Nosso vestuário não deve ser dispendioso - não "com
ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos". I Tim. 2:9.
O dinheiro é um legado de Deus. Não nos pertence para
gastá-lo na satisfação do orgulho ou da ambição. Nas mãos dos filhos de Deus é
alimento para o faminto e roupas para o nu. É uma defesa para o oprimido, um
meio de restituir a saúde ao enfermo, ou de pregar o evangelho ao pobre.
Poderíeis levar felicidade a muitos corações mediante o sábio emprego dos
recursos agora usados para exibição. Considerai a vida de Cristo. Estudai-Lhe o
caráter, e sede participantes de Seu espírito de renúncia.
No professo mundo cristão gasta-se com jóias e vestidos
desnecessariamente caros o que seria suficiente para alimentar todos os
famintos e vestir todos os nus. A moda e a ostentação absorvem os meios que
poderiam confortar os pobres e sofredores. Roubam ao mundo o evangelho do amor
do Salvador. Definham as Missões. Multidões perecem por falta de ensino
cristão. Ao pé de nossa porta e em terras estrangeiras, estão pagãos por
instruir e salvar. Quando Deus carregou a terra de Suas bênçãos, e encheu os
celeiros dos confortos da vida; quando nos tem tão abundantemente dado um
salvador conhecimento de Sua verdade, que desculpa teremos nós de permitir que
ascendam aos Céus os clamores das viúvas e dos órfãos, dos doentes e
sofredores, dos ignorantes e perdidos? No dia de Deus, quando levados face a
face com Aquele que deu a vida por esses necessitados, que desculpa terão os
que estão a gastar tempo e dinheiro em satisfações que Deus proíbe? A tais
pessoas não dirá Cristo: "Tive fome, e não Me destes de comer; tive sede,
e não Me destes de beber; ... estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e
na prisão, não Me visitastes"? Mat. 25:42 e 43.
Mas nossas roupas, conquanto modestas e simples, devem ser
de boa qualidade, de cores próprias, e adequadas ao uso. Devem ser escolhidas
mais com vistas à durabilidade do que à aparência. Devem proporcionar agasalho
e a devida proteção. A mulher prudente descrita nos Provérbios "não
temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa anda forrada de roupa
dobrada". Prov. 31:21.
Nosso vestuário deve ser asseado. O desasseio nesse sentido
é nocivo à saúde, e portanto contaminador para o corpo e a alma. "Sois o
templo de Deus. ... Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o
destruirá." I Cor. 3:16 e 17.
Sob qualquer aspecto, as roupas devem ser saudáveis. Acima
de tudo, Deus quer que tenhamos saúde (III João 2) - saúde de corpo e de alma.
E devemos ser coobreiros Seus tanto para a saúde de um como da outra. Ambas são
promovidas pelo vestuário saudável.
Ele deve possuir a graça, a beleza, a conveniência da
simplicidade natural. Cristo nos advertiu contra o orgulho da vida, mas não
contra sua graça e beleza naturais. Apontou às flores do campo, aos lírios
desabrochando em sua pureza, e disse: "Nem mesmo Salomão, em toda a sua
glória, se vestiu como qualquer deles." Mat. 6:29. Assim, pelas coisas da
natureza, Cristo ilustra a beleza apreciada pelo Céu, a graça modesta, a
simplicidade, a pureza, a propriedade que Lhe tornariam agradável nossa maneira
de vestir.
Ele nos manda que usemos o mais belo vestido na alma. Nenhum
adorno exterior se pode comparar em valor ou encanto àquele "espírito
manso e quieto, que é precioso diante de Deus". I Ped. 3:4.
Para os que fazem dos princípios do Salvador a sua guia,
quão preciosas são Suas palavras de promessa: "E quanto ao vestuário, por
que andais solícitos? ... Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe
e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós? ... Não andeis,
pois, inquietos, dizendo: ... Com que nos vestiremos? ... Decerto, vosso Pai
celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; mas buscai primeiro o
reino de Deus, e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas." Mat. 6:28, 30-33.
"Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em
Ti; porque ele confia em Ti." Isa. 26:3.
Que contraste oferece isto com a fadiga, o desassossego, a falta
de saúde e ruína que resultam do domínio da moda! Quão contrários aos
princípios dados nas Escrituras "Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a
Sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mat. 6:33, são
muitos dos modelos de roupa prescritos por ela! Pensai nos feitios que têm
dominado nos últimos cem anos, ou mesmo nas derradeiras décadas. Quantos deles,
quando não em moda, seriam declarados imodestos; quantos julgados inadequados
para uma senhora distinta, temente a Deus, e que se preza!
