1 – AS DIMENSÕES ILIMITADAS DO EVANGELHO
Considerando a etimologia da palavra Evangelho, encontramos
em sua raiz o termo anjo (cujo significado é o de um mensageiro), no caso
referindo-se à mensagem trazida por um mensageiro celestial, acrescido de um
prefixo indicativo de beleza e qualidade. Assim, Evangelho é a “boa nova”, a
maravilhosa mensagem proclamada dos céus, de que Deus verdadeiramente é amor, e
que este amor se revela de maneira especial no Seu Plano da Salvação.
A mensagem do “evangelho eterno” focalizada em Apocalipse
14:6-7, como se depreende do próprio qualificativo “eterno” a ela acrescido,
não se limita no tempo e no espaço, sendo abrangente e envolvendo todo o
Universo, pois tem a ver não só com o ser humano, mas também com todos os seres
morais criados por Deus.
Assim, em sua dimensão temporal, temos a revelação da
eternidade do Evangelho por exemplo nas passagens seguintes:
I S. Pedro 1:18-20 – “Sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil
procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de
cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito,
antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de
vós, que, por meio d’Ele tendes fé em Deus, o qual O ressuscitou dentre os mortos
e Lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.”
Efésios 1:3-4 – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo, assim como nos escolheu n’Ele antes da fundação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele.”
João 17:24 – “Pai, a Minha vontade é que onde Eu estou,
estejam também comigo os que Me deste, para que vejam a Minha glória que Me
conferiste, porque Me amaste antes da fundação do mundo.”
Mateus 25:34 – “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua
direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo.”
E, na sua dimensão espacial, temos a revelação da
abrangência do Evangelho por exemplo na passagem seguinte:
Colossenses 1:15-20 – “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogénito
de toda a criação; pois n’Ele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio d’Ele e para Ele. Ele é
antes de todas as coisas. N’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da
igreja. Ele é o princípio, o primogénito de entre os mortos, para em todas as
coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a
plenitude, e que, havendo feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio d’Ele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos
céus.”
Complementando essa passagem, é bastante ilustrativo o
trecho constante do livro “Patriarcas e Profetas”, páginas 64 e 65, transcrito
a seguir:
“Mas o plano da redenção tinha um propósito ainda mais vasto
e profundo do que a salvação do homem. Não foi para isto apenas que Cristo veio
à Terra; não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo
pudessem considerar a lei de Deus como devia ela ser considerada; mas foi para
reivindicar o caráter de Deus perante o Universo. Para este resultado de Seu
grande sacrifício, ou seja, a influência do mesmo sobre os entes de outros
mundos, bem como sobre o homem, olhou antecipadamente o Salvador quando
precisamente antes de Sua crucifixão disse: ‘Agora é o juízo deste mundo: agora
será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos
atrairei a Mim.’ (S. João 12:31-32).
O ato de Cristo ao morrer pela salvação do homem não somente
tornaria o Céu acessível à humanidade, mas perante todo o Universo justificaria
a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás. Estabeleceria a
perpetuidade da lei de Deus, e revelaria a natureza e os resultados do pecado.
Desde o princípio a grande controvérsia fora a respeito da lei de Deus. Satanás
procurara
provar que Deus era injusto, que Sua lei era defeituosa, e que o bem do Universo exigia que ela fosse mudada. Atacando a lei, visava ele subverter a autoridade de seu Autor. Mostrar-se-ia no conflito se os estatutos divinos eram deficientes e passíveis de mudança, ou perfeitos e imutáveis.
provar que Deus era injusto, que Sua lei era defeituosa, e que o bem do Universo exigia que ela fosse mudada. Atacando a lei, visava ele subverter a autoridade de seu Autor. Mostrar-se-ia no conflito se os estatutos divinos eram deficientes e passíveis de mudança, ou perfeitos e imutáveis.
Foi maravilha para o Universo todo que Cristo Se humilhasse
para salvar o homem decaído. Que Aquele que passara de uma estrela para outra,
de um mundo para outro, dirigindo tudo, suprindo pela Sua providência as
necessidades de toda a ordem de seres em Sua vasta criação – que Ele
consentisse em deixar Sua glória e tomar sobre Si a natureza humana – era um
mistério que os seres sem pecado de outros mundos desejavam compreender. Quando
Cristo veio ao nosso mundo sob a forma humana, todos estavam profundamente
interessados em acompanhá-l’O, ao percorrer Ele, passo a passo, a vereda ensanguentada
a partir da manjedoura ao Calvário. ... E ao clamar Cristo em Sua aflição
mortal sobre a cruz: ‘Está consumado’, um brado de triunfo repercutiu por todos
os mundos, e pelo próprio Céu.”
