Neemias a isto se refere quando diz: "Deus meu, lembra-Te de mim e não risques as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus." Nee. 13:14. No livro memorial de Deus toda ação de justiça se acha imortalizada. Ali, toda a tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão que se proferir, acham-se fielmente historiados. E todo ato de sacrifício, todo sofrimento e tristeza, suportado por amor de Cristo, encontra-se registado. Diz o salmista: "Tu contaste as minhas vagueações; põe as minhas lágrimas no Teu odre; não estão elas no Teu livro?" Sal. 56:8. ...
A obra de cada homem passa em revista perante Deus, e é registada pela sua fidelidade ou infidelidade. Ao lado de cada nome, nos livros do Céu, estão escritos, com terrível exactidão, toda má palavra, todo ato egoísta, todo dever não cumprido, e todo pecado secreto, juntamente com toda artificiosa hipocrisia. ...
O mais profundo interesse manifestado entre os homens nas decisões dos tribunais terrestres não representa senão palidamente o interesse demonstrado nas cortes celestiais quando os nomes inseridos nos livros da vida aparecerem perante o Juiz de toda a Terra. O Intercessor divino apresenta a petição para que sejam perdoadas as transgressões de todos os que venceram pela fé em Seu sangue, a fim de que sejam restabelecidos em seu lar edênico, e coroados com Ele como co-herdeiros do "primeiro domínio". Miq. 4:8. O Grande Conflito, págs. 480-484.
Inscritos nos Livros de Registo do Céu
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos. Efés. 2:19.
Os que estão intimamente ligados a Deus talvez não sejam prósperos nas coisas desta vida; muitas vezes poderão ser severamente provados e afligidos. José foi difamado e perseguido porque preservou sua virtude e integridade. David, esse mensageiro escolhido por Deus, foi caçado como um animal de rapina por seus perversos inimigos. Daniel foi lançado numa cova de leões porque era sincero e inflexível em sua lealdade a Deus. Jó foi privado de suas posses terrenas, e tão afligido no corpo que sofreu a repulsa de seus parentes e amigos, mas preservou a integridade e a fidelidade a Deus. Jeremias falou as palavras que Deus pôs em sua boca, e o seu claro testemunho enfureceu de tal modo o rei e os príncipes, que foi lançado num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por pregar a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi preso, surrado com varas, apedrejado e finalmente condenado à morte porque era um mensageiro fiel para levar o evangelho aos gentios. O amado João foi banido para a ilha de Patmos "por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo".
Esses exemplos de firmeza humana, na força do poder divino, são um testemunho para o mundo da fidelidade das promessas de Deus - de Sua permanente presença e graça mantenedora. Ao considerar esses homens humildes, o mundo não consegue discernir o seu valor moral para Deus. É uma obra de fé descansar calmamente em Deus na hora mais escura - embora severamente provados, e açoitados pelo vento, sentir que nosso Pai está no leme. Só o olhar da fé pode enxergar além das coisas do tempo e dos sentidos, para apreciar o valor das riquezas eternas.
O grande comandante militar conquista nações e abala os exércitos da metade do mundo, mas morre de desapontamento e no exílio. O filósofo que vagueia através do Universo, seguindo por toda parte as manifestações do poder de Deus e deleitando-se em sua harmonia, muitas vezes deixa de contemplar nessas maravilhas a Mão que formou todas elas. "O homem, revestido de honrarias, mas sem entendimento, é antes, como os animais, que perecem." Sal. 49:20. Nenhuma esperança de gloriosa imortalidade ilumina o futuro dos inimigos de Deus. Mas aqueles heróis da fé têm a promessa de uma herança de maior valor do que quaisquer riquezas terrenas - uma herança que satisfará os anseios do coração. Eles podem ser desconhecidos ao mundo e não reconhecidos por ele; são, porém, inscritos como cidadãos nos livros de registo do Céu. Excelsa grandeza, duradouro e eterno peso de glória será a recompensa final daqueles a quem Deus tornou herdeiros de todas as coisas. Testimonies, vol. 4, págs. 525 e 526.
O Santuário no Céu
Possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade nos Céus, como Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Heb. 8:1 e 2.
O assunto do santuário e do juízo de investigação, deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, ser-lhes-á impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar. Cada indivíduo tem uma alma a salvar ou perder. Cada qual tem um caso pendente no tribunal de Deus. Cada um há de defrontar face a face o grande Juiz. ...
