A queda do homem encheu o Céu todo de tristeza. O mundo que
Deus fizera estava manchado pela maldição do pecado, e habitado por seres
condenados à miséria e morte. Não parecia haver meio pelo qual pudessem escapar
os que tinham transgredido a lei. Os anjos cessaram os seus cânticos de louvor.
Por toda a corte celestial havia pranto pela ruína que o pecado ocasionara. {PP
33.1}
O Filho de Deus, o glorioso Comandante do Céu, ficou tocado
de piedade pela raça decaída. Seu coração moveu-se de infinita compaixão ao
erguerem-se diante d´Ele os ais do mundo perdido. Entretanto o amor divino
havia concebido um plano pelo qual o homem poderia ser remido. A lei de Deus,
quebrantada, exigia a vida do pecador. Em todo o Universo não havia senão um
Ser que, em favor do homem, poderia satisfazer as suas reivindicações. Visto
que a lei divina é tão sagrada como o próprio Deus, unicamente um Ser igual a
Deus poderia fazer expiação por sua transgressão. Ninguém, a não ser Cristo, poderia redimir da
maldição da lei o homem decaído, e levá-lo novamente à harmonia com o Céu.
Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado — pecado tão ofensivo
para um Deus santo que deveria separar entre Si o Pai e o Filho. Cristo
atingiria as profundidades da miséria para libertar a raça que fora
arruinada.{PP 33.2}
Perante o Pai pleiteou Ele em prol
do pecador, enquanto a hoste celestial aguardava o resultado com um interesse
de tal intensidade que palavras não o poderão exprimir. Mui prolongada foi
aquela comunhão misteriosa — o “conselho de paz” (Zacarias 6:13) em prol dos
decaídos filhos dos homens. O plano da salvação fora estabelecido antes
da criação da Terra; pois Cristo é “o Cordeiro morto desde a fundação do mundo”
(Apocalipse 13:8); foi, contudo, uma luta, mesmo para o Rei do Universo,
entregar Seu Filho para morrer pela raça culposa. Mas “Deus amou o mundo de tal
maneira que deu Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n´Ele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. João
3:16. Oh, que mistério da redenção! o amor de Deus por um mundo que O não
amou! Quem pode conhecer as profundidades daquele amor que “excede todo o
entendimento?” Durante séculos eternos, mentes imortais, procurando entender o
mistério daquele amor incompreensível, maravilhar-se-ão e adorarão.{PP 33.3}
Deus ia ser manifesto em Cristo, “reconciliando consigo o
mundo”. 2 Coríntios 5:19. O homem se tornara tão degradado pelo pecado que lhe
era impossível, por si mesmo, andar em harmonia com Aquele cuja natureza é
pureza e bondade. Mas Cristo, depois de ter remido o homem da condenação da
lei, poderia comunicar força divina para se unir com o esforço humano. Assim,
pelo arrependimento para com Deus e fé em Cristo, os caídos filhos de Adão
poderiam mais uma vez tornar-se “filhos de Deus”. 1 João 3:2. {PP 33.4}
O plano pelo qual poderia unicamente conseguir-se a salvação
do homem, abrangia o Céu todo em seu infinito sacrifício. Os anjos não puderam
regozijar-se ao desvendar-lhes Cristo o plano da redenção; pois viram que a
salvação do homem deveria custar a indizível mágoa de seu amado Comandante. Com
pesar e admiração escutaram as Suas palavras ao contar-lhes Ele como deveria
descer da pureza e paz do Céu, de sua alegria, glória e vida imortal, e vir em
contato com a degradação da Terra, para suportar suas tristezas, ignomínia e
morte. Ele deveria ficar entre o pecador e a pena do pecado; poucos, todavia, O
receberiam como o Filho de Deus. Deixaria Sua elevada posição como a Majestade
do Céu, apareceria na Terra e humilhar-Se-ia como um homem, e, pela Sua própria
experiência, familiarizar-Se-ia com as tristezas e tentações que o homem teria
de enfrentar. Tudo isto seria necessário a fim de que Ele pudesse socorrer os
que fossem tentados. Hebreus 2:18. Quando Sua missão como ensinador estivesse
terminada, deveria ser entregue nas mãos de homens ímpios, e ser submetido a
todo insulto e tortura que Satanás os poderia inspirar a infligir. Deveria
morrer a mais cruel das mortes, suspenso entre o céu e a Terra como um pecador
criminoso. Deveria passar longas horas de agonia tão terrível que anjos não
poderiam olhar para isso, mas velariam o rosto para não verem aquele quadro.