O fazer mudanças no vestuário só por amor da moda não é
aprovado pela Palavra de Deus. Modelos sempre variáveis e complicados, custosos
adornos, esbanjam o tempo e o dinheiro dos ricos, estragando-lhes as energias da
mente e da alma. Impõem às classes médias e mais pobres um pesado jugo. Muitos
dos que mal podem ganhar a subsistência e, com modas simples, seriam capazes de
fazer os próprios vestidos, são forçados a recorrer à costureira a fim de se
vestir segundo à moda. Muita moça pobre, para ter um vestido de estilo, tem-se
privado de agasalhadora roupa interna, pagando com a própria vida. Muitas
outras, cobiçando a exibição e a elegância dos ricos, têm sido incitadas a
caminhos desonestos e à vergonha. Muitos lares se têm privado de conforto,
muitos homens têm sido arrastados à fraude ou à bancarrota, para satisfazer às
extravagantes exigências da mulher e das filhas.
Muita mulher, forçada a fazer para si mesma ou para os
filhos, as extravagantes roupas demandadas pela moda, vê-se condenada a
incessante labuta. Muita mãe, com nervos tensos e trémulos dedos, trabalha
arduamente noite a dentro para ajuntar ao vestuário de seus filhos enfeites que
nada contribuem para a saúde, o conforto ou a verdadeira beleza. Por amor da
moda, ela sacrifica a saúde e a calma do espírito tão essenciais à conveniente
direção de seus filhos. É negligenciada a cultura da mente e do coração. A alma
fica atrofiada.
A mãe não tem tempo para estudar os princípios do
desenvolvimento físico, de modo a saber cuidar da saúde dos filhos. Não tem
tempo de ministrar-lhes às necessidades da mente e do espírito, nem para
manifestar terna simpatia para com eles em suas pequenas decepções e provas, ou
partilhar de seus interesses e empreendimentos.
Por assim dizer, logo que entram no mundo acham-se as
crianças sujeitas à influência da moda. Ouvem mais de vestidos do que do
Salvador. Vêem as mães consultando os figurinos com mais diligência do que a
Bíblia. A exibição de vestidos é tratada como sendo mais importante que o
desenvolvimento do caráter. Pais e filhos são privados daquilo que é melhor,
mais doce e mais verdadeiro na vida. Por amor da moda, são roubados da
preparação para a vida por vir.
Foi o adversário de todo o bem que instigou à invenção das
sempre mutáveis modas. Coisa alguma deseja ele tanto como ocasionar a Deus
pesar e desonra mediante a miséria e a ruína dos seres humanos. Um dos meios
por que ele o consegue mais eficazmente são as invenções da moda, que
enfraquecem o corpo da mesma maneira que debilitam a mente e amesquinham a
alma.
As mulheres são sujeitas a sérias enfermidades, e seus
sofrimentos são grandemente aumentados por sua maneira de vestir. Em lugar de
conservar a saúde para as emergências que certamente hão de vir, elas, por seus
hábitos errôneos, sacrificam, muitas vezes, não somente a saúde, mas a vida,
deixando a seus filhos um legado de sofrimento numa constituição arruinada, em
hábitos pervertidos e numa falsa idéia da vida.
Uma das invenções extravagantes e nocivas da moda são as
saias que varrem o chão. Desasseadas, desconfortáveis, inconvenientes, anti-higiénicas
- tudo isso e mais ainda se verifica quanto às saias que arrastam. São
extravagantes, tanto pelo desperdício de material exigido como pelo
desnecessário gasto, devido ao comprimento. E quem quer que tenha visto uma
senhora com uma saia de cauda, mãos cheias de embrulhos, tentando subir ou
descer uma escada, entrar num bonde, atravessar uma multidão, andar na chuva ou
num enlameado caminho, não necessita outras provas de sua inconveniência e incómodo.
Outro sério dano é o usar saias de modo que seu peso recaia
sobre os quadris. Esse excesso de peso, fazendo-se sentir sobre os órgãos
internos, puxa-os para baixo, causando fraqueza do estômago, e uma sensação de
lassitude, fazendo com que a pessoa que a traz se incline, o que mais ainda
comprime os pulmões, tornando mais difícil a respiração correta.