O santuário no Céu é o próprio centro da obra de Cristo em favor dos homens. Diz respeito a toda pessoa que vive sobre a Terra. Patenteia-nos o plano da redenção, transportando-nos mesmo até ao final do tempo, e revelando o desfecho triunfante da controvérsia entre a justiça e o pecado. É da máxima importância que todos pesquisem acuradamente estes assuntos, e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança que neles há.
A intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção, como o foi Sua morte sobre a cruz. Pela Sua morte iniciou essa obra, para cuja terminação ascendeu ao Céu, depois de ressurgir. Pela fé devemos penetrar até o interior do véu, onde nosso Precursor entrou por nós. (Heb. 6:20.) Ali se reflete a luz da cruz do Calvário. Ali podemos obter intuição mais clara dos mistérios da redenção. A salvação do homem se efectua a preço infinito para o Céu; o sacrifício feito é igual aos mais amplos requisitos da violada lei de Deus. Jesus abriu o caminho para o trono do Pai, e por meio de Sua mediação pode ser apresentado a Deus o desejo sincero de todos os que a Ele se chegam pela fé.
"O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia." Prov. 28:13. Se os que escondem e desculpam suas faltas pudessem ver como Satanás exulta sobre eles, como escarnece de Cristo e dos santos anjos, pelo procedimento deles, apressar-se-iam a confessar seus pecados e deixá-los. Por meio dos defeitos do carácter, Satanás trabalha para obter o domínio da mente toda, e sabe que, se esses defeitos forem acariciados, será bem-sucedido. Portanto, está constantemente procurando enganar, os seguidores de Cristo com seu fatal engano de que lhes é impossível vencer. Mas Jesus apresenta em seu favor Suas mãos feridas, Seu corpo moído. ... Ninguém, pois, considere incuráveis os seus defeitos. Deus dará fé e graça para vencê-los. O Grande Conflito, págs. 488 e 489.
Vivendo no Grande Dia da Expiação
Aos dez deste mês sétimo, será o dia da expiação; tereis santa convocação e afligireis a vossa alma; trareis oferta queimada ao Senhor. Lev. 23:27.
Vivemos hoje no grande dia da expiação. No cerimonial típico, enquanto o sumo sacerdote fazia expiação por Israel, exigia-se de todos que afligissem a alma pelo arrependimento do pecado e pela humilhação, perante o Senhor, para que não acontecesse serem extirpados dentre o povo. De igual modo, todos quantos desejem seja seu nome conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver um exame de coração, profundo e fiel. O espírito leviano e frívolo, alimentado por tantos cristãos professos, deve ser deixado. Há uma luta intensa diante de todos os que desejam subjugar as más tendências que lutam pelo predomínio. A obra de preparação é uma obra individual. Não somos salvos em grupos. A pureza e devoção de um, não suprirá a falta dessas qualidades em outro. Embora todas as nações devam passar em juízo perante Deus, examinará Ele o caso de cada indivíduo, com um escrutínio tão íntimo e penetrante como se não houvesse outro ser na Terra. Cada um deve ser provado, e achado sem mancha ou ruga, ou coisa semelhante.
Solenes são as cenas ligadas à obra final da expiação. Momentosos, os interesses nela envolvidos. O juízo ora se realiza no santuário celestial. Há muitos anos esta obra está em andamento. Breve, ninguém sabe quão breve, passará ela aos casos dos vivos. Na augusta presença de Deus nossa vida deve passar por exame. Actualmente, mais do que em qualquer outro tempo, importa a toda pessoa atender à admoestação do Salvador: "Vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo." Mar. 13:33. "Se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei." Apoc. 3:3.
Quando se encerrar a obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida, ou para a morte. O tempo da graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do céu. Cristo, no Apocalipse, prevendo aquele tempo, declara: "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra." Apoc. 22:11 e 12.
No culto típico, o sumo sacerdote, havendo feito expiação por Israel, saía e abençoava a congregação. Assim Cristo, no final de Sua obra de mediador, aparecerá "sem pecado, ... para a salvação" (Heb. 9:28), a fim de abençoar com a vida eterna Seu povo que O espera. O Grande Conflito, págs. 489-491; 485.
Fé na Expiação
Temos essa esperança como âncora para os nossos corações. Ela é firme e segura e vai até o Santíssimo Lugar, que fica atrás da cortina do Céu. Heb. 6:19, BLH.
