Dos quatro escritores do Evangelho, somente Mateus usa o
termo "perfeito" (teleios). Esta palavra aparece duas vezes no seu
Evangelho (Mat. 5:48; 19:21) como palavras do próprio Jesus.
Mat. 5:48
"Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso
Pai celeste." (Mat. 5:48). Estas palavras frequentemente citadas de Jesus
sumarizam e são climáticas de toda a série de Seus pronunciamentos que foram
dirigidos contra a piedade legalística dos escribas e fariseus. Falando
enfaticamente, em Sua autoridade como o Messias, Cristo trouxe a verdadeira e
perfeita interpretação messiânica de Moisés e dos profetas. Sendo o Rei de
Israel, Ele personificou o Reino de Deus.
As declarações de Jesus em Mateus 5-7 são todas coloridas e
direcionadas ao final estabelecimento do
Reino de Deus em glória. Tendo afirmado Sua lealdade a Moisés e aos profetas (5:17-19), Jesus reiterou fortemente a antiga mensagem profética de que piedade externa e observância da lei ainda não qualificavam a alguém para o Reino de Deus. "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus." (Mat. 5:20).
Reino de Deus em glória. Tendo afirmado Sua lealdade a Moisés e aos profetas (5:17-19), Jesus reiterou fortemente a antiga mensagem profética de que piedade externa e observância da lei ainda não qualificavam a alguém para o Reino de Deus. "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus." (Mat. 5:20).
Quão longe estava Jesus de criar uma antítese entre Moisés e
Sua própria redenção messiânica, aparece de novo de Suas palavras: "Ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro
e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a
justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir
aquelas!" (Mat. 23:23).
Cristo diferenciou no Torah, entre assuntos "mais
pesados" da lei e aqueles de importância secundária; entre seus princípios
centrais da graça, fé e justiça e observâncias rituais externas. Ele não
rejeitou a adoração do Templo e seus serviços sacerdotais, mas reviveu seus
objetivos reconciliatórios e santificadores. "Se, pois, ao trazeres ao
altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa perante o altar a tua oferta,
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua
oferta." (Mat. 5:23-24).
Os pré-requisitos que Jesus estimulava para entrar no Reino
de Deus parecem ser completamente os mesmos requerimentos sacerdotais exigidos
no velho concerto para entrada no santuário (Sal. 15).
Em Mat. 5, Jesus indicou seis vezes que Moisés e o Torah
deviam ser entendidos positivamente como motivados pelo amor a Deus e ao
semelhante. Assim, Jesus corrigiu as interpretações superficiais e inadequadas
dos escribas e fariseus. Desse modo, Jesus deu aos Judeus Seu Torah Messiânico.
Finalmente, Cristo explanou como o amor do Pai celestial, fluindo
imparcialmente para ambos os bons e os maus, é um perfeito amor que deve ser
imitado ou refletido pelos verdadeiros filhos de Deus. "Ouvistes que foi
dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai
os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos
do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir
chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes
somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o
mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste."
(Mat. 5:43-48).
Do contexto, se torna claro que Jesus não Se dirige aos
gentios que não conheciam a Moisés e o concerto, mas aos filhos de Israel que
conheciam a Deus como o seu Pai celestial. Eles foram tratados como filhos
salvos de Deus: "Vós sois o sal da terra." "Vós sois a luz do
mundo." (v. 13,14).
A experiência redentora de Israel é definitivamente
pressuposta. Aqueles que têm testado o gracioso amor de Deus são agora chamados
por Jesus para manifestar esse amor redentor a seus semelhantes, mesmo a seus
inimigos. Como filhos de Deus, eles não podem senão seguir em Seus passos e
revelar Seu espírito.
A ordem de Cristo a Seus discípulos de que eles sejam tão
perfeitos quanto o seu Pai celestial é desse modo, tanto uma promessa como um
dever, um dom e uma demanda. Isto não é um ideal que no melhor se consegue
apenas uma aproximação, mas nunca atingido. Pelo contrário, perfeição cristã
implica numa experiência pessoal do amor salvador do Deus de Israel e a
manifestação de seu poder santificador em amor sincero a todos os que
necessitam de nossa ajuda.