Deveria suportar aflição de alma, a ocultação da face do Pai, enquanto a culpa
da transgressão — o peso dos pecados do mundo inteiro — estivessem sobre Ele.{PP
34.1}
Os anjos prostraram-se aos pés de Seu Comandante, e
ofereceram-se para serem sacrifício para o homem. Mas a vida de um anjo não poderia pagar a dívida;
apenas Aquele que criara o homem tinha poder para o redimir. Contudo, deveriam
os anjos ter uma parte a desempenhar no plano da redenção. Cristo havia de
fazer-Se “um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte”.
Hebreus 2:9. Tomando
Ele sobre Si a natureza humana, Sua força não seria igual à deles, e deveriam
eles ministrar-Lhe, fortalecê-Lo em Seus sofrimentos, e mitigar-Lhos. Deveriam
também ser espíritos ministradores, enviados para ministrarem a favor daqueles
que seriam herdeiros da salvação. Hebreus 1:14. Eles guardariam os súbditos
da graça, do poder dos anjos maus, e das trevas arremessadas constantemente em
redor deles por Satanás.{PP 34.2}
Quando os anjos testemunhassem a agonia e humilhação de seu Senhor,
encher-se-iam de dor e indignação, e desejariam livrá-Lo de Seus assassinos;
mas não deveriam intervir a fim de evitar qualquer coisa que vissem. Fazia
parte do plano da redenção que Cristo sofresse o escárnio e mau trato de homens
ímpios; e Ele consentiu com tudo isto quando Se tornou o Redentor do homem.
{PP 34.3}
Cristo assegurou aos anjos que pela Sua morte resgataria a
muitos, e destruiria aquele que tinha o poder da morte. Recuperaria o reino que
o homem perdera pela transgressão, e os remidos deveriam herdá-lo com Ele, e
nele habitar para sempre. Pecado e pecadores seriam extintos, para nunca mais
perturbarem a paz do Céu ou da Terra. Ele ordenou que o exército angélico
estivesse de acordo com o plano que Seu Pai aceitara, e se alegrasse de que,
pela Sua morte, o homem decaído pudesse reconciliar-se com Deus.{PP 35.1}
Então alegria, inexprimível alegria, encheu o Céu. A glória
e bem-aventurança de um mundo remido sobrepujaram mesmo a angústia e sacrifício
do Príncipe da vida. Pelos paços celestiais ecoaram os primeiros acordes
daquele cântico que deveria soar por sobre as colinas de Belém: “Glória a Deus
nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens”. Lucas 2:14. Com
mais intensa alegria então do que no enlevo da criação recém-feita, “as
estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus
rejubilavam”. Jó 38:7.{PP 35.2}
Para o homem, a primeira indicação de redenção foi dada na
sentença pronunciada sobre Satanás, no jardim. Declarou o Senhor: “Porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. Génesis 3:15. Esta sentença,
proferida aos ouvidos de nossos primeiros pais, foi para eles uma promessa. Ao
mesmo tempo em que predizia guerra entre o homem e Satanás, declarava que o
poder do grande adversário finalmente seria quebrado. Adão e Eva achavam-se
como criminosos diante do justo Juiz, esperando a sentença em que pela
transgressão tinham incorrido; mas antes que ouvissem da vida de lutas e
tristezas que devia ser a sua porção, ou o decreto de que deviam voltar ao pó,
escutaram palavras que não poderiam deixar de lhes dar esperança. Posto que
devessem sofrer pelo poder de seu forte adversário, poderiam olhar no futuro
