“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o
que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” Provérbios 28:13.{CC 37.1}
As condições para obter misericórdia de Deus são simples,
justas e razoáveis. O Senhor não requer de nós atos penosos a fim de que
alcancemos o perdão dos pecados. Não precisamos empreender longas e cansativas
peregrinações, nem praticar duras penitências a fim de recomendar nossa alma ao
Deus do Céu ou expiar nossas transgressões; mas o que confessa os seus pecados
e os deixa, alcançará misericórdia.{CC 37.2}
Diz o apóstolo: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e
orai uns pelos outros, para que sareis.” Tiago 5:16. Confessai vossos pecados a
Deus, que é o único que os pode perdoar, e vossas faltas uns aos outros. Se
ofendestes a vosso amigo ou vizinho, deveis reconhecer vossa culpa, e é seu
dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar então o perdão de Deus, porque o
irmão a quem feristes é propriedade de Deus e, ofendendo-o, pecastes contra seu
Criador e Redentor. O caso será levado perante o único Mediador verdadeiro,
nosso grande Sumo Sacerdote, que “como nós, em tudo foi tentado, mas sem
pecado”, e que Se compadece “das nossas fraquezas” (Hebreus 4:15), sendo apto
para purificar-nos de toda mancha de iniqüidade.{CC 37.3}
Os que não humilharam ainda a alma perante Deus,
reconhecendo sua culpa, não cumpriram ainda a primeira condição de
aceitabilidade. Se não experimentamos ainda aquele arrependimento do qual não
há arrepender-se, e não confessamos os nossos pecados, com verdadeira
humilhação de alma e contrição de espírito, aborrecendo nossa iniqüidade, nunca
procuramos verdadeiramente o perdão dos pecados; e se nunca buscamos a paz de
Deus, nunca a encontramos. A única razão por que não temos a remissão dos
pecados passados, é não estarmos dispostos a humilhar o coração e cumprir as
condições apresentadas pela Palavra da verdade. Acerca deste assunto são-nos
dadas explícitas instruções. A confissão de pecados, quer pública quer privada,
deve ser de coração, expressa francamente. Não deve ser obtida do pecador à
força de insistência. Não deve ser feita de maneira negligente ou folgazã, nem
extorquida dos que não reconhecem o abominável caráter do pecado. A confissão
que é o desafogo do íntimo da alma, achará o caminho ao Deus de infinita
piedade. Diz o salmista: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado
e salva os contritos de espírito.” Salmos 34:18. {CC 37.4}
A confissão verdadeira tem sempre caráter específico e faz
distinção de pecados. Estes podem ser de natureza que devam ser apresentados a
Deus unicamente; podem ser faltas que devam ser confessadas a pessoas que por
elas foram ofendidas; ou podem ser de caráter público, devendo então ser
confessados com a mesma publicidade. Toda confissão, porém, deve ser definida e
sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados dos quais sois culpados.{CC
38.1}
Nos dias de Samuel os israelitas apartaram-se de Deus.
Estavam sofrendo as conseqüências do pecado, pois haviam perdido a fé em Deus,
deixado de reconhecer Seu poder e sabedoria para governar a nação, perdido a
confiança em Sua capacidade de defender e reivindicar Sua causa. Volveram
costas ao grande Rei do Universo, desejando ser governados como as nações ao
seu redor. Para encontrar paz fizeram esta definida confissão: “A todos os
nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei.” 1
Samuel 12:19. Importava que confessassem justamente o pecado do qual tinham
sido convencidos. A ingratidão oprimia-lhes a alma, separando-os de Deus. {CC
38.2}
A confissão não será aceitável a Deus sem o sincero
arrependimento e reforma. E preciso que haja decisivas mudanças na vida; tudo
que seja ofensivo a Deus tem de ser renunciado. Este será o resultado da
genuína tristeza pelo pecado. A obra que nos cumpre fazer de nossa parte, é-nos
apresentada claramente: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos
atos de diante dos Meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem;
praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da
causa das viúvas.” Isaías 1:16-17. “Restituindo esse ímpio o penhor, pagando o
furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniqüidade, certamente
viverá, não morrerá.” Ezequiel 33:15. Paulo diz, falando da obra do
arrependimento: “Quanto cuidado não produziu isso mesmo em vós que, segundo
Deus, fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que
saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste
negócio.” 2 Coríntios 7:11.{CC 39.1}
Quando o pecado embota as percepções morais, o transgressor
já não discerne os defeitos de seu caráter, nem reconhece a enormidade do mal
que cometeu; e a menos que se renda ao poder persuasivo do Espírito Santo,
permanece em parcial cegueira quanto aos seus pecados. Suas confissões não são
sinceras e ferventes. A cada reconhecimento de seu pecado acrescenta uma
desculpa em justificação de seu procedimento, declarando que se não fossem
certas circunstâncias, não teria praticado este ou aquele ato, pelo qual está
sendo reprovado.{CC 40.1}
Depois de haverem Adão e Eva comido do fruto proibido,
ficaram cheios de um sentimento de vergonha e terror. A princípio seu único
pensamento era como desculpar seu pecado e escapar à temida sentença de morte.
Quando o Senhor os interrogou acerca de seu pecado, Adão respondeu, lançando a
culpa em parte sobre Deus e em parte sobre a companheira: “A mulher que me
deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.” A mulher lançou a culpa
sobre a serpente, dizendo: “A serpente me enganou, e eu comi.” Gênesis 3:12-13.
Por que fizeste a serpente? Por que lhe permitiste entrar no jardim? Estas eram
as perguntas que transpareciam das palavras com que procurava desculpar seu
pecado, lançando, assim, sobre Deus a responsabilidade de sua queda. O espírito
de justificação própria originou-se no pai da mentira, e tem sido manifestado
por todos os filhos e filhas de Adão. Confissões desta ordem não são inspiradas
pelo Espírito divino, e não são aceitáveis a Deus. O arrependimento verdadeiro
levará o homem a suportar ele mesmo sua culpa e reconhecê-la sem engano nem
hipocrisia. Como o pobre publicano, que nem ao menos os olhos ousava erguer ao
céu, clamará: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18:13) e os
que reconhecerem sua culpa serão justificados, pois Jesus apresenta Seu sangue
em favor da alma arrependida. {CC 40.2}
Os exemplos que a Palavra de Deus nos apresenta de genuíno
arrependimento e humilhação revelam um espírito de confissão em que não há
escusa do pecado, nem tentativa de justificação própria. Paulo não procurava
desculpar-se; pintava seus pecados nas cores mais negras, não procurando
atenuar sua culpa. Diz ele: “Encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando
os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por
todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente
contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.” Atos 26:10-11. Não hesita
em declarar que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos
quais eu sou o principal”. 1 Timóteo 1:15.{CC 41.1}
O coração humilde e contrito, rendido pelo arrependimento
genuíno, apreciará algo do amor de Deus e do preço do Calvário; e, como um
filho confessa sua transgressão a um amante pai, assim trará o verdadeiro
penitente todos os seus pecados perante Deus. E está escrito: “Se confessarmos
os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça.” 1 João 1:9.{CC 41.2}
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