2 – PROPÓSITO E DESÍGNIO NA FUNDAÇÃO DO MUNDO
“Na mensagem do primeiro anjo, o Senhor nos mostra Seu
interesse pelos eventos humanos. Ele mostra a forte relação entre o Céu e a
Terra. Ele nos mostra que não estamos
sós e presos em algum canto remoto do Universo.”
De fato, até certo ponto a Terra permanece no centro das atenções
de todo o Universo. Não que daí materialmente resulte, obrigatoriamente, um
modelo geocêntrico, mas sim que, por ser o palco do desenrolar do Plano da
Salvação, sobre a Terra volvem os olhares de todos os demais mundos criados,
bem como de todos os seres celestiais.
No contexto desta Lição, podem ser ressaltados vários
aspectos de interesse quanto às evidências de planeamento, desígnio e propósito
na criação de nosso mundo, especialmente relacionados com o Plano da Salvação,
e que na realidade tornam nosso planeta verdadeiramente “sui generis” e centro
das atenções de todo o Universo.
Dentre esses aspectos, consideram-se, a seguir, alguns que
têm a ver com a revelação do Plano da Salvação antecipado no âmbito dos
movimentos relativos dos corpos celestes, conforme declarado no próprio relato
do quarto dia da semana da criação – “Disse também Deus: Haja luzeiros no
firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles
para sinais, para estações, para dias e anos ... e fez também as estrelas”
(Génesis 1:14 e 16).
· Movimento
aparente anual do Sol
O movimento anual aparente do Sol, caracterizando o ciclo
das estações, originalmente prefigurava o nascimento do Messias (no solstício
de inverno no hemisfério norte), lamentavelmente tendo dado origem à
contrafação pagã que substituiu essa prefiguração pela adoração do próprio Sol
como divindade.
Esse ciclo das estações prefigurava também, desde os dias
imediatos após o dilúvio (nas festividades anuais de primavera e outono), a
primeira e a segunda vinda de Cristo ao mundo, conforme posteriormente
caracterizado nas festividades judaicas, tendo dado origem, da mesma forma, à
contrafação pagã que substituiu essa prefiguração por ritos licenciosos da
fertilidade.
· Movimento
aparente mensal da Lua
As fases da Lua também prefiguravam o nascimento do Messias,
na Lua-nova, até a sua plenitude, na Lua-cheia, quando então era apresentado o
Seu sacrifício, em pleno vigor da vida. O próprio calendário luni-solar judaico
fazia coincidir a festa da Páscoa com a Lua-cheia do primeiro mês da primavera
(14 de Nisan).
· Movimento
aparente anual do Sol através da eclítica
A instituição das constelações zodiacais é outra clara
demonstração de uma revelação dada ao homem a respeito do Plano da Salvação. A
intenção era caracterizar o futuro da humanidade, em função do sacrifício de
Cristo, o Cordeiro de Deus (Aries), que viria ao mundo nascido de uma virgem
(Virgo), enfrentaria a luta contra o inimigo (Scorpio) que feriria o seu calcanhar
(Sagitarius), mas cuja cabeça seria esmagada (Ophiucus), e vitorioso como o
Leão de Judá (Leo), finalmente executaria o juízo (Libra). Também neste caso,
lamentavelmente prosperou a contrafação pagã que induziu a crença de que o
destino individual das pessoas é que estaria descrito no zodíaco.
Outra interessante consideração tem a ver com a relação
entre as datas fixadas para as festividades judaicas no calendário luni-solar
hebraico, e o período profético das 2.300 “tardes e manhãs”. Pode-se verificar,
nesse sentido, a congruência do período de 2.300 anos com os ciclos
luni-solares envolvidos nesse período. Recomendamos a esse propósito a leitura
do Apêndice da publicação da Sociedade Criacionista Brasileira intitulada “O
Cientista Isaac Newton – Adventista?”.
3 – EMBATES CONCEITUAIS ENVOLVIDOS NA MENSAGEM DO PRIMEIRO
ANJO
Para destacar a importância da Mensagem do Primeiro Anjo de
Apocalipse 14:6-7, como a “Verdade Presente” para nossos dias, apresenta-se na
página seguinte uma planilha indicativa de eventos cumulativos nos últimos
cerca de 150 anos, em áreas distintas da atividade humana, que compõem um
mosaico que permite visualizar a interconexão entre eles, e vislumbrar o
sentido geral em que as coisas estão ocorrendo, caminhando rapidamente para uma
crise final envolvendo todos os campos conflitantes. As datas indicadas na
planilha, bem como algumas referências específicas, são apresentadas a seguir.