para a vitória final.{PP 35.3}
Quando Satanás ouviu que existiria inimizade entre ele e a
mulher, e entre sua semente e a semente dela, viu que sua obra de degenerar a
natureza humana seria interrompida; que por algum meio o homem se habilitaria a
resistir a seu poder. Sendo, contudo, o plano da salvação mais amplamente
patenteado, Satanás regozijou-se com seus anjos de que, tendo ocasionado a
queda do homem, faria baixar o Filho de Deus de Sua exaltada posição. Declarou
que até ali haviam sido os seus planos muito bem-sucedidos na Terra, e que,
quando Cristo tomasse sobre Si a natureza humana, Ele também poderia ser
vencido, e desta maneira ser impedida a redenção da raça decaída. {PP 35.4}
Anjos celestiais de maneira mais ampla patentearam a nossos
primeiros pais o plano que fora concebido para a sua salvação. Afirmou-se a
Adão e sua companheira que, apesar de seu grande pecado, não seriam eles
abandonados ao domínio de Satanás. O Filho de Deus Se oferecera, para expiar,
com Sua própria vida, a transgressão deles. Um período de graça lhes seria
concedido e, mediante o arrependimento e a fé em Cristo, poderiam de novo
tornar-se filhos de Deus. {PP 35.5}
O sacrifício exigido por sua transgressão, revelava a Adão e
Eva o caráter sagrado da lei de Deus; e viram, como nunca antes o fizeram, a
culpabilidade do pecado, e seus funestos resultados. Em seu remorso e angústia
rogaram que a pena não recaísse n´Aquele cujo amor havia sido a fonte de toda a
sua alegria; antes, que repousasse sobre eles e sua posteridade.{PP 36.1}
Foi-lhes dito que, visto ser a lei de Jeová o fundamento de
Seu governo no Céu assim como na Terra, mesmo a vida de um anjo não poderia ser
aceita como sacrifício por sua transgressão. Nenhum de seus preceitos poderia
ser anulado ou mudado para valer ao homem em sua condição decaída; mas o Filho
de Deus, que criara o homem, poderia fazer expiação por ele. Assim como a
transgressão de Adão tinha trazido miséria e morte, o sacrifício de Cristo
traria vida e imortalidade.{PP 36.2}
Não somente o homem mas também a Terra tinha pelo pecado
vindo sob o poder do maligno, e deveria ser restaurada pelo plano da redenção.
Ao ser criado, foi Adão posto no domínio da Terra. Mas, cedendo à tentação, foi
levado sob o poder de Satanás. “Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se
também servo”. 2 Pedro 2:19. Quando o homem se tornou cativo de Satanás, o
domínio que exercera passou para o seu vencedor. Assim Satanás se tornou o
“deus deste século”. 2 Coríntios 4:4. Ele usurpou aquele domínio sobre a Terra,
que originalmente fora dado a Adão. Cristo, porém, pagando pelo Seu sacrifício
a pena do pecado, não somente remiria o homem mas restabeleceria o domínio que
ele perdera. Tudo que foi perdido pelo primeiro Adão será restaurado pelo
segundo. Diz o profeta: “E a Ti, ó Torre do rebanho, monte da filha de Sião, a
Ti virá; sim, a Ti virá o primeiro domínio”. Miqueias 4:8. E o apóstolo Paulo
aponta para a “redenção da possessão de Deus”. Efésios 1:14. Deus criou a Terra
para ser a morada de seres santos, felizes. O Senhor “formou a Terra, e a fez;
Ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada”.
