No poder do Espírito
devem os servos, escolhidos por Cristo, dar testemunho de seu Líder. O anelante
anseio do Salvador pela salvação dos pecadores, deve assinalar-lhes todos os
esforços. Por vozes humanas deve ser proclamado, e soar através do mundo, o
gracioso convite feito primeiro por Cristo: “Quem quiser, tome de graça da água
da vida.” Apocalipse 22:17. A igreja deve dizer: “Vem.” Todos os seus talentos
devem estar empenhados ativamente ao lado de Cristo. Os seguidores de Cristo
devem combinar-se num grande esforço por chamar a atenção do mundo para as
profecias da Palavra de Deus, as quais se cumprem rapidamente. A incredulidade
e o espiritismo estão se firmando no mundo. Hão de ficar agora frios e
descrentes aqueles a quem foi concedida grande luz? {T9 43.1}
Estamos no limiar do
tempo de angústia, e acham-se diante de nós perplexidades com que dificilmente
sonhamos. Um poder de baixo está levando os homens a guerrear contra o Céu. Os
seres humanos confederaram-se com agentes satânicos para anular a lei de Deus.
Os habitantes do mundo rapidamente se vão tornando como os do tempo de Noé, que
foram exterminados pelo dilúvio, e como os de Sodoma, que foram consumidos por
fogo que caiu do céu. {T9 43.2}
Os poderes de Satanás
estão a trabalhar para conservar o espírito dos homens alheio às realidades
eternas. O inimigo dispôs as coisas de maneira que servissem aos seus
propósitos. Atividades mundanas, desportos, as modas da época — são coisas que
ocupam o espírito de homens e mulheres. Diversões e leituras inúteis corrompem
o discernimento. Na estrada larga que leva à ruína eterna anda um cortejo
longo. O mundo, cheio de violência, festas e bebedice, está pervertendo a
igreja. A lei de Deus, o divino padrão de justiça, é considerada de nenhum
efeito. {T9 43.3}
Neste tempo — tempo de
alarmante iniquidade — uma nova vida, provinda da Fonte de toda a vida, deve
tomar posse dos que têm no coração o amor de Deus, e devem eles sair a
proclamar com poder a mensagem de um Salvador crucificado e ressurgido. Devem
fazer esforços fervorosos, incansáveis, para salvar os perdidos. Seu exemplo
deve ser de molde a exercer influência eficaz para o bem, naqueles que os
rodeiam. Devem ter por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento
de Cristo Jesus nosso Senhor. {T9 44.1}
Intenso fervor deve
agora tomar posse de nós. Nossas energias adormecidas devem ser despertadas e
dedicadas a esforços incansáveis. Obreiros consagrados necessitam sair ao
campo, preparando a estrada para o Rei, e alcançando vitórias em lugares novos.