MARCOS PROFÉTICOS
1755 – Terramoto de Lisboa
1780 – Escurecimento do Sol e da Lua
1798 – Fim do predomínio papa1
1833 – Queda das estrelas
1844 – Purificação do santuário
Ref. – “Prenúncios do Segundo Advento de Cristo à Luz da
Ciência Moderna” (S.C.B., 1995)
MOVIMENTOS RELIGIOSOS
1799 – Sociedade Missionária da Inglaterra
1804 – Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira
1816 – Sociedade Bíblica Americana
1830 – Fundação do Mormonismo
1831 – Início da pregação de Guilherme Miller
1844 – Decepção Adventista
Frederick Wheeler,
primeiro pregador adventista do sétimo dia
1847 – Visão de Ellen White sobre o sábado
1848 – Batidas na casa das irmãs Fox
1857 – “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec
1867 – “A Génese” de Allan Kardec
1879 – Início das Testemunhas de Jeová
1879 – Fundação da Igreja de Cristo Cientista
MOVIMENTOS POLÍTICO-SOCIAIS
1776 – Independência Americana
1789 – Tomada da Bastilha
1793 – Execução de Luís XVI
1798 – Aprisionamento de Pio VI
1848 – Manifesto Comunista
1867 – “O Capital” de Karl Marx
1917 – Revolução Bolchevista
MOVIMENTOS CIENTÍFICOS
1633 – Julgamento de Galileu
1785 – “Memórias sobre a Teoria da Terra” de Hutton
1795 – “Teoria da Terra” de Hutton
1809 – “Filosofia Zoológica” de Lamarck
1815 – “História Natural dos Animais Invertebrados” de
Lamarck
1830 – “Princípios de Geologia” de Lyell
1837 – Viagem de Darwin ao redor do mundo
1859 – “A Origem das Espécies” de Darwin
ALGUNS DESTAQUES RELACIONADOS COM EVENTOS CONSTANTES DA
PLANILHA
A – MOVIMENTOS POLÍTICO-SOCIAIS - Execução de Luís XVI (21
de janeiro de 1793)
“Não bastava contudo destronar os reis da terra; era mister
também destronar o rei do céu, e para isto se decretou a abolição do
cristianismo, sendo roubados os tesouros das igrejas, fundidos os sinos para
bronze dos canhões, substituídos os “santos” pelos corifeus revolucionários,
... estabelecendo em Notre Dame, sob cujas abóbadas ressoavam as vozes de
furibundos pregadores leigos, o culto da deusa Razão (10 de novembro de 1793).”
(Oliveira Lima, História da Civilização, p. 484).
B – MOVIMENTOS CIENTÍFICOS - Gestação do Darwinismo
Em uma carta escrita por Darwin em 1844 a seu amigo íntimo,
o botânico Joseph Hooker, dizia ele: “Estou quase convencido (muito ao
contrário da opinião que eu tinha inicialmente) de que as espécies não são
imutáveis (é quase como confessar um assassinato!)”. (Nordenskiold, E., “The
History of Biology”, pp. 463-464).
C – MOVIMENTOS RELIGIOSOS - Grupos Espiritualistas
“Foi no século XIX que o espiritualismo iniciou-se como uma
religião organizada. Em 1848 duas moças, Margareth e Kate Fox, em Hydesville,
vila do oeste de Nova York, ouviram estranhas batidas na cabana em que viviam.
Falaram ao espírito que produzia as pancadas, sugeriram um código, e começaram
a receber mensagens. Anos antes desses acontecimentos, outro morador no Estado
de Nova York, Andrew Jackson Davis, havia escrito um livro que chamou “Os
Princípios da Natureza, suas Revelações divinas”, baseado em suas experiências
com os espíritos. As irmãs Fox e Davis produziram o impulso que trouxe o
Espiritualismo em forma organizada.” (Encyclopaedia Britannica, vol. XVII, p.
512, Verbete “Spiritualist Groups”).
D – MARCOS PROFÉTICOS – Cadeias proféticas apontando para o
“tempo do fim”
A cadeia profética das 2300 tardes e manhãs, incorporando em
seu início o período das “setenta semanas” constitui um impressionante marco
profético que nos leva até o ano de 1844, em conexão com o “dia do juízo”,
época da pregação da mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14:6-7 – “Adorai a
Deus e dai-Lhe glória, porque vinda é a hora de Seu juízo”. E o mais
impressionante é a exacerbação do conflito entre a adoração ao Criador e a
remoção da presença de Deus como Criador, em todos os setores da sociedade,
como evidenciado na planilha da página seguinte.
Resta-nos uma pergunta pertinente: Esses embates conceituais
que se têm desenvolvido em escala crescente desde meados do século XIX, são
meras coincidências, ou por detrás deles está o desenrolar de um conflito final
entre os que adoram a Deus, e os que O rejeitam?
Por Rui Vieira, engenheiro, ex-professor do ITA e atual
Presidente da Sociedade Criacionista Brasileira.
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