Isaías 45:18. Aquele propósito se cumprirá, quando, renovada pelo poder de
Deus, e libertada do pecado e tristeza, se tornar a eterna habitação dos
remidos. “Os justos herdarão a Terra, e habitarão nela para sempre”. Salmos
37:29. “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono
de Deus e do Cordeiro, e os Seus servos O servirão”. Apocalipse 22:3.{PP 36.3}
Adão, em sua inocência, havia desfrutado ampla comunhão com
seu Criador; mas o pecado opera separação entre Deus e o homem, e unicamente a
obra expiatória de Cristo poderia transpor o abismo, e tornar possível a
comunicação de bênçãos ou salvação, do Céu à Terra. O homem ainda estava
desligado de uma aproximação direta com o seu Criador, mas Deus Se comunicaria
com ele por meio de Cristo e os anjos. {PP 36.4}
Assim, foram revelados a Adão fatos importantes na história
da humanidade, desde o tempo em que a sentença divina fora pronunciada no Éden,
até o dilúvio, e, a seguir, até o primeiro advento do Filho de Deus.
Mostrou-se-lhe que, conquanto o sacrifício de Cristo fosse de valor suficiente
para salvar o mundo inteiro, muitos prefeririam uma vida de pecado em vez de
arrependimento e obediência. O crime aumentaria durante gerações sucessivas, e
a maldição do pecado repousaria mais e mais pesadamente sobre o género humano,
sobre os animais e sobre a Terra. Os dias do homem seriam abreviados pela sua própria
conduta de pecado; degenerar-se-ia ele em sua estatura e resistência física, e
em sua faculdade moral e intelectual, até que o mundo se enchesse de misérias
de todo o tipo. Mediante a satisfação do apetite e paixão, tornar-se-iam os
homens incapazes de apreciar as grandes verdades do plano da redenção. Cristo,
no entanto, fiel ao propósito pelo qual deixou o Céu, continuaria Seu interesse
pelos homens, e ainda os convidaria a esconder n´Ele suas fraquezas e
deficiências. Supriria as necessidades de todos os que a Ele viessem pela fé. E
sempre haveria alguns que preservariam o conhecimento de Deus, e permaneceriam
incontaminados por entre a iniquidade que prevaleceria.{PP 37.1}
As ofertas sacrificais foram ordenadas por Deus a fim de
serem para o homem uma perpétua lembrança de seu pecado, e um reconhecimento de
arrependimento do mesmo, bem como seriam uma confissão de sua fé no Redentor
prometido. Destinavam-se a impressionar a raça decaída com a solene verdade de
que foi o pecado que causou a morte. Para Adão, a oferta do primeiro sacrifício
foi uma cerimónia dolorosíssima. Sua mão deveria erguer-se para tirar a vida, a
qual unicamente Deus podia dar. Foi a primeira vez que testemunhava a morte, e
sabia que se ele tivesse sido obediente a Deus não teria havido morte de homem
ou
animal. Ao matar a inocente vítima, tremeu com o pensamento de que seu
pecado deveria derramar o sangue do imaculado Cordeiro de Deus. Esta cena
deu-lhe uma intuição mais profunda e vívida da grandeza de sua transgressão,
que coisa alguma a não ser a morte do amado Filho de Deus poderia expiar. E
maravilhou-se com a bondade infinita que daria tal resgate para salvar o
culpado. Uma estrela de esperança iluminou o futuro tenebroso e terrível, e o
aliviou de sua desolação total.{PP 37.2}
Mas o plano da redenção tinha um propósito ainda mais vasto
e profundo do que a salvação do homem. Não foi para isto apenas que Cristo veio
à Terra; não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo
pudessem considerar a lei de Deus como devia ela ser considerada; mas foi para
reivindicar o caráter de Deus perante o Universo. Para este resultado de Seu
grande sacrifício, ou seja, a influência do mesmo sobre os entes de outros
mundos, bem como sobre o homem, olhou antecipadamente o Salvador quando
precisamente antes de Sua crucifixão disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora
será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos
atrairei a Mim”. João 12:31, 32. O ato de Cristo ao morrer pela salvação do
homem, não somente tornaria o Céu acessível à humanidade, mas perante todo o
Universo justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de
Satanás. Estabeleceria a perpetuidade da lei de Deus, e revelaria a natureza e
os resultados do pecado. {PP 37.3}
Desde o princípio a grande controvérsia fora a respeito da
lei de Deus. Satanás procurara provar que Deus era injusto, que Sua lei era
defeituosa, e que o bem do Universo exigia que ela fosse mudada. Atacando a
lei, visava ele subverter a autoridade de seu Autor. Mostrar-se-ia no conflito
se os estatutos divinos eram deficientes e passíveis de mudança, ou perfeitos e
imutáveis. {PP 38.1}
Quando Satanás foi arremessado do Céu, resolveu tornar a
Terra o seu reino. Quando tentou e venceu Adão e Eva, achou que havia adquirido
posse deste mundo; “porque”, dizia ele, “escolheram a mim como seu príncipe”.
