A santificação que ora adquire preeminência no mundo
religioso, traz consigo o espírito de exaltação própria e o desrespeito pela
lei de Deus, que a estigmatizam como estranha a religião da Escritura Sagrada.
Seus defensores ensinam que a santificação é obra instantânea, pela qual,
mediante a fé apenas, alcançam perfeita santidade. “Crede tão-somente,” dizem,
“e a bênção será vossa.” Nenhum outro esforço, por parte do que recebe, se
pressupõe necessário. Ao mesmo tempo negam a autoridade da lei de Deus,
insistindo em que estão livres da obrigação de guardar os mandamentos. Mas é
possível aos homens ser santos, de acordo com a vontade e caráter de Deus, sem
ficar em harmonia com os princípios que são a expressão de Sua natureza e
vontade, e que mostram o que Lhe é agradável? {RR 7.5}
O desejo de uma religião fácil, que não exija esforço,
renúncia, nem ruptura com as loucuras do mundo, tem tornado popular a doutrina
da fé, e da fé somente; mas que diz a Palavra de Deus? Declara o apóstolo
Tiago: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as
obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? Mas, ó homem vão, queres tu saber que a
fé sem as obras é morta? Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado
pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé
cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada. Vedes,
então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.” Tiago
2:14, 20-22, 24. {RR 8.1}
O testemunho da Palavra de Deus é contra esta perigosa
doutrina da fé sem as obras. Não é fé pretender o favor do Céu sem cumprir as
condições necessárias para que a graça seja concedida: é presunção; pois que a
fé genuína se fundamenta nas promessas e disposições das Escrituras. {RR 8.2}
Ninguém se engane com a crença de que pode tornar-se
santo enquanto voluntariamente transgride um dos mandamentos de Deus. Um pecado
cometido deliberadamente faz silenciar a voz testemunhadora do Espírito e
separa a pessoa de Deus. ... Conquanto João em suas epístolas trate tão
amplamente do amor, não hesita, todavia, em revelar o verdadeiro caráter dessa
classe de pessoas que pretende ser santificada ao mesmo tempo em que vive a
transgredir a lei de Deus. “Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus
mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a
Sua Palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado.” 1 João
2:4, 5. Esta é a pedra de toque de toda profissão de fé. Não podemos atribuir
santidade a qualquer pessoa sem julgá-la pela medida da única norma divina de
santidade, no Céu e na Terra. ... E a alegação de estarem sem pecado é em si
mesma evidência de que aquele que a alimenta longe está de ser santo. É porque
não tem nenhuma concepção verdadeira da infinita pureza e santidade de Deus, ou
do que devem ser os que se hão de harmonizar com Seu caráter; é porque não
apreendeu o verdadeiro conceito da pureza e suprema beleza moral de Jesus, bem
como da malignidade e horror do pecado, que o homem pode considerar-se santo.
Quanto maior a distância entre ele e Cristo, e quanto mais impróprias forem
suas concepções do caráter e requisitos divinos, tanto mais justo parecerá a
seus próprios olhos. {RR 8.3}
Sem comentários:
Enviar um comentário