Nos últimos anos, tem-se discutido tanto os perigos resultantes
da compressão da cintura, que poucas pessoas os podem ignorar; todavia, tão
grande é o poder da moda, que o mal continua. Por essa prática estão as
senhoras e moças trazendo sobre si indizível dano. É essencial à saúde que o
peito tenha margem para expandir-se à sua máxima plenitude, a fim de os pulmões
poderem inspirar amplamente. Quando os pulmões são restringidos, é diminuída a
quantidade de oxigénio que recebem. O sangue não é devidamente vivificado, e
são retidos os resíduos, matéria venenosa que devia ser expelida pelos pulmões.
Além disso, a circulação é dificultada; e os órgãos internos são por tal forma
apertados e impelidos para fora do lugar que não podem realizar devidamente o
seu trabalho.
Espartilhos apertados não melhoram a forma do corpo. Um dos
principais elementos da beleza física é a simetria e a harmonia das suas várias
partes. E o modelo correto quanto ao desenvolvimento físico se pode encontrar
não nos modelos exibidos pelos modistas franceses, mas no corpo humano desenvolvido
segundo as leis de Deus na natureza. Ele é o autor de toda a beleza, e,
unicamente ao nos conformarmos com Seus ideais havemos de aproximar-nos da
verdadeira norma de beleza.
Outro mal fomentado pelo uso é a desigual distribuição do
vestuário, de modo que, enquanto algumas partes do corpo estão mais agasalhadas
do que precisam, outras se acham insuficientemente vestidas. Os pés e os
membros, estando afastados dos órgãos vitais, devem ser especialmente
protegidos do frio por suficiente roupa. É impossível desfrutar saúde quando as
extremidades estão habitualmente frias; pois, se há pouco sangue nelas, terá de
haver em excesso noutras partes do corpo. Saúde perfeita requer perfeita
circulação; isso, porém, não se pode ter quando três ou quatro vezes mais
agasalho é usado sobre o corpo, onde se encontram os órgãos vitais, do que nos
membros.
Multidões de mulheres são nervosas e cheias de preocupações
porque se privam do ar puro que lhes proporcionaria um sangue puro, e da
liberdade de movimentos que impeliria o mesmo através das veias, dando-lhes
vida, saúde e energia. Muitas mulheres têm se tornado inválidas confirmadas,
quando poderiam haver fruído boa saúde, e muitas têm morrido de tuberculose e
outras doenças, quando lhes teria sido possível viver o determinado termo da
vida, houvessem elas se vestido de acordo com os princípios da saúde, fazendo
abundante exercício ao ar livre.
A fim de prover-se do mais saudável vestuário, é preciso
estudar cuidadosamente as necessidades de cada parte do corpo. O clima, o
ambiente, as condições da saúde, a idade e as ocupações, tudo deve ser
considerado. Cada peça de vestuário deve ser facilmente ajustada, não
obstruindo nem a circulação do sangue, nem a livre, plena e natural respiração.
Cada peça deve ser tão ampla que, ao erguer os braços, a roupa se erga
correspondentemente.
As senhoras de saúde precária podem fazer muito em benefício
próprio, vestindo-se e exercitando-se adequadamente. Quando vestidas de maneira
correta a desfrutar o ar livre, façam elas aí exercício, a princípio com
cautela, mas em progressiva quantidade, à medida que o puderem suportar. Assim
fazendo, muitas poderiam recuperar a saúde, e viver de modo a desempenhar a sua
parte na tarefa do mundo.
Independência da Moda
Em vez de tentarem cumprir as exigências da moda, tenham as
mulheres a força moral de se vestirem saudável e singelamente. Em lugar de se
entregar a uma verdadeira labuta, procure a esposa e mãe encontrar tempo para
ler, para se manter bem informada, para ser uma companheira de seu marido, e se
conservar em contato com a mente em desenvolvimento de seus filhos. Empregue
ela sabiamente as oportunidades que tem agora de influenciar os seus queridos
para aquela vida mais elevada. Tome tempo para tornar o querido Salvador um
companheiro diário, um amigo familiar. Consagre tempo ao estudo de Sua Palavra,
para levar as crianças aos campos, e aprender a conhecer a Deus mediante a
beleza de Suas obras.
Mantenha-se ela animada e alegre. Em vez de passar todos os
momentos num costurar sem fim, faça do serão um aprazível período social, uma
reunião de família depois dos deveres do dia. Muito homem seria assim levado a
preferir o convívio de seu lar, em vez de o clube e os bares. Muito menino
seria guardado contra a rua e o bar da esquina. Muita menina seria salva de
associações frívolas, que não levam a bom caminho. A influência do lar seria,
tanto para os pais como para os filhos, aquilo que era o desígnio de Deus que
fosse: uma bênção que se estendesse por toda a vida.
A Ciência do Bom Viver – E.G.White
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