Quando começais a sentir-vos desalentados, olhai para Jesus e comungai com Ele. Quando pensais que sois mal compreendidos por vossos irmãos, lembrai-vos de que Jesus, vosso Irmão mais velho, jamais comete um erro. Ele julgará com justiça. As palavras de Cristo, proferidas no grande dia da festa, têm admirável significação e poder. Ele ergueu a voz e disse: "Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba." João 7:37. Não devemos ser impelidos a Cristo. Nossa parte é vir - fazer nossa própria escolha e ir à fonte da vida. Por que não havemos de ir ter com Cristo? Pois nEle centraliza-se a nossa esperança de vida eterna. As lições que chegaram até nós por meio de Cristo não são máximas repetidas com frequência; elas estão repletas de pensamentos vitais. Nossa parte, porém, é apropriar-nos da verdade divina. O apóstolo Paulo nos exorta a lançar mão da esperança que nos é proposta no evangelho. Pela fé devemos apropriar-nos das promessas de Deus e munir-nos das copiosas bênçãos que nos foram asseguradas por Cristo Jesus. A esperança nos foi proposta; a saber: a esperança da vida eterna. Nada, a não ser essa bênção para nós, satisfará a nosso Redentor; mas a nossa parte é apoderar-nos dessa esperança pela fé nAquele que prometeu. Podemos esperar sofrimentos; pois os co-participantes nos Seus sofrimentos é que serão co-participantes em Sua glória. Ele adquiriu perdão e imortalidade para as pessoas que perecem; mas a nossa parte é receber essas dádivas pela fé. Crendo nEle, temos essa esperança como âncora da vida, segura e firme. Devemos compreender que podemos esperar confiantemente o favor de Deus não só neste mundo, mas também no mundo celestial, visto que Ele pagou tal preço por nossa salvação. A fé na expiação e na intercessão de Cristo nos manterá firmes e inabaláveis em meio às tentações que nos assediam na Igreja militante. Contemplemos a gloriosa esperança que nos está proposta e apossemo-nos dela pela fé. ...
Não podemos encontrar salvação em nosso próprio ser individual; temos de olhar para Jesus, o qual é o Autor e Consumador da nossa fé, e, olhando, nós vivemos. ... Como pobres mortais se esforçam para ser portadores de seus próprios pecados e dos pecados de outras pessoas! Mas o único portador de pecados é Jesus Cristo. Só Ele pode ser o meu substituto e portador de pecados. O precursor de Cristo exclamou: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" João 1:29. Desviai, portanto, o olhar de vós mesmos, e incentivai a esperança e a confiança em Cristo. Que a vossa esperança não se centralize em vós mesmos, mas nAquele que penetrou além do véu. Falai sobre a bendita esperança e o glorioso aparecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Review and Herald, 9 de Junho de 1896.
A Expiação - o Fundamento de Nossa Paz
Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. João 14:27.
Jesus declara: "A Minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." João 14:27. A paz mencionada pelo grande Mestre é mais ampla e mais completa do que temos imaginado. Cristo está disposto a fazer grandes coisas por nós: restaurar nossa natureza, tornando-nos participantes da natureza divina. Espera unir o nosso coração ao Seu coração de infinito amor, a fim de que sejamos plenamente reconciliados com Deus; mas é nosso privilégio compreender que Deus nos ama como ama a Seu Filho. Quando cremos em Cristo como nosso Salvador pessoal, pertence-nos a paz de Cristo. A reconciliação que nos é provida na expiação de Cristo constitui o fundamento de nossa paz; mas os sentimentos sombrios não são uma evidência de que as promessas de Deus não surtem efeito. Dais atenção aos vossos sentimentos, e como a vossa perspectiva não é completamente brilhante, começais a estender mais firmemente o traje da opressão em torno de si. Olhais para dentro de vós mesmos e pensais que Deus vos abandonou. Deveis olhar para Cristo. Em Mim, diz Cristo, tereis paz. Entrando em comunhão com o nosso Salvador, penetramos na região da paz.
Satanás é nosso destruidor, mas Cristo é nosso Restaurador. Precisamos exercitar constantemente a fé, e confiar em Deus, sejam quais forem os nossos sentimentos. Isaías afirma: "Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confia no nome do Senhor e firme-se sobre o seu Deus." Isa. 50:10. Podeis dizer com o salmista: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo; o Teu bordão e o Teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre." Sal. 23:4-6. "Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis. Aconselhou-se com o povo e ordenou cantores para o Senhor, que..., marchando à frente do exército, louvassem a Deus, dizendo: Rendei graças ao Senhor, porque a Sua misericórdia dura para sempre. Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o Senhor emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os do Monte Seir que vieram contra Judá, e foram desbaratados." II Crón. 20:20-22. "Para vós outros, portanto, os que credes, Ele é precioso." Considerai o fato de que o Senhor deu o Seu Filho unigénito, "para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16. Review and Herald, 19 de maio de 1896.

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