Alegava que era impossível ser concedido o perdão ao pecador, e, portanto, a
raça decaída constituía legítimos súditos seus, e seu era o mundo. Mas Deus
dera o Seu amado Filho — igual a Ele mesmo, a fim de suportar a pena da
transgressão, e assim proveu um caminho pelo qual pudessem ser restabelecidos
ao Seu favor, e de novo trazidos ao seu lar edênico. Cristo empreendeu redimir
o homem, e livrar o mundo das garras de Satanás. O grande conflito iniciado no
Céu devia ser decidido no próprio mundo, no próprio campo que Satanás alegara
como seu.{PP 38.2}
Foi maravilha para todo o Universo que Cristo Se humilhasse
para salvar o homem decaído. Que
Aquele que passara de uma estrela para outra, de um mundo para outro, dirigindo
tudo, suprindo pela Sua providência as necessidades de toda a ordem de seres em
Sua vasta criação — que Ele consentisse em deixar Sua glória e tomar sobre Si a
natureza humana, era um mistério que os seres sem pecado de outros mundos
desejavam compreender. Quando Cristo veio ao nosso mundo sob a forma humana, todos
estavam profundamente interessados em acompanhá-Lo, ao percorrer Ele, passo a
passo, a vereda ensanguentada a partir da manjedoura ao Calvário. O Céu observou o insulto e zombaria que Ele recebeu,
e sabia que isto foi por instigação de Satanás. Notaram a operação das forças
contrárias a avançar, impelindo Satanás constantemente trevas, tristezas e
sofrimento sobre a raça, e estando Cristo a reagir contra isso. Observaram a
batalha entre a luz e as trevas, enquanto a mesma se tornava mais forte.
E ao clamar Cristo em Sua aflição mortal sobre a cruz: “Está consumado” (João
19:30), um brado de triunfo repercutiu por todos os mundos, e pelo próprio Céu.
A grande contenda que estivera em andamento durante tanto tempo neste mundo,
estava agora decidida, e Cristo era vencedor. Sua morte resolveu a questão de
terem ou não o Pai e o Filho amor suficiente pelo homem para exercerem a
abnegação e um espírito de sacrifício. Havia Satanás revelado seu verdadeiro
caráter de mentiroso e assassino. Viu-se que o mesmo espírito, com que
governara os filhos dos homens que estiveram sob o seu poder, ele teria
manifestado se lhe fora permitido governar os seres do Céu. Unanimemente o
Universo fiel uniu-se no engrandecimento da administração divina. {PP 38.3}
Se a lei pudesse ser mudada, ter-se-ia podido salvar o homem
sem o sacrifício de Cristo; mas o fato de que foi necessário Cristo dar a vida
pela raça caída prova que a lei de Deus não livrará o pecador de suas
reivindicações sobre ele. Está demonstrado que o salário do pecado é a morte.
Quando Cristo morreu, ficou assegurada a destruição de Satanás. Mas, se a lei
foi abolida na cruz, como muitos pretendem, a agonia e morte do amado Filho de
Deus foram suportadas unicamente para dar a Satanás exatamente o que ele pedia;
triunfou então o príncipe do mal, foram sustentadas suas acusações contra o
governo divino. O próprio fato de que Cristo suportou a pena da transgressão do
homem, é um poderoso argumento a todos os seres criados, de que a lei é
imutável; que Deus é justo, misericordioso, e abnegado; e que a justiça e
misericórdia infinitas unem-se na administração de Seu governo.{PP 39.1}
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