Meu irmão, minha irmã, porventura não tem para vocês significação alguma a
circunstância de que todos os dias estão descendo à sepultura sem ser
advertidas nem estar salvas, pessoas ignorantes da necessidade de vida eterna e
da expiação que por elas fez o Salvador? Nada significa que em breve o mundo
tenha que dar satisfações a Jeová por Sua lei violada? Anjos celestiais
maravilham-se de que os que há tantos anos possuem a luz, não tenham ainda
levado a tocha da verdade aos lugares escuros da Terra. {T9 44.2}
O infinito valor do
sacrifício requerido para a nossa redenção revela que o pecado é um mal
tremendo. Deus poderia haver apagado da criação essa mancha abominável,
varrendo de sobre a face da Terra o pecador. Mas Ele “amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n´Ele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16. Por que, então, não somos mais
fervorosos? Por que está ocioso um tão grande número de pessoas? Por que não
estão todos os que professam amar a Deus, procurando iluminar seus vizinhos e
companheiros, para que não negligenciem por mais tempo tão grande salvação? {T9
44.3}
Falta de simpatia
Entre os professos
cristãos de hoje há tremenda falta de simpatia que deveria ser sentida pelas
pessoas que devem ser salvas. A menos que nos pulse o coração em uníssono com o
de Cristo, como podemos compreender a santidade e importância da obra para a qual
somos chamados pelas palavras que mandam velar pelas pessoas “como aqueles que hão-de
dar conta delas”? Hebreus 13:17. Falamos em missões cristãs. Ouve-se o som de
nossas vozes; sentimos, porém, os compassivos anelos do coração de Cristo pelas
criaturas? {T9 45.1}
O Salvador era um
obreiro incansável. Não media o trabalho por horas. Tempo, coração, energia,
tudo Ele deu ao serviço em benefício da humanidade. Dias inteiros eram
dedicados ao trabalho, e noites inteiras passadas em oração, a fim de ser fortalecido
para enfrentar o astuto inimigo em todas as suas enganadoras atuações, e para
realizar Sua obra de reerguimento e restauração da humanidade. {T9 45.2}
O homem que ama a Deus
não mede o trabalho pelo sistema das oito horas. Trabalha em todo o tempo, e
nunca se acha fora de seu posto de dever. Sempre que se lhe ofereça
oportunidade, faz o bem. Em toda parte, em qualquer tempo e lugar, encontra
ensejo de trabalhar para Deus. Onde quer que vá, leva consigo uma espécie de
fragrância. Uma agradável atmosfera o rodeia. A beleza de sua vida bem-ordenada
e consagrada maneira de falar inspira aos outros fé, esperança e coragem. {T9
45.3}
É de missionários de
coração que se precisa. Esforços esporádicos pouco bem farão. Temos de atrair a
atenção. Temos de ser profundamente fervorosos. {T9 45.4}
Mediante trabalho
intensivo, em meio de oposição, perigo, perda e sofrimento humano, deve ser
levada avante a obra da salvação. Em certa batalha, quando um dos regimentos
das forças atacantes estava sendo repelido pelas hostes inimigas, o
porta-bandeira permaneceu firme em campo, enquanto as forças recuavam. O
comandante gritou-lhe para trazer de volta o pavilhão, mas sua resposta foi:
“Traga os homens para junto da bandeira!” Este é o trabalho que se apresenta a
todo porta-bandeira: congregar os homens em torno do estandarte. O Senhor nos
convida à inteira consagração. Sabemos todos que o pecado de muitos professos
cristãos consiste em faltar-lhes o ânimo e a energia para eles mesmos
alcançarem a norma, e levar a fazer o mesmo os que se lhes acham ligados. {T9
45.5}
De todos os países soa
o clamor macedónico: “Passa e ajuda-nos!” Atos dos Apóstolos 16:9. Deus tem
aberto campos perante nós, e se os agentes humanos tão-somente cooperassem com
os divinos, muitas, muitas pessoas seriam ganhas para a verdade. Mas o professo
povo do Senhor tem estado a dormir junto ao trabalho que lhe foi designado, o
qual em muitos lugares permanece relativamente intocado. Deus tem enviado
mensagens após mensagens para despertar nosso povo a fim de fazer alguma coisa.