Este amor, disse Jesus, não é uma perfeição inatingível, mas
uma realidade que "deve" ser experimentada e radiada aqui e agora
pelos filhos do Pai celestial. Aqueles que são amados por Deus podem e
irradiarão este amor a seus semelhantes, mesmo quando os semelhantes sejam
hostis, inimigos. Este perfeito amor, ou amor de todo o coração, é perfeição em
ação. Esta perfeição do Evangelho é o reavivamento dos princípios do perfeito
amor como proclamado por Moisés e os profetas (Deu. 6:5; Lev. 19:18).
Mateus 19:21
O segundo uso da palavra "perfeito" (teleios) por
Mateus, aparece em Mat. 19:21: "Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito,
vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e
segue-me."
Enquanto o Sermão do Monte enfatizava a básica harmonia e
continuidade do Velho e o Novo Concertos, Mateus também deseja revelar por que
a fé cristã e o judaísmo rabínico divergem. A história do príncipe jovem rico
pode ser vista como o encontro crucial do Farisaico Judaísmo e Jesus Cristo.
Para a sincera pergunta do príncipe: "Que farei eu de bom, para alcançar a
vida eterna?", Cristo referiu-lhe primeiro as Santas Escrituras e o
concerto de Deus: "Se queres... entrar na vida, guarda os
mandamentos." (Mat. 19:17).
Quando o jovem finalmente asseverou: "Tudo isso tenho
observado; que me falta ainda?" (Mat. 19:20), ele revelou uma necessidade
de segurança pessoal de salvação. Faltava-lhe a experiência redentora do amor
perdoador de Deus como oferecido nas Escrituras e no serviço do Templo. Em
realidade, portanto, ele não tinha observado o Torah, desde que ele não tinha
conhecimento do seguro amor salvador de Deus. Cristo, contudo, ofereceu-lhe o
que lhe faltava por um direto chamado para estar com Ele e participar de Sua
comunhão salvadora: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá
aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me." (Mat.
19:21).
O teste crucial não foi a venda de suas posses, mas se o
príncipe rico aceitaria a Jesus de Nazaré como o Messias Salvador a ser seguido
e desejaria isso acima de todos os tesouros terrestres. O príncipe judeu fora
ensinado a amar a Yahweh de todo o seu coração e toda a sua alma. Agora Jesus
reivindicava este supremo amor do jovem, prometendo-lhe que ele seria
"perfeito" se ele seguisse a Jesus como o Filho de Deus e O aceitasse
como o seu Salvador e Senhor pessoal.
De acordo com Jesus, consequentemente, perfeição existe não
em praticar atos de sacrifício próprio pelo próximo, mas no companheirismo de
Cristo, seguindo Seus passos na comunhão com Ele. O teste real para o líder
judeu não foi se ele estava disposto a dar abundantemente para os pobres, mas
se ele aceitaria Jesus como a última autoridade a ser seguida e o Senhor divino de seu coração.
Recusando este chamado de Cristo, o príncipe revelou que
suas "muitas propriedades" eram o mais alto tesouro de seu coração.
Suas posses funcionavam como um ídolo de que Cristo tinha que libertá-lo, a fim
de lhe dar sua própria comunhão e reino.
Perfeição então, não é a luta por ideais éticos ou mesmo o
esforço para imitar ou copiar a vida de Cristo independente d´Ele, mas é
pertencer a Ele com inteiro e não dividido coração, e vivendo com Ele por Seu
poder salvador e santificador.
Como a perfeição é requerida de cada discípulo de Cristo
conforme Mat. 5:48, não exatamente de algum grupo especial dentro da Igreja,
todo crente cristão é colocado basicamente diante do mesmo teste, como o
príncipe jovem rico: renunciar cada tesouro pessoal ou ídolo a fim de seguir a
Jesus Cristo com um coração completo, não dividido.
Cristo deseja possuir o coração de cada cristão e
transformá-lo em um templo em que o Espírito Santo possa habitar e governar com
perfeito amor. Para tal, Ele prometeu a salvação final: "Bem-aventurados
os limpos de coração, porque verão a Deus." (Mat. 5:8). Assim, a perfeição
cristã é definida não pelo viver de alguém de acordo com a Lei moral, mas por
pertencer e seguir ao Senhor Jesus Cristo com um coração puro. Tais pessoas
"seguem o Cordeiro por onde quer que Ele vá" (Apo. 14:4).
Dr Hans LaRondelle
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