Mas ao chamado: “A quem enviarei?” poucos têm respondido: “Eis-me aqui,
envia-me a mim.” Isaías 6:8. {T9 46.1}
Quando a ignomínia da
indolência e preguiça tiver sido afastada da igreja, o Espírito do Senhor Se
manifestará graciosamente. Revelar-se-á o poder divino. A igreja verá a
providencial atuação do Senhor dos Exércitos. A luz da verdade brilhará em
raios claros, fortes, e, como no tempo dos apóstolos, muitos volverão do erro
para a verdade. A Terra será iluminada com a glória do Senhor. {T9 46.2}
Os anjos celestiais
têm esperado longamente que os agentes humanos — os membros da igreja — com
eles cooperem na grande obra a ser feita. Eles continuam esperando por nós. Tão
vasto é o campo, tão amplo o objetivo, que todo coração santificado será levado
para o serviço, como instrumento do poder divino. {T9 46.3}
Ao mesmo tempo haverá
um poder atuando de baixo. Enquanto os divinos agentes de misericórdia
trabalham por meio de consagrados seres humanos, Satanás põe em atuação as suas
forças, dominando a todos os que se submeterem ao seu controle. Haverá muitos
senhores e diversos deuses. Ouvir-se-á o clamor: “Eis aqui o Cristo”, e “Ei-Lo
ali”. Mateus 25:20. Por toda parte será vista a profunda conspiração de
Satanás, com o propósito de distrair do dever presente a atenção de homens e
mulheres. Haverá sinais e maravilhas. Mas os olhos da fé discernirão em todas
essas manifestações prenúncios do grandioso e tremendo futuro, e dos triunfos
que esperam o povo de Deus. {T9 47.1}
Trabalhemos, oh! Trabalhemos,
tendo em vista a eternidade! Tenhamos presente que todas as faculdades devem
ser santificadas. Uma grande obra tem que ser feita. Saia de lábios sinceros a
prece: “Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o Seu
rosto sobre nós. Para que se conheça na Terra o Teu caminho, e em todas as
nações a Tua salvação.” Salmos 67:1, 2. {T9 47.2}
Os que reconhecem, em
proporção limitada que seja, o que significa a redenção para si e para seus
semelhantes, andarão pela fé, e compreenderão em certa medida as vastas
necessidades da humanidade. Seu coração será movido de compaixão ao verem a
grande miséria de nosso mundo — a miséria das multidões que sofrem privações de
alimento e roupa, e a miséria moral de milhares que se acham sob as sombras de
uma terrível condenação, em comparação com a qual o sofrimento físico se reduz
a nada. {T9 47.3}
Tenham presente os
membros da igreja que o fato de se acharem os seus nomes nos livros da igreja
não os salvará. Devem mostrar-se aprovados por Deus, obreiros que não têm de
que se envergonhar. Dia a dia devem formar o seu caráter de acordo com as
instruções de Cristo. Devem permanecer nEle, exercendo constantemente a fé em
Cristo. Assim crescerão até à estatura completa de homens e mulheres em Cristo
— cristãos sadios, animados e gratos, guiados por Deus para a luz cada vez mais
clara. Se assim não for, achar-se-ão entre os que um dia proferirão a amarga
lamentação: “Passou a sega, findou o verão, e não estou salvo! Jeremias 8:20.
Por que não me refugiei na Fortaleza? Por que brinquei com o assunto da
salvação e desprezei o Espírito da graça?” {T9 48.1}
“O grande dia do
Senhor está perto, está perto, e se apressa muito.” Sofonias 1:14. Tenhamos
calçados os pés com os sapatos do evangelho, prontos para marchar imediatamente
à primeira ordem. Cada hora, cada minuto, é precioso. Não temos tempo para
gastar com a satisfação dos nossos próprios desejos. Ao nosso redor há vidas
que perecem em pecado. Cada dia há alguma coisa para fazer por nosso Senhor e
Mestre. Cada dia devemos apontar aos perdidos o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo. {T9 48.2}
“Por isso, estai vós
apercebidos também, porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis.” Mateus 24:44. Vamos nos recolher, à noite, tendo confessado cada
pecado. Assim fazíamos quando, em 1844, esperávamos encontrar nosso Senhor. E
agora esse evento está mais perto do que quando aceitamos a fé. Estejamos
sempre prontos: à noite, de manhã e ao meio-dia, para que, quando se ouvir o
clamor: “Aí vem o Esposo! Saí-Lhe ao encontro!” (Mateus 25:6), possamos, mesmo
que tenhamos de ser despertados do sono, ir-Lhe ao encontro com as lâmpadas
espevitadas e acesas. {T9 48.3}
Sem comentários:
Enviar um comentário